Miguel Halla, pioneiro da Romaria e criador de muares

Cerca de 160 novos muares nascem todo ano na fazenda

O empresário Miguel Halla é um dos pioneiros e também grande incentivador da Romaria dos Cavaleiros de Sant’Ana, sempre comemorada no mês de julho, dia da Padroeira de Vargem Grande do Sul. Ele já foi objeto de algumas reportagens realizadas pela Gazeta de Vargem Grande, falando de sua participação na romaria e inclusive uma matéria que mostrou sua vasta coleção de objetos e tralhas como estribos, arreios, selas, usadas pelos tropeiros de antigamente.
Neste ano não haverá novamente a Romaria dos Cavaleiros de Sant’Ana devido à pandemia, mas a presente reportagem ao falar do empreendimento de Miguel Halla, que aos 70 anos se dedica de corpo e alma ao que mais gosta, cuidar de animais, procura avivar no coração dos leitores e também da população vargengrandense, a importância da maior festa cultural e religiosa da cidade, através de um dos seus mais influentes divulgadores, que inclusive já presidiu a Comissão Organizadora por diversos anos.
Também a matéria faz alusão ao meio rural, quando se comemora nesta quarta-feira, dia 28 de julho, o Dia do Agricultor. Miguel é produtor rural na sua propriedade, a Fazenda São José, localizada na estrada de Itobi, logo depois da Vila Polar, de onde planta e tira parte do sustento de sua manada de éguas dedicadas à produção de muares.
Na entrevista que concedeu ao jornal, na sede da fazenda, Miguel disse que atualmente tem em sua propriedade cerca de 300 animais, a maioria éguas matrizes, da raça Mangalarga Paulista. São em torno de 200 égua puras que recebem sêmen de vários jumentos consagrados pelas suas genéticas, como Jericó do Pingo D’Agua, Playboy, Diplomata do Barro Preto, Tesouro do Sandrini e Barão do Sandrini. Estes dois últimos de propriedade de Reinaldo Sandrini e de Miguel Halla.
Na fazenda não tem garanhão, a fertilização das éguas é feita por inseminação artificial. A facilidade e a escolha dos produtores levaram Miguel a adotar este sistema de reprodução. “São jumentos de elite na apuração da raça muar no Brasil”, afirmou o produtor. Também parte das éguas, cerca de 80 animais, são receptoras, que recebem o embrião das matrizes após ficarem prenhas. São as conhecidas barrigas de aluguel.
Miguel explica que a égua matriz entra no cio, sendo inseminada com o esperma do jumento. Daí sete dias, é feito uma lavagem no útero do animal para a coleta do embrião. Uma vez constatada a presença do embrião, ele é transplantado em uma égua receptora. Depois de sete dias, é confirmada a prenhez na receptora e a gestação leve onze meses até a égua parir um burrinho ou uma mulinha. As éguas receptoras não têm raça definida, mas o animal precisa estar saudável.
Já as matrizes também são usadas para produzirem novos animais, sem interrupção da gestação. Neste caso, é feita a inseminação e confirmada a prenhez, elas continuam a gestação até o parto dos animais. Geralmente, segundo Miguel, nascem 50% de mulinhas e 50% de burrinhos. A produção anual na propriedade é de aproximadamente 160 muares, que são destinados ao trabalho rural e também às cavalgadas e exposições.
Um curioso teste feito na propriedade, é contado pelo empresário. “Todos sabem que as mulas são estéreis. Mas nós usamos duas mulas como receptoras e elas pariram. Embora sejam estéreis, as mulas tem todo o aparelho reprodutivo. Então, nós colocamos o embrião nelas e conseguimos gerar os filhos. As mulas pariram e amamentaram seus filhotes. Foi algo inédito aqui, fazer a mula dar cria. Ela é muito mais carinhosa como mãe que as éguas”, descreveu o produtor rural.
Apesar da pandemia, o empresário afirma que o setor em que está atuando está bom. A propriedade comercializa além dos pequenos muares, também sêmens congelados. “Vendemos animais para o Brasil todo. Utilizamos muito a internet para realizar nossas vendas e também já somos bem conhecidos no mercado”, contou o proprietário do Haras Miguel Halla.
Sobre os valores, Miguel disse que a média do preço dos burros varia entre R$ 5 mil a R$ 10 mil. Já as mulas alcançam um valor melhor de mercado, em torno de R$ 15 mil a R$ 20 mil cada. As mulas cabeceiras, da prateleira de cima, como falam os peões, chegam a custar R$ 30 mil ou mais. Um burro de boa qualidade, custa hoje em torno de R$ 15 mil.
“São animais recém desmamados, entre 4 a 5 meses, que já estão no porte de serem vendidos. Às vezes seguramos alguns animais que chamam a atenção para apresentá-los em exposições”, explicou Miguel.
O Haras Miguel Halla já ganhou muitos prêmios importantes no Brasil na categoria de muares, principalmente com mulas. As exposições que acontecem em Iporá, no Goiás, em Barretos, Jacareí, Americana e São João da Boa Vista, são citadas por Miguel, onde conseguiu boas colocações e alguns primeiros lugares com seus animais.
Para fazer frente a toda esta produção e quantidade de animais, na fazenda trabalham seis pessoas na lida com as centenas de animais. Também conta com especialistas como os veterinários Antônio Carlos Di Marco, Felipe Fabiano e Bruna Cortezi, que cuidam desde a reprodução, das doenças, da parte óssea, dentre outras especialidades que necessitam dos profissionais da área.
Hoje, depois de deixar a empresa da qual foi sócio durante muitos anos, o Café Pacaembu, ele se dedica totalmente à criação de muares. Disse se sentir realizado nesta etapa de sua vida. “Mesmo quando estava no Café Pacaembu, já me dedicava a este tipo de criação, só que em um ritmo mais lento e quando deixei a empresa, me senti mais à vontade para dedicar a algo que me dá muito prazer. Sempre gostei de animais, desde a juventude. Muares para mim são animais muito resistentes e têm uma boa procura no mercado, então aliei estas duas qualidades para tornarem um empreendimento”, disse Miguel.

Fotos: Reportagem

Cerca de 160 novos muares nascem todo ano na fazenda
Cerca de 160 novos muares nascem todo ano na fazenda
Um dos animais premiados do Haras Miguel Halla. Foto: Arquivo Pessoal

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