Marina Lima lança livro “Entre a Memória e o Delírio”

Levar para as páginas de um livro experiências vividas, com uma pitada de ficção e observações sobre as relações humanas, costumes e paisagens. Em sua primeira obra literária, “Entre a Memória e o Delírio”, Marina Lima de Souza conta situações que viveu enquanto morava na Europa, quando estava com seus 20 e poucos anos. Marina é natural de São Paulo, mas morou durante anos em Vargem. Filha do dentista João Vicente de Souza e da advogada Leila de Souza, ela é graduada em Direito e em Comunicação Social e pós-graduada em Roteiro para Cinema e TV.
Marina atuou em pesquisa, produção, edição e direção em projetos audiovisuais na Itália, na Bélgica e no Brasil. Atualmente trabalha na criação de filmes e séries autorais e com a escrita de roteiros corporativos, reality show, documentários, branded content, além de fazer colaboração para roteiros de longas-metragens de ficção. Às voltas com o lançamento do livro e com os cuidados de Leon, seu primeiro filho, Marina conversou com a editora da Gazeta, Lígia de Paiva Ligabue.

Gazeta: De onde veio a ideia do livro?
Marina: Acho que eu fiquei gestando esse livro por vários anos, até me dar conta de que tinha material suficiente para reunir em um livro. Sou uma curiosa nata, sempre quis viver as experiências mais diversas possíveis. Além disso, quando a gente é estrangeiro, a gente fica mais vulnerável, se coloca em jogo o tempo inteiro, precisa lidar com situações que não lidaria “em casa”. Então, eu coleciono uma série de histórias dos lugares onde morei e das pessoas que conheci.

Gazeta: Quanto tempo levou a escrita?
Marina: Era final de 2016. Eu estava na fila do cinema em São Paulo, quando caiu a ficha de que eu deveria escrever um livro. Abandonei a fila, corri até o café do cinema, peguei um guardanapo e anotei ideias para 18 capítulos, 18 histórias curtas inspiradas em passagens curiosas/inusitadas/surpreendentes dos anos em que eu morei na Europa – de 2004 a 2009. Guardei aquele guardanapo como se fosse uma relíquia. Mas até criar coragem para encarar a temida “folha em branco” demorou um bom tempo: eu sempre encontrava uma desculpa ou outra prioridade. Só em junho de 2019, quando eu estava morando em Londres e vivendo processos idênticos aos de 10 anos antes, foi que me senti motivada a finalmente encarar o desafio da escrita. Concluí o livro 9 meses depois – curiosamente, o tempo de gestação de um filho. O livro reúne 9 histórias. Levei, portanto, o tempo médio de um mês para cada história, da ideia inicial à redação final. Falo sobre o processo da escrita pormenorizadamente no prefácio do livro.

Gazeta: A obra mistura ficção e passagens da sua vida mesmo?
Marina: Sim, o livro tem claros traços biográficos, autora e narradora nos confundimos, por isso não é um livro de contos no sentido estrito. Todas as histórias partem de experiências reais, de memórias vivas na minha mente. Memórias que ganham novas vidas sempre que eu as visito, como costuma acontecer nesse processo tão bonito que é inerente ao ser humano. Para preservar a identidade de alguns personagens em quem eu me inspiro, mudo alguns nomes, assim como também altero e aglutino fatos reais, a fim de potencializar a narrativa. Mas há personagens que mantenho o nome real, como o seu, Lígia, quando escrevo que me encantei por filosofia grega na adolescência porque você recomendou, pra mim e pra sua irmã Helena, a leitura do livro “O Mundo de Sofia”.

Gazeta: O que o leitor pode esperar ao ler sua obra?
Marina: Pode esperar histórias inusitadas, boas risadas, grandes reviravoltas. Além de se deparar com paisagens e costumes europeus do ponto de vista de uma jovem estudante do “Terceiro Mundo”.

Gazeta: Como será esse lançamento?
Marina: Eu terminei de escrever o livro em março desse ano, um pouco antes do lockdown no Brasil. Em abril, apresentei o livro para três editoras e, para a minha surpresa, as três quiseram publicá-lo. Escolhi a editora Patuá pela ótima reputação e pelo sério trabalho de curadoria que já rendeu vários prêmios à editora, inclusive o Jabuti, o mais importante prêmio de literatura no Brasil. Em maio, pari o meu filho no ápice da pandemia. E o lançamento do livro foi sendo adiado, na esperança de que conseguiríamos fazer um evento propriamente, com autógrafos, abraços e muitos brindes. Mas 2020 não parou de nos surpreender, e a pandemia de covid continua, apesar de muitos desdenharem dela e consequentemente da morte de mais de 170 mil brasileiros, como o presidente Bolsonaro. Por isso, optei por fazer o lançamento virtual e celebrar simbolicamente este segundo filho que nasceu nesse ano tão estranho. Espero poder reunir amigos e familiares em um evento presencial no ano que vem para dividirmos essa alegria bem aglomerados.

Gazeta: Onde o livro pode ser adquirido?
Marina: Por enquanto, no site da editora Patuá, onde as pré-vendas do livro iniciaram no dia 24 de novembro. O link é o www.editorapatua.com.br/produto/237055/entre-a-memoria-e-o-delirio-de-marina-lima

Gazeta: E seus projetos futuros?
Marina: Além dos projetos autorais no audiovisual que estou lutando para emplacar (projetos de filmes e de séries documentais, ficcionais e de animação), apesar das dificuldades que o setor enfrenta, a escrita literária, que eu sempre reverenciei e por isso me amedrontava tanto, foi surpreendentemente muito prazerosa. Com o livro “Entre a Memória e o Delírio”, eu venci a arrebentação e passei a acreditar que também posso fazer literatura e não apenas a escrita técnica do audiovisual. Em setembro do ano passado, descobri que estava grávida e comecei a escrever um diário de gravidez, ou melhor, um semanário, já que a gravidez se contabiliza por semana. Produzi vários textos sobre o universo da maternidade: de nutrição a enxoval, de plano de parto à amamentação, de hormônios enlouquecidos a puerpério. Atualmente, um dos trabalhos que tenho feito é editar o conteúdo desse meu próximo livro, “Mater: o semanário da mamãe nascente”. Além disso, também está no forno um livro de contos eróticos, dessa vez escritos por um narrador em terceira pessoa. Estou descobrindo a minha voz narrativa e estou completamente arrebatada por essa aventura.

“Entre a Memória e Delírio” é o primeiro livro da vargengrandense Marina Lima (ao lado)

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