Educação devastada

Os efeitos da pandemia da Covid-19, que desde o início de 2020 tem causado dor e sofrimento em todo mundo, serão sentidos ainda por muitos anos. Além das centenas de milhares de vidas perdidas, pessoas com sequelas graves, trabalhadores que perderam empregos, famílias que passaram a viver na pobreza, há ainda o impacto na educação, que começa a ser sentido com a retomada das aulas e as avaliações de desempenho dos alunos.
Em São Paulo, o estado mais rico do país, a defasagem de aprendizagem dos alunos gerou sinal de alerta no governo. Não há nenhuma série que está com o nível de aprendizagem adequado de acordo com o ano que cursa.
No dia 2, o secretário de Estado da Educação, Rossieli Soares, apresentou os resultados do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) de 2021. Os dados da avaliação apontam as perdas irreparáveis causadas pela pandemia e fechamento das escolas. As provas foram aplicadas em dezembro de 2021 para mais de 642 mil alunos da rede estadual.
Em média, todos os ciclos apresentaram queda em comparação à última prova realizada em 2019 e na série histórica. As pontuações obtidas são classificadas em quatro etapas de proficiência – Avançado; Adequado; Básico; Abaixo do básico – que se adequam de acordo com o ano/série. Os componentes avaliados são Língua Portuguesa, Matemática e área de Ciências da Natureza, além de redação e preenchimento de questionário socioemocional e econômico.
Na prática, os resultados apontam que em língua portuguesa, o aluno que está no 5º ano apresenta a mesma proficiência de um estudante do 3º ano do ensino fundamental, no nível adequado. No 9º ano, a média do conhecimento se encontra no básico, o que seria adequado para o 7º ano. Já o aluno da 3ª série do ensino médio saiu da escola com proficiência adequada ao estudante do 8º ano do ensino fundamental.
Em matemática, o aluno que está no 5º ano está com a mesma proficiência esperada de um estudante do 2º ano. O aluno do 9º ano possui conhecimento adequado para o 5º ano. No da última série do ensino médio, o estudante saiu da escola com defasagem de quase seis anos.
O secretário de Estado da Educação, Rossieri Soares, já havia reconhecido em abril de 2021 que os atrasos de aprendizado causados pela pandemia da Covid-19 podem demorar até 11 anos para serem revertidos. Com os resultados do Saresp já é possível mensurar o estrago e definir um plano para tentar diminuir o prejuízo na vida desses alunos o quanto antes. E se os dirigentes políticos não tratarem o assunto com a urgência e a preocupação necessária, o efeito nocivo da perda de aprendizagem irá afetar toda uma geração. Educação deveria pautar não só os candidatos ao governo nas eleições de outubro, mas deveria ser uma das maiores exigências dos eleitores.

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