Mesmo morando a centenas de quilômetros de Vargem Grande do Sul, João Maurício Ribeiro de Andrade ainda mantém, além de família e negócios na cidade, um grande amor: a Romaria dos Cavaleiros de Sant’Ana.
João Maurício participou ativamente da Comissão Organizadora do evento durante 26 anos, muitos deles como presidente. À Gazeta, ele comentou as dificuldades das primeiras edições, as ideias que foram surgindo, os companheiros e muitos outros causos.
No final da década de 1970, ele já fazia parte da comissão, junto de Celso Ribeiro. Ele comentou que durante esses 26 anos, se recorda de muitas pessoas que trabalharam pelo evento, como Antônio Carlos Ranzani, Miguel Halla, Paulinho Pierin, Prates, Carlinhos Toninho Pereba, Tilica, monsenhor Décio Ravagnani, Gervásio, Cassinho Dutra, sua irmã Silvana, da Lúcia, Cidinha, entre muitos outros que o nome fugia da memória, apesar de insistir em buscar nas suas recordações para a reportagem. Além de participar ativamente da organização, João Maurício desfilava junto dos cavaleiros. Todos os anos, montava o cavalo Negrão, que era uma atração à parte.
No Bosque
João Maurício comentou que a primeira Romaria que participou foi uma que foi encerrada com um rodeio no bosque, no buraco onde foi construído pouco depois um açude. “Não tinha lugar, nem condições financeiras para fazer, mas juntou tanta gente. Foi um sucesso. As pessoas tinham que estacionar seus carros perto da praça e descer para o bosque a pé, porque já não tinha mais como parar perto”, recordou.
Com a proporção que o evento tomou, logo a Romaria começou a reunir mais gente e no ano seguinte, a festa de encerramento foi transferida para o espaço ao lado do Poliesportivo Ricardo do Patrocínio Rodrigues.
No começo, ele lembrou que os rodeios que eram realizados após a Romaria eram bem simples. A arena era cercada com varas de eucalipto e depois, com uma armação de ferragem e madeira. Uma das poucas medidas de segurança que era uma exigência do ex-prefeito Alfeu, era uma capa para os chifres dos touros e também das vacas bravas que serviam para as montarias. Nesses 26 anos de participação, a primeira Romaria que organizou foi a que mais marcou João Maurício. “A gente começava a organizar com três meses de antecedência. E não tinha recursos, a gente passava um Livro de Ouro, pedindo colaboração”, falou.
Causos
Ele se recordou que uma vez, assistindo a uma novela da TV Globo, os organizadores se encantaram com os carros de boi mostrados. Tanto pesquisaram que encontraram os carreiros, localizados em Ipuiuna (MG). E foram até a cidade mineira contratar os carreiros para desfilarem na Romaria. Até hoje os carros de boi são uma das atrações mais aguardadas pelo público da Romaria.
João Maurício comentou que partiu dele a ideia de se realizar uma missa relacionada à Romaria nos dias que antecedem a festa. Destacou que em uma dessas missas, celebradas pelo padre Décio, foram distribuídos botons em homenagem à Sant’Ana e à Romaria. Em outra edição, tercinhos foram entregues aos devotos. Houve uma missa em comemoração aos 25 anos da Romaria, que a comissão entregou um bolo ao monsenhor Décio. “Então ele disse, ‘mas só o padre ganha bolo? Mal sabia ele que a gente já tinha cestas com mais de 1.300 pedaços prontinhos para distribuir para a igreja toda”, contou.
Emocionado também se recordou quando ganhou junto do dr. Ranzani, uma imagem de Sant’Ana. “Guardo ela até hoje”, disse. João Maurício disse que muitos dos planos que tiveram ao longo dos anos, são executados até hoje, como as comitivas das comunidades rurais, as charretes e carroças seguirem na frente dos cavalos, entre outros.
“A Romaria antiga era de muita tradição religiosa e também rural. Mas como tudo, se modernizou. Ela continua muito bela, mas foi perdendo um pouco dessa coisa caipira. E também precisa sempre manter o resgate da religiosidade”, avaliou. “Mas todos os envolvidos na organização estão de parabéns, porque como eu lutei durante muitos anos por ela, eu sei que esta comissão também está lutando. Fico feliz de saber que eles estão dando continuidade”, disse.