Cidade volta a sofrer com qualidade da água

Água chegou escura e com mau cheiro nas casas da cidade

A água de cor barrenta e com mau cheiro que chegou em milhares de residências principalmente nos bairros da cidade, levantou protestos dos consumidores no último final de semana em Vargem Grande do Sul.

Somente depois de alcançar as redes sociais, com muitos questionamentos e críticas à gestão do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAE) e também ao prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB), na segunda-feira, dia 17, o SAE fez um comunicado à população por volta das 10h30, esclarecendo que com o alto consumo de água que ocorreu no sábado, dia 15, houve um rebaixamento do nível no reservatório principal que se encontra na Estação de Tratamento por onde passa toda água tratada do município, chegando ao ponto onde estão depositadas partículas de decantação.

Afirmou que devido a um equívoco de operação, parte dessas partículas chegaram na rede de distribuição, causando o mau cheiro e a coloração turva na água de todos os bairros da cidade. Disse o comunicado que quando detectado, o problema foi imediatamente corrigido, mas a regularização total da circulação da água na rede de distribuição demorou cerca de 24 horas, estando já normalizada em toda a cidade.

No seu comunicado, o SAE afirmou ainda que a água que chegou aos bairros não causava mal à saúde e pediu desculpas pelos transtornos ocorridos aos moradores, dizendo que irá aperfeiçoar os protocolos de operação para que o fato não volte a ocorrer e pede a compreensão de todos.

Em setembro do ano passado aconteceu o mesmo problema

Há exatamente cinco meses, em reportagem publicada na Gazeta de Vargem Grande no dia 14 de setembro de 2019, uma matéria dizia que o mau cheiro da água que chegou nas residências de diversos bairros de Vargem Grande do Sul deixou a população indignada.

Segundo a matéria, o problema começou na sexta-feira, dia 6, e se tornou motivo de várias reclamações em grupos de discussão do Facebook. A Gazeta também recebeu queixas de muitos moradores. O problema se estendeu pelos dias seguintes. Embora na ocasião o prefeito não fez nenhuma publicação oficial pela página no Facebook da Prefeitura Municipal ou do prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB), após alguns questionamentos, o chefe do Executivo se pronunciou nos comentários das postagens.

Na época, Amarildo justificou que ocorreu uma queda de energia na Estação de Tratamento de Água (ETA), que provocou o desligamento de uma bomba do sistema de tratamento e problemas de distribuição na madrugada de sexta-feira.

Um servidor público que atuava na ETA também se pronunciou nos comentários para explicar o problema. Segundo o informado, após os reservatórios restabelecerem sua capacidade de armazenamento, a bomba foi religada. Com a pressão feita e devido o encanamento da cidade ser em sua grande maioria de ferro, a água chegou até as residências com a coloração turva e com cheiro forte. Explicou a prefeitura na ocasião, que apesar da cor e do cheiro, a água estava tratada e adequada ao consumo humano.

Problema de gestão e de investimentos

Os dois problemas acima relatados mostram a dificuldade de gestão que o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAE) padece, principalmente devido a falta de investimento, qualificação na mão de obra e também em novas tecnologias para acompanhar todo o sistema de tratamento e distribuição de água.

O prefeito Amarildo, em entrevista dada ao jornal no começo do ano, afirmou que uma das prioridades em 2020 será o investimento no setor de água. Tanto que em dezembro de 2019, os vereadores aprovaram por unanimidade um financiamento em nome da Prefeitura Municipal, cuja verba será destinada ao SAE do município no valor de até R$ 3.452.000,00, na linha de crédito do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa) junto à Caixa Econômica Federal.

Com o empréstimo, o prefeito pretende construir cinco reservatórios de água na cidade, sendo um no Jardim Paulista, outro no Jardim Pacaembu, no Paracatu, no Clube XXI de Abril e outro no Poliesportivo da Santa Terezinha. Também está previsto com este dinheiro, a construção de uma nova adutora ligando o reservatório do Jardim Paulista ao Jardim Canaã, passando pela Cohab I;  a construção de outra adutora ligando a caixa d’água do Paracatu, saída da Vila Velha, passando pelo Clube XXI de Abril, chegando até o final do Jardim Fortaleza, nas proximidades da Escola Flávio Iared que está sendo construída pela prefeitura.

No relato que enviou à Câmara para aprovação do projeto, o prefeito Amarildo informa aos vereadores que o empréstimo tinha por objetivo ainda a aquisição de bombas e equipamentos necessários para colocar em funcionamento todas as adutoras e reservatórios da cidade.

Investimento milionário

O problema da água toma tempo precioso do Executivo, drena o dinheiro que poderia ser investido em outras prioridades e com os investimentos a conta gota, como no caso dos R$ 3,4 milhões aprovados pela Câmara, só fazem prolongar o sofrimento dos consumidores, não resolvendo a questão de fato.

Para solucionar de imediato os muitos problemas acumulados ao longo das décadas, seriam necessários cerca de R$ 20 milhões, segundo alguns estudos realizados pela administração atual. Dinheiro que nem a prefeitura e tão pouco o SAE dispõe.

A grande questão sobre o fornecimento e a qualidade da água em Vargem Grande do Sul vai continuar e deverá ser tema dos debates políticos que acontecerão neste ano, debate que seria bem-vindo para saber qual a melhor opção para os vargengrandenses, se a água da cidade deve ou não ser privatizada e se a Sabesp seria a melhor opção para o município.

Demolição no SAE chama atenção

Nesta semana, a demolição de um decantador e de filtros existentes há décadas na sede do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAE), no jardim Pacaembu, chamou a atenção de moradores do bairro.

O vereador Wilsinho Fermoselli (DEM) foi procurado por um deles que questionou a necessidade da demolição das estruturas da antiga Estação de Tratamento de Água (ETA) e se não seria possível a sua preservação, como sendo parte da história do município.

À Gazeta de Vargem Grande, a prefeitura informou que no local, o SAE pretende construir novos banheiros e vestiários, além de espaço para garagem, onde serão guardados os veículos da autarquia.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor insira seu comentário
Por favor insira seu nome aqui