Manutenção do zoológico de Vargem merece amplo debate

Fechado desde a pandemia, zoo deverá ser aberto à visitação no dia 14. Foto: Reportagem

“Na maioria das vezes, o zoológico realmente não deveria existir, porque causam sofrimento aos animais”, Carla Molento, coordenadora do Laboratório de Bem-estar Animal da Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Manter animais em cativeiros tão somente para serem observados, está se tornando cada vez mais questionado pela sociedade atual. Na Costa Rica por exemplo, os zoológicos públicos foram banidos há alguns anos. O caminho leva para que zoológicos deixem de ser apenas expositivos, passando a trabalhar com pesquisa dos animais, educação para sua conservação e como abrigos quando resgatados do tráfico de animais nativos, quando sofreram maus-tratos ou que foram vítimas de algum tipo de acidente, visando sua reintrodução à natureza.
Em Vargem Grande do Sul, o zoológico municipal que funciona junto ao Bosque Municipal, está fechado aos visitantes desde o início da pandemia nos primeiros meses de 2020. Porém, o custo de se manter um zoológico funcionando é muito alto, não só pela alimentação adequada que os animais precisam receber, como também manter um quadro de funcionários para o funcionamento correto do local.
A Gazeta de Vargem Grande elaborou uma série de perguntas à prefeitura municipal no início da semana para poder informar aos vargengrandenses como anda a situação do zoo local e também quais os planos para o futuro da instituição.

Zoo municipal está fechado ao público desde início da pandemia; futuro deste tipo de espaço, lar deste bugio e outros animais, deve ser debatido com sociedade. Foto: Reportagem

Manter o zoológico custa R$ 80 mil mensal aos cofres municipais
A administração municipal informou que o Zoológico Municipal encontra-se, no momento, fechado para visitação pública, em decorrência do Decreto Municipal publicado no início da pandemia, que adotou várias medidas preventivas, inclusive proibindo a aglomeração de pessoas.
Explicou que era intenção retornar as atividades normais em janeiro de 2022 – período de férias escolares – mas com o surgimento de nova onda de contaminação da Covid-19, sua abertura foi prorrogada, por medida de segurança, para o dia 14 de fevereiro.
Atualmente o zoológico possui 96 animais de 23 espécies diferentes, com predominância de aves. Trabalham no estabelecimento 10 servidores, sendo uma médica veterinária, uma bióloga e oito servidores de serviços gerais, encarregados da limpeza e manutenção dos recintos e da alimentação dos animais. O gasto mensal fica em torno de R$ 80 mil por mês.
Perguntado qual a finalidade de se manter o zoológico, a informação passada foi que a administração pública tem como objetivo, principalmente com crianças, o entretenimento e o conhecimento de uma pequena parte da fauna silvestre brasileira e exótica.
“No estágio atual do zoológico, o propósito é de fazer a manutenção do plantel existente, pois na sua categoria, não pode ser introduzido novas espécies e nem aumentar o plantel através de procriação, então, o objetivo é fazer o manejo dos animais alocados, proporcionando saúde e bem-estar aos mesmos”, informou o responsável pelo setor.
Sobre os investimentos que estão sendo feitos no local, a informação é que no momento está sendo realizada a reforma da antiga residência do caseiro, para onde será alocada a sala de atendimento dos animais, sala de preparo dos alimentos, almoxarifado e sala de administração, uma vez que a existente está em situação precária. A próxima etapa é fazer melhorias nos bebedouros dos recintos, na parte de alvenaria e hidráulica.

Macacos são os animais de maior porte atualmente no recinto. Foto: Reportagem

Futuro do zoológico
Dentre as perguntas formuladas pela Gazeta de Vargem Grande, estava como a administração vê a condição de confinamento de animais nos dias
atuais, para exibição pública; se o zoológico poderia cumprir outra função e se a prefeitura já foi procurada por alguma entidade que queira cuidar da recuperação de animais silvestres.
Segundo resposta recebida pelo jornal, a administração municipal acredita ser necessário fazer um debate com a sociedade sobre a questão do Zoológico, pois entende ser um assunto de grande relevância e que a sociedade precisa participar dessa discussão, onde pontos importantes devem serem analisados, como, confinamento dos animais, alto custo para manutenção do local, bem estar animal, outras funções para o Zoológico, busca de novos convênios, parceria público-privada, papel do Zoológico na Educação Ambiental, pesquisas, lazer, conservação da Biodiversidade entre outros assuntos relevantes.
Sob a responsabilidade do departamento de Agricultura e Meio Ambiente, que tem como diretor o médico veterinário Edson Sbardellini, foi informado ao jornal que: “Os zoológicos em regra têm benefícios e malefícios e esse debate a sociedade precisa participar para definirmos o futuro. Fomos procurados algum tempo atrás para que a Prefeitura pudesse construir uma área para receber animais silvestres oriundos de tráfego de animais, animais com vítimas de maus-tratos, acidentados etc., sendo necessário um grande investimento na adequação do zoológico e principalmente na manutenção, o que mostrou-se inviável para o município”.

Aprofundando as discussões sobre o zoo
Na sua função de reportagem, o jornal visitou durante a semana o zoológico e pode observar que não existe mais animais de porte grande no local, antigamente já chegou a ter ema e até jacaré. Hoje, o zoo abriga alguns bugios, macacos pregos e saguis.
Destaque para as araras canindés, que já se multiplicaram no cativeiro do zoo, mas hoje há uma disposição para evitar a procriação de animais no local, segundo apurou o jornal e para outras aves silvestres, como os tucanos, mutuns, seriemas, gaviões, dentre outras espécies. Animais novos não estão sendo recebidos e nota-se que os animais estejam sendo bem tratados.
A presente matéria tem a função de levantar e aprofundar as discussões sobre o funcionamento do zoológico da cidade, da sua função social, educativa e de preservação das espécies e poderia ser ampliada junto às pessoas ou grupos que se preocupam com a conservação dos animais, com a administração municipal, através do seu departamento responsável e também envolver os vereadores municipais na questão. Afinal, um bom dinheiro público é canalizado para o zoológico municipal e é importante que se discuta a sua finalidade e seu futuro, se pode evoluir de apenas expositor de animais ou uma função mais nobre como salvá-los e devolvê-los ao seu natural meio ambiente.

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