Pessoas empreendedoras, de construtores de casas, os irmãos Tavares contam como acabaram sendo exímios produtores de tomate tipo coquetel, também conhecidos como tomates cerejas. Tudo começou quando adquiriram o Sítio São Luís no município de São Sebastião da Grama, localizado a uma altitude de 1.000 metros em 2016 e precisavam dar uma destinação à propriedade.
Até então, o contato com a agricultura de Afonso Henrique Citadini Tavares, 44 anos e Rodolfo Citadini Tavares, 32 anos, mais conhecido pelos amigos como Dorfo, vinha do convívio que tiveram com produtores de batata na beneficiadora de batata do pai, o conhecido dentista Hugo Tavares.
Um dia, apareceu na propriedade de 2,5 alqueires dos irmãos, um holandês que sugeriu ser o local ideal para o cultivo de tomates em ambientes protegidos (estufas). De nome Steffan, logo o holandês foi cercado de perguntas, tornaram-se conhecidos e influenciou de tal maneira os irmãos que eles partiram para a empreitada de plantar tomates no sítio.
Passaram então a estudar tudo a respeito, fizeram cursos, participaram de palestras e construíram a primeira estufa, plantando tomates tipo italiano próprio para saladas e molhos. “A primeira safra foi excelente, animamos para investir mais”, disse Rodolfo, para completar que só depois foi tomando ciência das dificuldades que o plantio requer.
Conversando com o agora agricultor, percebe-se o tanto que ele está familiarizado com as fórmulas de adubos, com o desenvolvimento das plantas, da necessidade de luz, de altitudes, irrigação e outros requisitos para os tomates crescerem e dar boa produtividade.
Acompanhando Rodolfo nas estufas, ele foi falando sobre como adquire as sementes do tomate, que são importadas e levadas para viveiros especializados em germinação e após 45 dias, as mudas são entregues e plantadas nos vasos plásticos dentro das estufas.
Disse que o primeiro plantio do tomate italiano foi diretamente no solo e que a opção pelo vaso plástico foi devido à praticidade no plantio, pois ganha-se tempo trocando apenas o substrato, não requerendo rotação de outras culturas para eliminar as pragas como o plantio direto.
A mudança de como plantar favoreceu também a troca da variedade de cultivo, saindo o tipo italiano e entrando o tipo coquetel, também conhecido como cereja, cujas sementes são importadas da Europa. Outra novidade foi a introdução de mudas enxertadas, visando a resistência maior das plantas e melhor produtividade.
Passaram então a comprar o porta-enxerto e fornecer aos viveiros que fazem as mudas, obtendo uma planta que está dando excelentes resultados tanto na qualidade, como também na produção e se tornou o carro chefe dos irmãos agricultores.
Hoje são sete mil metros quadrados de estufas, divididos em quatro setores, com produção anual de 90 toneladas, que atende os principais mercados de Vargem e da região e também de grandes centros, como Campinas e São Paulo, onde são comercializados nos supermercados pelo valor de R$ 15,00 a R$ 20,00 o quilo.
O tomate coquetel atende um público consumidor mais exigente, sendo utilizado em vários pratos e até como decoração. “O que o diferencia é o sabor adocicado, com alto índice de ‘brix’, que é a medição da doçura de qualquer tipo de fruta”, explica Rodolfo. Disse que por ser colhido bem maduro, tem um alto teor de licopeno e vários outros nutrientes importantes para a saúde das pessoas.
Indagado sobre o uso de defensivos agrícolas, o produtor afirmou que por ser produzido em ambientes protegidos, o uso de defensivos agrícolas é em menor quantidade do que as de produção em campo aberto, conseguindo respeitar o tempo de carência dos produtos utilizados na planta, obtendo um tomate mais saudável.
Com relação à adubação, Rodolfo explicou que utiliza o sistema semi-hidropônico, onde são utilizados sais extremamente solúveis, que são injetados nos vasos através de botões de gotejamento. “Esse processo exige uma grande atenção do produtor e dedicação 24 horas por dia, pois todos os nutrientes são servidos às plantas por injeção e qualquer descuido na formulação pode danificar o plantio com enormes prejuízos”, falou.
Sobre a parte econômica, Rodolfo disse que emprega vários colaboradores, pois o cultivo em estufa requer que todo o processo de plantio, manejo e colheita são manuais e que, como todo produto agrícola, o tomate coquetel também sofre com a flutuação do mercado em relação aos preços e também com as épocas de grande produtividade de tomate no país. “Tem épocas que o valor é compensador, mas em tempos de alta produção nacional, principalmente no inverno, o preço cai. Só que como produzimos o ano todo e temos conseguido colocar nosso produto no mercado, temos uma média de preço que tem permitido investir na nossa produção”, afirmou.
Fotos: Reportagem e Arquivo Pessoal
Boa tarde.
Gostariamos de comprar dos produtores da reportagem. Poderia encmainhar o e-mail ou telefone dos mesmos.