Crônica de final de ano: um Natal gratificante

Tadeu Fernando Ligabue

O sábado que passou foi de dedicação a enfeitar a casa para o Natal. Tinha uma pescaria marcada com meu amigo e um convite para um churrasco com outro amigo e mais umas três ou quatro pessoas. Tive de refutar os dois e o compromisso maior foi de achar uma árvore de Natal e enfeitá-la, pois a família, só os de casa, vai se reunir e dona Fátima sempre fez questão de que os enfeites natalinos nesta época do ano devem prevalecer no nosso lar.
Não queria um pinheiro vivo como das outras vezes, custam caro e depois morrem. Um tronco queimado, depois dos incêndios que ocorreram na região poderia ser uma solução. Peguei a GMC e bastou andar algumas quadras pelo Jd. Morumbi para me deparar com vários arbustos depositados em uma calçada, frutos de uma poda ou limpeza na casa em frente.
Desci da caminhonete, olhei bem para o indivíduo, medi-o dos pés à cabeça, vi o seu jeitão e achei que dali sairia uma bela árvore de Natal. Falei ao dono do imóvel das minhas pretensões e levei o arbusto para casa. Estava meio desengonçado, mas depois de retirar folhinha por folhinha e cortar um bom pedaço de seu caule, ficou do tamanho ideal e o mais foi acondicionar o mesmo em um galão de plástico grande, com tijolo e brita e posicioná-lo na nossa sala e passar a enfeitar a nossa árvore.
Vínhamos de um cansaço grande, de uma semana de muito trabalho, mas a missão de ter uma bela árvore de Natal para receber as filhas, genros e principalmente os netos, dava-nos energia e uma gostosa alegria. Nossa filha Sara também entrou no clima e juntos, ela, a Fátima e eu ajudando a colocar os enfeites nos locais mais altos, fomos dando vida natalina ao nosso lar.
Colocou-se uma iluminação com bonitos corações, vários tipos de bolas natalinas e muitos enfeites que a Fátima vai guardando ao longo dos anos e não poupou nenhum, pois a árvore ficou bem alta e grande, tomando toda a sala. Assim ela ficou pronta e tornou-se o centro das atenções.
Aos poucos, minha rabugice por não ter ido pescar e tão pouco ao churrasco, foi dando lugar a um sentimento gostoso que o Natal nos traz. Sentimento de família unida, de gostosas lembranças de quando éramos crianças, de nossos irmãos pequenos, de nossos pais e avós vivos e dos amigos que no Natal singelo daqueles tempos de Vila Polar, usufruíamos. Quando logo de manhã, saíamos às ruas para mostrar nossos carrinhos ou outros brinquedos que tínhamos ganhos de Papai Noel.
Sentimentos puros, sem maldades ou questionamentos, de felicidade sim, de pequenas coisas e gestos valiosos das pessoas que amávamos e estavam ao nosso redor. Enquanto a árvore tomava forma e cores, fui cuidando de iluminar junto com o eletricista algumas partes do jardim. Também comprei mais flores e pendurei na varanda. Cada centavo gasto em um vaso, era um questionamento que eu fazia se nesses tempos de pandemia não deveríamos estar economizando para os tempos mais difíceis, etc.
Mas, temos também de viver o dia de hoje, e mais do que nunca, estes dias pedem alegria, enfeites, distribuição de amor, luz e solidariedade. Demonstração de que podemos compartilhar nossas alegrias e ser solidários nas tristezas. Que a luz no final do túnel, já a podemos ver e que a pandemia vai ser vencida e dela sairemos mais fortalecidos ainda, com novas atitudes e valores frente à vida.
Comprar uma flor, pagar o eletricista, é fazer a roda girar, é contribuir com mais empregos, é ajudar a distribuir a riqueza. É não ser sovina, principalmente nestes tempos difíceis, quando aprendemos que devemos sim economizar, mas devemos acima de tudo celebrar a vida e para tanto, não custa tão caro.
Fazer um pequeno presépio, usando a criatividade, enfeitar uma árvore de Natal, colocar um pisca-pisca, por mais singelo que seja o enfeite, é uma demonstração de amor e esperança e basta muito pouco para fazer uma criança sorrir em um lar e enternecer o coração dos mais empedernidos. Faltam apenas seis dias para o Natal, mas se você ainda não montou sua árvore de Natal, ainda dá tempo. De uma volta por aí, encontre um galho, uma pequena árvore, enfeite-a com o que tem em mãos e na sua imaginação e terás um Natal bem mais gratificante do que imaginas.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor insira seu comentário
Por favor insira seu nome aqui