Substância MMS que promete cura para Autismo, é falsa

Reportagem do Fantástico abordou o risco do MMS; Anvisa proíbe fabricação, distribuição e comercialização da substância. Foto: Reprodução Facebook

Colaboração: Thaís Barion

A substância MMS (sigla em inglês para solução mineral milagrosa) é comercializada em sites de compra e venda, prometendo cura do Autismo e diversas outras doenças como Aids, Malária e Alzheimer. O medicamento popularizado como MMS é na verdade dióxido de cloro, utilizado no tratamento de água e na formulação de produtos de limpeza, como alvejantes. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibe a fabricação, distribuição, comercialização e uso do produto desde junho de 2018. Mesmo assim a substância continua no mercado. No final de abril houve novas ações pela agência, visando a fiscalização e retirada de anúncios do dióxido de cloro da internet. O Mercado Livre era um dos sites que continham anúncios associando o medicamento ao tratamento de autismo. Oferecendo inclusive protocolos de uso para seus compradores. Em nota à Gazeta de Vargem Grande, a assessoria de imprensa da Anvisa informou que até o momento, foram derrubados mais de 200 anúncios. “Analisamos que o volume de novas introduções de anúncios da substância reduziu, porém ainda estamos identificando a presença deles e realizando as exclusões. Essa prática é uma infração sanitária, sujeita a multa. Além disso, é um crime contra a saúde pública, de acordo com o Código Penal.” O órgão também alerta as Vigilâncias Sanitárias dos estados e municípios acerca do comércio irregular do MMS. A psicóloga Miriana de Araujo Biazim alerta que “a substância não tem nenhuma comprovação científica quanto a resultados benéficos e positivos para o autismo. Pelo contrário, ela apresenta em sua composição substâncias tóxicas que trazem sérias complicações para a saúde da criança e sérios riscos de vida”, explica. Miriana é especialista em Terapia Cognitivo Comportamental pela Famerp e Análise do Comportamento aplicada ao autismo pela UFSCar.

Autismo

Segundo dados de 2017 da Organização Pan-Americana de Saúde, uma em cada 160 crianças tem Autismo no Brasil. O espectro é uma alteração da capacidade comunicativa, a qual reflete na linguagem e no comportamento social, geralmente mais restritos. Pode também resultar em uma capacidade intelectual inferior à considerada normal ou uma facilidade de aprendizagem acima da média. Da mesma forma que existem pessoas que necessitam de cuidados durante a vida toda, outros são independentes. A alteração comportamental engloba vários níveis de transtorno, desde o Autismo Clássico à Síndrome de Asperger. Por isso é considerado um espectro, o qual se resume no diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Apesar das causas serem desconhecidas, fatores como os genéticos e ambientais são apontados como influenciadores no desenvolvimento do espectro, conforme a Organização Pan-Americanas de Saúde. O diagnóstico é feito pela observação dos comportamentos, os quais podem aparecer até mesmo antes dos 3 anos de idade. Segundo a psicóloga Miriana, houve um maior aprimoramento nos processos de avaliações e na rede de informações sobre o TEA, possibilitando o rastreamento precoce de sinais. É importante esclarecer que não há cura, apesar de muitos medicamentos prometerem isso. Atualmente há muitos tratamentos voltados para o TEA. “Buscam propiciar a aprendizagem de novos comportamentos deficitários que abrangem a área da comunicação, de aspectos de ordem social e sensorial. Porém a única com comprovação científica de eficiência e eficácia para o tratamento no autismo, é a análise do comportamento aplicada (ABA)”, explica Miriana. ABA é uma ramo da análise do comportamento que busca intervir em áreas que a pessoa possui déficit através do método de aprendizagem. O objetivo é melhorar a comunicação e o comportamento social. Os pais acabam acreditando em produtos que prometem a cura na esperança de conseguir algo melhor para seus filhos. A Anvisa acrescenta a importância da ação da sociedade em parceria com o órgão para que mais rapidamente o MMS seja retirado do mercado, garantindo proteção às pessoas. “Apenas medicamentos registrados possuem os requisitos fundamentais para garantir a segurança e a eficácia dos tratamentos. Assim, queremos continuar realizando ações para responsabilizar os fabricantes quando eles não cumprirem com as obrigações sanitárias”, aponta a assessoria. Mesmo com todas as manifestações pela mídia, ainda existem pais convencidos da eficácia do produto. “Porém é possível verificar que há um movimento por parte de profissionais, familiares e pessoas que estão envolvidas direta ou indiretamente ao TEA, que estão buscando conhecer e aprender cada dia mais, quanto às necessidades e os direitos acerca do autismo”, finaliza a psicóloga Miriana.

O Produto

O MMS foi criado por Jim Humble, ex-garimpeiro norte americano e fundador da Genesis 2 – Igreja da Saúde e Cura. Segundo ele, a descoberta foi em 1996 em uma expedição na América  do Sul quando seus amigos contraíram malária e foram curados com a substância. Hoje considerada sagrada na igreja de Humble.

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