Acidente na estrada de São Roque deixa mais uma vítima fatal

Curva perigosa no final da serra já vitimou muitas pessoas. Fotos: Prefeitura

Curva da SP-215, que liga Vargem Grande do Sul ao Distrito de São Roque da Fartura e Águas da Prata, deixou mais uma vítima fatal em acidente que ocorreu na tarde de sábado, dia 18. Na ocasião, o caminhão, com placas de Barra Mansa (RJ), tombou no local.
De acordo com a Polícia Rodoviária, o acidente aconteceu por volta de 14h55 e suas causas são desconhecidas. O motorista, que não teve a identidade divulgada, ficou preso às ferragens e morreu no local.
O caminhão carregava galões de defensivos agrícolas e, por conta do cheiro forte, o Corpo de Bombeiros e a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) foram acionados. A Guarda Civil Municipal também ajudou na ocorrência.
Em suas redes sociais, o prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB) publicou que está cobrando providências da Secretaria de Estado dos Transportes e do Departamento de Estrada de Rodagem (DER), solicitando a esses órgãos para amenizar a curva ou instalar uma caixa de escape, com britas, no local.

Curva perigosa
O trecho da altura do km 21 da rodovia SP-215, entre Vargem e São Roque da Fartura é um ponto muito perigoso, onde vários acidentes já aconteceram e muitas pessoas perderam suas vidas. Grande parte desses acidentes ocorre com caminhões que seguem no sentido São Roque – Vargem Grande e ao atingir essa curva – no final de uma descida – acabam tombando.
A Gazeta de Vargem Grande procurou a Prefeitura Municipal para saber o que tem sido feito para que acidentes nesse ponto sejam evitados e se já obteve alguma resposta dos órgãos competentes.

Providências
Conforme o informado, há anos a Prefeitura de Vargem Grande do Sul vem oficiando o Departamento de Estradas de Rodagem, bem como a Secretaria de Transporte e Logística, que são responsáveis pela rodovia, objetivando a realização de mecanismos de prevenção de acidente na Rodovia João Batista de Souza Andrade, na altura no km 21.
“Infelizmente já é rotina o acontecimento de graves acidentes neste local, inclusive fatais, conforme já oficiado, sendo que apesar desta grave realidade, o Departamento de Estradas de Rodagens/Secretaria de Logística e Transportes realizou medidas paliativas como a sinalização, sonorizador e guard rail, mas nenhuma medida eficaz para o problema para evitar novos acidentes”, informou a prefeitura.
O Executivo ressaltou que a Secretaria de Logística e Transporte já foi oficiada sobre o acidente ocorrido no sábado, dia 18, sendo suplicado para que realizem providências efetivas para solução do problema da curva.
Conforme informou, o prefeito ligou na segunda-feira, dia 20, para o diretor do DER Regional, Danilo Dezan. “Este informou que o DER está realizando estudos para instalação de uma caixa de brita ou amenização da curva no local, pois quando o veículo apresenta problema no sistema de freio, essas são as duas alternativas viáveis para o caso. Aguardamos posicionamento dos responsáveis”, completou.
O jornal também procurou o DER para saber a medida que será adotada para evitar que mais acidentes como esse ocorram, perguntou o que planeja ser feito, se existe a possibilidade da construção de uma área de escape nesse ponto e, em caso negativo, por qual motivo. No entanto, até o fechamento desta edição, não obteve retorno.

Especialista em mecânica de caminhões fala em superaquecimento de freios

O jornal falou com um mecânico de caminhões e procurou saber o que pode levar a acidentes como esse. Carlos Eduardo Toquini, gerente proprietário da Auto Peças e Mecânica Toquini, que trabalha há 28 anos no ramo de transporte pesado, comentou à Gazeta que sempre repara nesses acidentes que tem neste ponto. “Na maioria das vezes, é imprudência do motorista, porque ele desce forçando muito o freio e chega em um ponto que o freio tem um superaquecimento”, disse.
“Depois que ele superaqueceu perde totalmente a eficácia, que é onde ocorre esses acidentes. Infelizmente, às vezes o motorista não conhece a serra, abusa demais da velocidade, ao invés de descer em marcha lenta com auxílio do freio motor e depois auxiliar com o freio, eles querem descer ‘na raça’, que é onde que dá esse volume grande de acidente”, avaliou.
Para Eduardo, há mais um detalhe que favorece os acidentes no local e sugeriu o que os órgãos competentes deveriam fazer. “A pista ficou muito boa, então, infelizmente, eles abusam por isso. O que deveriam fazer ali é colocar radar e bastante sinalização, imitando por exemplo a Rodovia Régis Bittencourt, que é um trecho onde ocorre muitos acidentes e eles colocaram um radar de 40 km/h, então isso não deixa que o motorista extrapole na velocidade”, sugeriu.
Áreas de escape
Uma das soluções para o local pode ser a implantação de áreas de escape. As áreas de escape são recursos de emergência e são destinados aos veículos pesados que por algum motivo precisam parar imediatamente para evitar um acidente.
Dados mostram que entre 2011 e 2020, mais de 400 vidas foram salvas em apenas duas rodovias que contam com esse recurso: as BRs 116 e 376. Nos últimos anos, o Grupo Arteris, que administra diversos trechos rodoviários no Brasil, investiu R$ 37 milhões na construção de áreas de escape em locais – basicamente trechos de serra – onde há registros de acidentes com veículos pesados.

No sábado, motorista não resistiu após caminhão tombar no local. Fotos: Prefeitura

17 mortes
A rodovia SP-215, que liga Vargem ao distrito de São Roque da Fartura, é palco de diversos acidentes fatais e não fatais todos os anos. Um balanço realizado pela Gazeta de Vargem Grande mostra que, em oito anos, 17 pessoas morreram entre Vargem e São Roque, na SP-215.
De acordo com os dados registrados no Sistema de Informações Gerenciais (Infosiga), de 2015 a junho de 2022 houve 12 acidentes com vítimas fatais no local, somando 17 mortes na SP-215. Já acidentes com vítimas não fatais, há 48 registrados em apenas quatro anos, onde 41 pessoas envolvidas tiveram ferimentos leves e outras 11, ferimentos graves.

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