Onde estaria o foco da contaminação em Vargem?

O novo decreto editado pela prefeitura municipal nesta quinta-feira, dia 17 de junho, restringindo ainda mais a circulação das pessoas no município, com o fechamento do comércio até a próxima sexta-feira, dia 25 de junho, deixando somente funcionando o que é essencial, numa tentativa de diminuir a contaminação do coronavírus na cidade, trouxe novamente muita polêmica entre a população.
A reportagem publicada pela Gazeta de Vargem Grande em sua página no Facebook, referente à publicação do decreto pelo prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB) teve uma grande repercussão, alcançando mais de 66.600 pessoas, tendo 18.862 engajamentos até por volta das 17h da quinta-feira, com 437 comentários, 435 compartilhamentos e 676 curtidas, demonstrando o quanto a cidade está envolvida com a questão.
Notório perceber que os maiores questionamentos recaem sobre o fechamento do comércio e prestadores de serviços, com muitas pessoas se posicionando e perguntando porque somente há o fechamento das lojas, bares e restaurantes, além de outros considerados não essenciais, sendo que, por exemplo, são mantidos abertos os supermercados.
Muitos pedem que haja um lockdown total, que o fechamento seja para todos e por um prazo determinado de vários dias para ver se de fato a contaminação arrefece. Muitos elogiam o prefeito pela atitude tomada, mesmo contrariando muitas pessoas, outros já o questionam e o criticam pela decisão.
A situação crítica do Hospital de Caridade com todos seus leitos destinados aos doentes da Covid-19 tomados, o esgotamento dos médicos, enfermeiros e profissionais da área de saúde, a possibilidade de faltar oxigênio e remédios para o tratamento da doença, especificamente os usados nas intubações, vaga em UTI pelo SUS somente na fila de espera e o crescente número de mortes pelo coronavírus nos últimos dias, devem ter pesado na decisão do prefeito.
O número de contaminação e de mortes aumentou assustadoramente nos últimos 15 dias, com 13 mortes pelo vírus desde o dia 1º de junho até o dia 17, quase uma pessoa por dia. A pressão vinda dos dirigentes, médicos e responsáveis pelo Hospital de Caridade sobre o prefeito deve ter aumentado muito, principalmente com a previsão de um colapso no atendimento hospitalar.
Mas, onde estariam ocorrendo estas contaminações dos vargengrandenses, que até recentemente viviam uma situação bem melhor que muitos municípios vizinhos. É bom explicar que Vargem Grande do Sul ainda está num patamar bem melhor que São João da Boa Vista, por exemplo, que nesta semana ostentava quase 250 óbitos, com uma população segundo o IBGE, de 91.771 pessoas em 2020. Proporcionalmente em relação a Vargem pelo número de habitantes, era para São João estar com cerca de 150 mortos pela doença, se fosse seguir o mesmo patamar que Vargem Grande do Sul, que no mesmo dia, tinha 73 mortos contabilizados pelo coronavírus. No entanto, a cidade vizinha tem mais que o triplo de óbitos que o município de Vargem.
Nas palavras do prefeito Amarildo Duzi Moraes ditas aos comerciantes nesta sexta-feira, ele tem tomado medidas duras e amargas para evitar a morte dos moradores, que essa é a sua responsabilidade e ele não iria abrir mão dela. Ao ser indagado que o comércio de São João estava funcionando, ele disse que cada prefeito responde por suas ações e omissões no combate ao coronavírus e que para ele, preservar a vida das pessoas era o ato mais importante de sua administração.
Sobre de onde viria a contaminação das pessoas pela Covid-19, o prefeito deixou claro que com o fechamento do comércio e prestação de serviços, pretendia diminuir a circulação das pessoas na cidade e com isso, conter a taxa de contaminação, o que traria um alívio ao atendimento para os doentes junto ao Hospital de Caridade e à rede municipal de saúde.
Nos principais sites de saúde sobre a contaminação pelo coronavírus, a maioria deles aponta que ela se dá principalmente em locais fechados, de pouca ventilação e citam como exemplos os bares, restaurantes, academias de ginástica, templos religiosos, hospitais, supermercados, elevadores, transportes públicos, bancos e loterias, dentre outros. (Veja mais)
Na reunião com os prefeitos, os comerciantes de Vargem citaram que tomaram conhecimento que nos últimos dias, muitas infecções teriam ocorrido em várias indústrias e outros empreendimentos da cidade. As pessoas se contaminam nestes locais e depois levam o vírus para dentro de casa, sendo que quando isso acontece, muitas pessoas de uma mesma família se tornam doentes e algumas em estado grave, precisando de internação e de serem intubadas.
Como explicou o prefeito aos comerciantes, quanto mais pessoas doentes, mais vão precisar do hospital, muitas terão de ser atendidas em UTIS e algumas delas virão a óbito. Ele disse esperar que nos próximos dias, dado o crescente aumento de contaminados na cidade, o coronavírus vai fazer mais vítimas fatais no município.

Internações de Covid seguem em alta

Vargem Grande do Sul chegou na sexta-feira, dia 18 de junho com 2.999 casos confirmados da Covid-19 desde o início da pandemia. Desse total, 2.692 moradores já se curaram e havia 225 casos ativos na cidade de acordo com o Boletim Epidemiológico da prefeitura.
Na sexta-feira, Vargem registrava 75 mortes pela doença, sendo que existia ainda dois óbitos suspeitos. A cidade tinha ainda cinco mortes por outras causas, mas com a presença do novo coronavírus.
A Ala Covid-19 do Hospital de Caridade estava com 25 pacientes internados, sendo 17 confirmados e oito casos suspeitos. Três vargengrandenses estavam internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) na região.

Vacinação
Durante a semana foram vacinados moradores de 45 anos ou mais contra a Covid-19. De acordo com o Vacinômetro publicado pela prefeitura no dia 17, 16.357 pessoas haviam recebido a primeira dose da imunização contra a doença, o que representa 37,9% da população. As duas doses já foram ministradas para 5.991 moradores, 13,9% dos vargengrandenses.
Amarildo informou que houve um equívoco na última remessa de vacinas para Vargem. Foram direcionadas apenas 80 doses, quando o correto seriam 800. Ele ressaltou que procurou a Diretoria Regional de Saúde para esclarecer a situação e aguarda a solução do problema para retomar a imunização em Vargem.

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