BRS F63 (Camila) é apresentada a agricultores de Vargem

BRS F63 (Camila) é apresentada a agricultores de Vargem. Fotos: Reportagem

A cultivar de batata BRS F63 (Camila) foi apresentada a produtores de Vargem Grande do Sul e outros municípios, durante um Dia de Campo na Fazendo Amazonas, propriedade de Geraldo Canela, que fica na zona rural de Leme, realizado na última quarta-feira, dia 25.

O grupo saiu da Gran Safra Cereais em Vargem Grande do Sul e seguiu até a Fazenda Amazonas. Havia agricultores de Divinolândia, Vargem Grande do Sul, Canoinhas (SC), entre outras localidades e todos ouviram atentos as explicações do analista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Antônio César Bortoleto, a respeito desta nova cultivar de batata.

Antônio iniciou agradecendo a Geraldo Canela por receber todos em sua fazenda e também agradeceu a parceria com a Sociedade Cooperativa União Agrícola Canoinhas (Agrosem). Falou sobre algumas características da BRS F63, que é uma batata indicada para cozimento e assados, que engrossa muito rápido e é de bom romaneio, característica na qual ganha das outras. Em um romaneio especial, a batata Camila é muito produtiva e engrossa rápido os tubérculos. Ela é uma batata de dormência média e precisa ir durante um período para câmara fria, caso isso não seja feito, o produtor não terá um bom resultado.

Segundo o relatado por Antônio, já foi experimentado forçar e estufar a BRS F63 (Camila), mas não deu um resultado tão bom quanto colocá-la na câmara fria e quebrar a dormência. A Camila é uma batata que tem que ser plantada com broto e algumas hastes, cerca de quatro a cinco brotações para obter no mínimo cinco hastes, se não ela fica com tubérculos muito graúdos. Caso seja plantada com poucas hastes, vai ficar com uma imensidão de tubérculo. Devido a sua resistência ao vírus Y, a renovação de sementes desta cultivar dá para ir uma safra a mais do que de costume em outras variedades. E segundo o especialista, o pós-colheita dela é muito bom, afirmando que a BRS F63 aguenta muito mais tempo que a batata Ágata.

“A vontade nossa é que exista no mercado uma cultivar de batata brasileira, que até hoje não emplacou nenhuma”, disse. Ele relatou ainda que é difícil emplacar uma cultivar brasileira no mercado.

A lavoura de batata Camila demonstrada durante o Dia de Campo estava em seu 63º dia após o plantio e o engenheiro agrônomo que cuida da plantação na fazenda Amazonas, que fez uma avaliação sobre o cultivo da Camila, comentou que apesar dela estar entre as batatas Orquestra e Ágata, todas as mudas estão bem sadias, a incidência de canela (espécie de bactéria) é menor do que nas outras e que aparentemente, a Camila se mostra muito mais resistente, tolerante a alternária e a canela, Disse ainda que não houve problema de requeima  nesse tempo seco.

O analista da Embrapa ainda relatou durante a apresentação que a Camila tem um grande potencial de produtividade, vai bem com doses baixas de nitrogênio e tem a possibilidade de ser mais econômica na semente, pois não tem obrigatoriedade de ir para outro lugar produzir sementes para depois retornar e plantar em nossa região.

Além da apresentação na quarta-feira, a Embrapa também divulgou a nova variedade de batata para atacadistas da Ceasa de Campinas e da Ceagesp em São Paulo nos dias 24 e 26 de julho.

Em entrevista à Gazeta João Rigamonte Belmar, representante da BRS F63 (Camila), afirmou que o Dia de Campo foi muito bom. “Tivemos a presença de produtores de Brasília, Andradas, Leme, Franca, Divinolândia e de toda a nossa região”, comentou.

Para o produtor, os agricultores aproveitaram o evento para tirar suas dúvidas, degustar alguns produtos feitos com esta batata e conhecer mais a variedade. “Sempre ficamos na expectativa quando realizamos estas demonstrações, mas deu tudo certo, superou nossas o que esperávamos e fizemos um bom trabalho de divulgação”, avaliou.

Conheça a nova variedade

A BRS F63 Camila, segundo a Embrapa, é uma variedade de batata para o mercado fresco com boa qualidade culinária e resistência ao vírus Y, doença que causa degeneração das sementes e reduz a produtividade e a qualidade das lavouras. Ela foi desenvolvida pelo Programa de Melhoramento Genético de Batata da Embrapa e se originou do cruzamento C1750-15-95 x C1883-22-97 realizado em 2004. Foi testada e selecionada com base na sua aparência, rendimento e peso específico de tubérculos.

A Camila tem ciclo vegetativo médio e bom aspecto vegetativo, elevado potencial produtivo de tubérculos comerciais, período de dormência médio, moderadamente suscetível a requeima e à pinta-preta, extremamente resistente ao vírus Y da batata (PVY), baixa suscetibilidade a desordens fisiológicas nos tubérculos, exceto quando cultivada sob condições de temperaturas mais elevadas.

Sua resistência extrema ao PVY permite um número maior de gerações de multiplicação de semente, a tornando mais barata e com melhor qualidade que outras cultivares. Seu teor médio de matéria seca possibilita vida de prateleira mais longa no mercado e no armazenamento de sementes. A Camila é preferencialmente indicada para as regiões produtoras do sul do país e nas regiões sudeste, centro-oeste e nordeste não é recomendável realizar o seu plantio fora das épocas mais frias.

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