Os desafios dos resíduos sólidos

Em um passado não muito distante, Vargem Grande do Sul foi contemplada com o título de cidade com o pior lixão paulista, em ranking elaborado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Em 2010, na primeira gestão de Amarildo Duzi Moraes (PSDB), por exemplo, a maneira como a cidade destinava seus resíduos sólidos levou a Cetesb a dar nota 1,8 para a cidade, a pior entre todos os municípios do Estado naquele ano.
Tudo o que era recolhido de casas, comércios, indústrias da cidade, cerca de 20 toneladas diárias na época, era levado ao lixão, onde todos os despejos eram simplesmente jogados e deixados ao relento. Isso rendeu inúmeras intervenções da Cetesb, multas e um ônus ambiental que ainda não foi reparado.
Nesse lixão, que funcionou por cerca de 30 anos, havia também a questão social das famílias que ali permaneciam o dia todo, inclusive com crianças, recolhendo sucata e o que mais pudessem vender.
Com muito esforço, Vargem conseguiu um importante avanço, que foi a construção do aterro sanitário. A um custo de cerca de R$ 1,5 milhão, o aterro ficou parado ainda mais de um ano depois de pronto, por conta de uma ação popular contra a Cetesb iniciada por um proprietário rural vizinho ao local, pedindo que fosse expedido um Relatório Ambiental sobre o local.
Em outubro de 2012, ainda na gestão de Amarildo, finalmente o aterro passou a funcionar. Inclusive, foi construído nas proximidades, um barracão para que ali funcionasse a triagem da coleta seletiva de lixo. No entanto, já no ano seguinte à sua inauguração, na gestão de Celso Itaroti (PTB), os problemas começaram.
A Cetesb foi acionada para fiscalizar a maneira como a prefeitura estava destinando o lixo no local e encontrou uma série de irregularidades. A situação seguiu instável, com altos e baixos, e o aterro chegou a ser interditado em 2016. Em 2017, o aterro volta receber investimentos e a funcionar regularmente.
No entanto, mesmo operando de maneira correta, o próprio conceito de enterrar o lixo produzido já está ultrapassado e o município já se vê diante do desafio atual de todo o mundo: dar uma destinação correta aos seus resíduos sólidos. Nesse sentido, a prefeitura tem discutido com outras cidades a questão de um aterro regional e outras soluções. Há alguns anos, uma comitiva de Vargem foi até Itu conhecer o projeto que lá é realizado e considerado modelo, conduzido pela iniciativa privada, envolvendo coleta seletiva e aterros mais adequados.
O desafio é global e mesmo numa cidade pequena como Vargem, o investimento será alto. Mas é urgente. É preciso já colocar em prática projetos nesse sentido, para que não se ultrapasse um ponto sem retorno. Cuidar do lixo, preserva nascentes, usar a água com consciência, plantar árvores, são ações que vão garantir o futuro das próximas gerações. E por isso, devem ser prioridades sempre de qualquer esfera de governo.

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