Vereadores Itaroti e Fernando Corretor batem boca em sessão da Câmara

Durante a discussão da proposta, os vereadores Fernando e Celso tiveram um debate mais acalorado sobre o tema. Foto: reprodução youtube/Camara

Presidente chama Fernando de “gostosão da bala chita”
Uma acalorada discussão tomou conta da última sessão da Câmara Municipal, quando os vereadores Celso Itaroti (PTB), atual presidente do Legislativo e Fernando Corretor, do Republicanos, se estranharam durante a discussão do projeto que propunha se a Câmara Municipal ia continuar com o recesso de julho ou se seria aprovada a proposta da Mesa de acabar com o recesso parlamentar do meio do ano.
Fernando acusou Itaroti de estar fazendo política ao defender o projeto e este retrucou dizendo que era para Fernando não gritar e não dar uma de gostosão. O vereador do Republicanos disse então ao Presidente da Câmara que ele não ia pisar nele não. A discussão prosseguiu com Itaroti dizendo que quando um burro fala o outro murcha a orelha.
O projeto apreciado pelos vereadores em sessão extraordinária realizada na última terça-feira, dia 29, tratava de uma Emenda à Lei Orgânica Municipal com o objetivo de tirar o recesso parlamentar do mês de julho. Apesar da maioria dos vereadores presentes à sessão terem se mostrado favorável à iniciativa, a proposta não teve os votos suficientes para ser aprovada.
Conforme a Lei Orgânica Municipal, os vereadores do Legislativo vargengrandense reúnem-se em sessões ordinárias duas vezes por mês, onde podem, além de apreciar os projetos enviados pelo Executivo, debater e direcionar requerimentos, indicações e moções. Os vereadores podem ser convocados em qualquer dia para as sessões extraordinárias, nas quais apenas são debatidos e votados os projetos de Lei.
No entanto, além do recesso do final de ano, que vai da segunda quinzena de dezembro até o dia 1º de fevereiro do ano seguinte, os vereadores ainda têm direito ao recesso no mês de julho, conforme o que traz a Legislação Municipal.
Na proposta debatida na terça-feira, de autoria da Mesa Diretora da Câmara, não haveria mais o recesso do mês de julho, ou seja, os vereadores teriam assim que comparecer a duas reuniões a mais no período.
Essa não é a primeira vez que o recesso de julho é tema de debate na Casa. Em 2017, o vereador Canarinho (PSDB) também fez essa proposta, que foi rejeitada pela maioria do Legislativo da época. Outra alteração nas reuniões foi feita pelo então vereador Marco Cavalheiro, que pretendia estabelecer uma sessão ordinária por semana, o que também não foi aprovado.
A proposta, uma iniciativa do presidente da Câmara, Celso Itaroti (PTB), contou ainda com a assinatura dos vereadores Célio (PSB), Danutta (Republicanos), Parafuso (PSD), Maicon (Republicanos) e Paulinho da Prefeitura (PSB).

Debate
Durante a discussão da proposta, o vereador Paulinho destacou que ali os vereadores desempenham seu papel 24 horas por dia e comparecem todas as vezes que é convocada para uma sessão extraordinária.
Fernando Corretor (Republicanos) lembrou que essa proposta já havia entrado em pauta na legislatura anterior e afirmou que como naquela vez, iria votar contra o projeto, lembrando que o recesso é um direito garantido por lei federal. “Respeito a opinião de todos só que não mudo minha maneira de pensar de votar. Mas, é um direito que o vereador tem e eu voto contra”. “Como o Paulinho disse, eu sou vereador 24 horas por dia, trabalho, corro atrás da população, então meu voto para este projeto é não”, afirmou.
Célio Santa Maria, que também tinha votado contra a proposta feita em 2017, alegou que seguia contra o projeto deste ano. Canarinho, autor da iniciativa de 2017 de retirar o recesso de julho, lembrou que o importante da proposta é os vereadores terem a possibilidade de discutir requerimentos. “Fica um mês inteiro sem poder discutir requerimentos, moções, indicações, então vem só acrescentar nessa Casa”, avaliou.

Fernando Corretor acusa Itaroti de estar fazendo política
Ao fazer a defesa da proposta, Itaroti destacou que os vereadores participam de duas sessões ordinárias nas quais apresentam indicações, requerimentos. “Discutimos os problemas que acontecem naquela semana, no período anterior à sessão. Aí vem o recesso que é legal, mas para mim é imoral. Porque o vereador ganha R$ 3 mil por mês, e poderia ganhar até mais, só que vem duas vezes por mês quando não tem extraordinária. Se tem, vem como hoje, vota e vai embora. Tem muita coisa parada, eu mesmo tenho requerimento, tem colega vereador com requerimento e indicação e não pode fazer, tem que ficar 30 dias sem poder fazer. Eu acho um absurdo”, disse.
Ele destacou que principalmente no período de pandemia, com tantos problemas, com questões graves na Saúde, não deveria haver o recesso. “O problema não é atender a população 24h. Meu celular fica 24 horas aí e o que tem de reclamação de saúde é um absurdo. E eu estou com requerimentos parado”, lamentou.
Celso fez uma comparação com trabalhadores, que têm apenas 30 dias de férias por ano. “Avalia se está correto o vereador que vem aqui na Câmara – e lógico que tem vereador que vem aqui todos os dias, eu mesmo dou uma passada aqui todos os dias, mas tem vereador que não tem essa disponibilidade de vir até essa casa – mas não vem ficar aqui 8h por dia. Você que trabalha, fica 8 horas por dia no seu serviço. Agora, falar pra mim que fazer duas sessões ordinárias no mês de julho não pode? A opinião minha, é um absurdo”, disse. “Porque eu fico parado 30 dias sem poder cobrar nada. Eu não posso cobrar. Tenho que ficar esperando chegar em agosto e tem coisa que não dá para esperar até agosto”. “Eu tenho vergonha de falar que eu estou de recesso”, disse.
O vereador Fernando Corretor tentou interromper Itaroti, dizendo que o presidente da Casa estaria usando o assunto para fazer política. “Aqui o senhor está fazendo política”, disse. Itaroti, lembrou que a prerrogativa do presidente é falar por último e não ser apartado. “Não vem gritando e dando uma de ‘gostosão da bala chita’, que o senhor não é não”.
“Aqui o senhor não vai pisar em mim não”, retrucou Fernando. “Eu não estou pisando em ninguém não. O senhor falou o que o senhor acha e eu falo o que eu acho. São opiniões diferentes”. “Respeitar a opinião do outro, pincipalmente quando um outro fala. Isso eu aprendi lá atrás: quando um burro fala o outro murcha a orelha. Então quando estou falando o senhor ouve, porque quando o senhor falou, eu ouvi e respeitei a sua opinião”, disse.

Votação
A proposta foi para votação. Foram favoráveis ao fim do recesso de julho os vereadores Bertoleti (PSD), Canarinho, Danutta (republicanos), Parafuso (PSD), Maicon (Republicanos), além de Itaroti. Foram contra os vereadores Célio, Fernando e Paulinho. Não compareceram à reunião, os vereadores Guilherme (MDB), Serginho (PSDB), Magalhães (Democratas) e Gláucio (Democratas). A proposta foi rejeitada por não ter atingido a quantidade de votos necessários para a aprovação.

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