O enfrentamento à pandemia

Dr. Marcelo Bonvento é médico Intensivista, Coordenador da UTI do Hospital São Lucas Ribeirania e do Hospital São Lucas Especializado. Foto: Divulgação

O Dia do Médico foi celebrado no último dia 18. Num momento em que a profissão é tão importante quanto o que o mundo atravessa, a Gazeta publica o depoimento do médico vargengrandense Marcelo Bonvento, à Revista Saúde+, de Ribeirão Preto, para celebrar a data e a ação fundamental da categoria no enfrentamento à pandemia da Covid-19:
“Vivemos o extraordinário. Foram dias tempestuosos, o que parecia um caminho de mão única e sem retorno. Nós médicos nos deparamos com uma doença nova, desconhecida, com tratamentos de pouca evidência clínica, com cenários mutáveis de isolamento social e com a tarefa de “cuidar” dos pacientes a ponto de extirpar o convívio dos seus familiares. “Estamos falando de uma doença viral com acometimento respiratório uma combinação muito perigosa”, “ela provoca uma queda no oxigênio sanguíneo de forma silenciosa no doente”, “precisamos manter isolamento!”, “a doença se tornou uma pandemia…”.
O medo fraternizou os pacientes e suas famílias. Medo de ficar doente, de internar, de passar pela Terapia Intensiva, medo de não ser possível “sobreviver”.
Enfrentamos. Profissionais de saúde foram recrutados, tratamentos foram desenhados, aprendemos com a doença, tratamos os pacientes. Fomos chamados de “heróis” quando salvamos pacientes e permanecemos ao seu lado e logo depois de “lunáticos” pela mesma sociedade que nos comprometemos a proteger (palmas para política e a economia, não vivemos sem elas… para o bem ou para o mal).
Nos saímos muito bem, nosso cuidado foi efetivo, altas para mais de 450 pacientes, nosso Hospital se tornou referência na Covid-19, recebemos reconhecimento e elogios dos pacientes e de seus familiares. O tempo foi nosso aliado e agora depois de tudo, conviver com a doença, que mesmo reduzindo a incidência ainda nos assola com perigo.
O que levar de um tempo que ser humano foi tão solitário, introspectivo e incerto…. Levar tudo. Aprendemos que ser humano é ser gregário, que a vida precisa de contato e convívio, que nós médicos não fomos “heróis e nem vilões” acima de tudo, profissionais, que um campeonato se vence com equipe e que não existe tempo para a compaixão com o paciente.
Incomoda os pacientes que essa doença ceifou, as vidas perdidas, as famílias desagrupadas e custo social de herança. Seguimos trabalhando e aprendendo, cuidando dos pacientes, promovendo acolhimento familiar, com coragem renovada, esperança e empenho. “Ao cuidar de uma doença, você pode ganhar ou perder. Ao cuidar de uma pessoa você sempre ganha” – Hunter Dohartey”.

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