Técnico de enfermagem relata preocupação com as filhas

Orgulho das filhas faz com que Rafael não deixe de lutar pelas outras famílias

Muitas classes compõem a linha de frente do novo coronavírus. No entanto, quem enfrenta a doença literalmente de frente são os profissionais da Saúde, aqueles que passam a ter contato direto com o paciente, quando o quadro do mesmo se agrava e é necessário internação ou até mesmo uma intubação. Além dos médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, por exemplo, também fazem parte desse time.
O técnico de enfermagem Rafael Augusto Francioli, de 37 anos, é pai de duas meninas, Giovanna Francioli, de 18 anos, e Pyetra Francioli, de 14 anos. Ele está na profissão há quatro anos e atende no Hospital de Caridade de Vargem. Ele contou à Gazeta as incertezas de sair para trabalhar todos os dias e ter contato com pacientes com a covid-19 e quais os cuidados que toma para não levar o vírus para as filhas. Além de seguir à risca os cuidados de higiene que são amplamente divulgados, ele contou que tem consciência da importância do isolamento social, que já é em si, uma atitude para tentar conter a doença.
Rafael falou que o medo de ser infectado é sua maior preocupação. “Ainda não é tempo de negar o medo, a ansiedade e o tédio, e sim tempo de tentar construir coletivamente essas estratégias de superação. Meu maior medo ainda é de contrair o vírus e de transmitir para outras pessoas”, disse.
O técnico de enfermagem comentou que, apesar do medo, do cansaço físico e mental, se dedica ao máximo para ajudar àqueles que contraíram a doença. “É muito gratificante e satisfatório poder saber que de alguma forma estou ajudando para o bem do ser humano, me sinto realizado profissionalmente a cada melhora que o paciente apresenta”, falou.
Para ele, a maior dificuldade neste período é, sem dúvida nenhuma, o distanciamento social familiar. Rafael pontuou que tem muitos familiares no grupo de risco e fica vários dias sem ter contato com eles e a saudade costuma apertar.
Rafael acredita que com a pandemia e as dificuldades enfrentadas por todos neste período, o ser humano aprenderá a ser mais empático. “Nessa fase de confinamento e caos social, instaurada pela pandemia, sinto que vamos refletir mais sobre a importância de demonstrar mais afeto, carinho, amor ao próximo. Empatia é a palavra que todos irão aprender”, relatou.
Como um pai que enfrenta a doença todos os dias, o técnico de enfermagem contou que reduziu ao máximo os contatos com as filhas, como abraços e beijos. “Fiz isso para nosso bem. Está sendo muito difícil, tedioso, mas ao mesmo tempo, percebi que apesar do distanciamento, estamos cada vez mais perto e unidos”, disse. Ele contou que o orgulho das filhas pelo seu trabalho e o reconhecimento dos pacientes dão um fôlego a mais para lutar todos os dias. “Posso ver nos olhos delas a preocupação e o orgulho de um pai que está na linha de frente, tentando amenizar um pouco o sofrimento de muitas famílias. Sou grato a Deus pela minha família compreender isso, pelo meu trabalho e comprometimento com essa profissão que eu escolhi. O reconhecimento recebido pelos pacientes é gratificante”, disse.

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