No início da implementação das aulas online, devido a pandemia do novo coronavírus, causador da Covid-19, a Gazeta de Vargem Grande entrevistou mães, que falaram como estava sendo a adaptação dos filhos no modo remoto. Após meses nesse modelo e o fim do ano letivo de 2020, a reportagem contatou novamente essas mães, que relataram como foi passar o ano com os filhos estudando em casa.
Mariana Aparecida dos Reis Docema tem dois filhos e contou como foi o ano estudantil da filha mais nova, Catarina dos Reis Docema, de 9 anos, que em 2021, foi para o 4° ano e se manteve na Escola Municipal Padre Donizete.
“Confesso que não foi nada fácil. Nos primeiros dias, nas primeiras atividades, ela se adaptou bem, era uma novidade pra ela, né, então ela fazia bem, mas no final as coisas começaram a se dificultar”, disse.
A mãe contou que Catarina passou a não levar os estudos tão a sério. “Faz muita falta um professor na vida da criança, eles não têm aquele respeito como autoridade com os pais, né, mas por fim acabava fazendo”, contou.
No entanto, ao menos a evolução de Catarina foi positiva. “Ela se saiu bem, ela é uma criança que aprende rápido, ela se esforça, e também tivemos todo apoio da professora Lúcia Canato, todo momento, sempre à disposição. As coisas que ela já havia estudado em sala foi mais fácil, agora as coisas novas, tivemos um pouco de dificuldade, mas ela se adaptou bem sim”, comentou.
Para Alessandra Pereira da Silva de Carvalho, mãe de Lavínia Fernanda de Carvalho, de 9 anos, que foi para o 5º ano na Escola Municipal de Educação Básica (Emeb) Darci Troncoso Peres, e Lara Gabriela de Carvalho, de 14 anos, que estuda na Escola Estadual Benjamin Bastos, também não foi nada fácil.
Ela falou sobre o rendimento com as aulas online. “Eu acho que foi muito ruim, porque não aprenderam nada, essas aulas online não valem nada para falar a verdade, não aprende nada. Eu não sei o que vai acontecer, eu tenho uma aqui que estava no 4º ano e foi para o 5º ano e em casa ela não faz lição”, disse.
Alessandra pontuou que, se em 2021 continuar as aulas remotas, não sabe o que irá fazer. “Aqui ela entretém com as coisas, com o celular, televisão, tudo, e não faz a lição. A gente fala e não obedece, porque quem tem autoridade com eles é somente o professor na realidade, para falar a verdade, porque a mãe fala e eles não obedecem”, desabafou.
Ela falou que para sua outra filha, que foi para o 9º ano na rede estadual, também foi um ano desperdiçado. “Porque o 8º ano deles também não teve aprendizado nenhum, não aprendeu nada com essas aulas online”, disse.
Alessandra comentou sobre a incerteza de como será no próximo ano e contou que também tem medo de mandar suas filhas de volta para a escola com o vírus. “Acho que foi, para mim, um dos piores anos da minha vida e para minhas duas filhas também, porque o 4º ano é muito importante, o 8º também, e elas não tiveram. Fica difícil acompanhar depois”, pontuou.
Para Alessandra, a solução é que as crianças façam o ano novamente. “Foi muito complicado e muito difícil, não aprenderam nada. Para mim, tinha que fazer de novo. Porque esse ano, na minha opinião, foi jogado fora, sem aprendizado nenhum. O que vale isso? Sentei um dia com a Lara para ver e desisti. O que aprende? É muito ruim. Então, esperar que Deus resolva colocar a mão e ver o que vai planejar para eles”, lamentou.
Prefeitura
Ao jornal, a prefeitura pontuou que o ano letivo de 2021 será mais um ano atípico na vida escolar. “Será um ano de adaptações ao novo, de recuperação do conteúdo do ano anterior, de dedicação por parte dos professores, família e aluno”, informou.
Segundo o relatado, as aulas presenciais provavelmente serão retomadas no início de fevereiro, de forma gradual e provavelmente híbrida, seguindo todas as orientações do Governo Estadual através do Plano São Paulo.
“Estamos elaborando um planejamento de recuperação do conteúdo através de projetos de reforço e aulas complementares, visando atender todas as necessidades e garantindo os direitos de aprendizagem de nossos alunos”, completou.
Estado
O Governo de SP definiu regras para a volta às aulas presenciais em 2021. Segundo o anunciado, o Estado manterá o retorno gradual das aulas presenciais para este ano letivo. O decreto que autoriza a retomada das aulas em todas as fases do Plano São Paulo e regulamenta as regras foi publicado no dia 18 de dezembro.
O retorno ocorrerá de forma regionalizada, de acordo com os Departamento Regionais da Saúde, obedecendo aos critérios de segurança estabelecidos pelo Centro de Contingência do Coronavírus
Se uma área estiver nas fases vermelha ou laranja do Plano São Paulo, as escolas da educação básica, que atendem alunos da educação infantil até o ensino médio, poderão receber diariamente até 35% dos alunos matriculados. Na fase amarela, elas ficam autorizadas a atender até 70% dos estudantes; e na fase verde, até 100%. Os protocolos sanitários devem ser cumpridos em todas as fases.
Já as instituições de ensino superior, poderão funcionar na fase amarela com até 35% das matrículas, e na fase verde, com até 70%. Nas etapas vermelha e laranja, elas não estão autorizadas a funcionar. Cursos superiores específicos da área médica têm o retorno presencial autorizado em todas as fases do Plano.
As instituições de ensino de todas as redes deverão aderir e alimentar o Sistema de Monitoramento da Secretaria de Educação para que a abertura das unidades seja autorizada. A medida garante monitoramento centralizado da retomada da educação, para que a abertura de escolas ocorra de forma segura e responsável.
O último dia do ano letivo de 2020 foi no dia 23 de dezembro e as aulas nas escolas estaduais terão início no dia 1º de fevereiro.