Após intenso trabalho de investigação, Polícia Civil esclarece homicídio

Após intenso trabalho de investigação, Polícia Civil esclarece homicídio

Na noite de 29 de junho, um rapaz de 21 anos deu entrada no Hospital de Caridade com ferimento a bala. O projétil entrou na altura dos glúteos e saiu perto do umbigo.

Identificado como sendo Wesley Vieira da Silva, 21 anos, ele foi deixado no hospital por dois rapazes que estavam em um Monza, o que foi demonstrado nas imagens do circuito de segurança do Hospital. No entanto, a Polícia Civil não pode identificar as placas do veículo nas imagens.

Wesley passou por uma cirurgia e permaneceu internado. No dia 3 de julho, foi ouvido pela equipe da polícia, conforme informou o delegado Antônio carlos Pereira Júnior. Ele contou que naquela noite teria ido próximo à caixa d’água do Jardim Santa Marta, cobrar um homem conhecido como Cearense para o qual teria vendido um aparelho de som. O tal rapaz teria dito a Wesley que não tinha o dinheiro, o que motivou uma discussão. Ao sair do local, este rapaz teria atirado pelas costas de Wesley que saiu correndo. Ele contou aos policiais que seguiu até um bairro vizinho, onde teria pego uma carona ao hospital com os ocupantes do Monza.

No dia 7 de julho, Wesley, que já era conhecido nos meios policiais, acabou morrendo. Sua mãe, familiares e amigos foram ouvidos pela Polícia Civil e todos seguiram a mesma versão apresentada por Wesley.

Os policiais, no entanto, fizeram diligências pelo bairro e nenhum morador relatou ter ouvido disparos de arma de fogo naquele dia, ou qualquer dado que pudesse corroborar a versão de Wesley.

Durante as oitivas das testemunhas, os policiais foram informados que na noite em que foi baleado, Wesley tinha passado na casa de um amigo e depois na casa da namorada antes de dar entrada no hospital. A garota foi ouvida e confirmou que ele esteve em sua casa às 19h30 e que a deixou uma quadra no Jardim Dolores, onde pratica esportes, dizendo que iria até o Santa Marta.

Mas a Polícia Civil seguia com suspeitas, até que a equipe chegou à informação que Wesley tinha participado de um furto ou um roubo, que poderia ter sido praticado na zona rural ou nas cidades de Casa Branca ou Aguaí.

Assim, a namorada foi ouvida novamente e acabou retificando sua versão, dizendo que ele realmente passou em sua casa, mas que disse que seguiria para Aguaí fazer um  furto em uma casa e que seria acompanhado de um amigo. A garota disse que não sabia precisar quem seria esta pessoa.

A Polícia Civil identificou esse suspeito. Ele compareceu à Delegacia acompanhado de seu advogado e contou que naquela noite, ele e Wesley foram levados para Aguaí por uma terceira pessoa, que ele disse não conhecer.

O objetivo era furtar uma casa onde eles tinham a informação de que haveria muito dinheiro. Relatou ainda que nos dois dias anteriores foram ao local monitorar a movimentação da casa, horários de entrada e saída de moradores e decidiram agir naquela noite.

Segundo o suspeito, eles chegaram por volta das 19h40 e ficaram aguardando, até que a movimentação na residência parou. Por volta das 23h15, utilizaram um alicate para cortar o arame farpado que havia em cima de um muro e pularam para dentro do imóvel.

Durante a vistoria que fizeram pelo local, Wesley foi atingido por um disparo e gritou por seu comparsa. Eles fugiram pulando novamente o muro e Wesley chamou um amigo que foi até Aguaí dirigindo um Monza e o deixou no Hospital de Caridade de Vargem.

Durante diligências feitas em Aguaí, o comparsa apontou a casa onde eles tentaram o crime. Os policiais encontraram inclusive o alicate usado para cortar o arame farpado do muro, que foi reconhecido pelo suspeito.

Com o objetivo de apreender a arma utilizada no disparo, o delegado representou na Justiça de Vargem por um mandado de busca e apreensão.

A equipe foi até Aguaí, no dia 22 de julho, onde o juiz local deu o cumpra-se ao mandado. Na casa foram recebidos por um homem de 57 anos, que relatou morar sozinho no imóvel. Contou ainda que já havia sido vítima de furtos e roubos. Durante um deles, chegou a ser rendido por dois homens armados. Comentou ainda que os ladrões costumavam invadir o imóvel pulando o muro lateral.

Os policiais perguntaram se ele se recordava do ocorrido naquela noite. Ele confirmou que estava na casa e ouviu duas pessoas pulando. Após ouvir o disparo percebeu que os dois fugiram. Ao ser informado que um dos suspeitos tinha sido atingido e morrido em decorrência do disparo, ficou bastante surpreso.

Os policiais então informaram que precisavam apreender a arma, foi quando o morador relatou que não havia uma arma propriamente dita e mostrou aos policiais o que se tratava.

Ele montou uma espécie de armadilha no corredor lateral usando uma barra de metal onde instalou um dispositivo que usava um cano como percursor e uma mola com um fio até o outro lado do muro. Quando alguém esbarrava nesse fio, ele acionava o percursor, efetuando o disparo de um cartucho calibre 28.

Foi feita a perícia no local, o dispositivo apreendido e o morador foi ouvido pela equipe. A Polícia agora aguarda o laudo pericial para relatar o inquérito de homicídio ao Judiciário de Vargem, que provavelmente irá remeter à Justiça de Aguaí, cidade onde ocorreu os fatos.

Para o delegado Antônio Carlos Pereira Júnior, Wesley não quis contar o que de fato ocorreu para não se incriminar, nem ao seu comparsa. A polícia ainda busca identificar o suspeito que levou a dupla até Aguaí e o rapaz do Monza, que deixou Wesley no Hospital.

Embora o principal foi esclarecer o caso, foi muito difícil porque não havia nenhum relato de crime naquela noite, na anterior ou posterior que pudesse estar relacionado aos fatos.

Como a vítima da tentativa de furto não sabia que o disparo tinha atingido alguém e como não houve furto em sua casa, acabou não registrando a ocorrência.

De acordo com o delegado, as investigções apontam que o crime foi planejado, estudado, lembrando que os criminosos ficaram das 19h40 até às 23h15 aguardando o melhor momento de agir, mas não esperavam aquela armadilha.

Ele destacou ainda que de julho de 2018 a julho de 2019 foram registrados quatro homicídios e um latrocínio em Vargem, um número alto. Mas que a Polícia Civil esclareceu todos e os responsáveis já estão presos, com exceção deste, que ainda será julgado.

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