Melodia do Natal

Pe. Luís Fernando
Segundo os relatos bíblicos, na noite natalina ouvia-se no céu o cantar dos anjos “glória Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens de boa vontade “.
Conta-se que o famoso músico Beethoven, era surdo, compunha suas belíssimas sinfonias mas não as escutava.
O que isso tem a ver com o Natal?
Para responder essa pergunta convido-vos a fazer uma memória histórica deste ano, o segundo de uma pandemia mundial, marcado por tantos desafios, tantas dores e tantas perdas.
Ao chegarmos nesse tempo de Natal poderíamos dizer: “como cantar noite feliz, num ano que foi triste”?
Eu responderia: imagine se por causa da surdez Beethoven deixasse de tocar suas sinfonias.
A surdez, ao invés de apagar a sua música, tornou-a mais pura, e assim também faz a aridez com a nossa dor, se perseverarmos nela, se torna mais purificada passando de dor à amor.
A música continua mesmo quando tudo parece triste. Não cantamos a partir de nós, mas cantamos a partir de um Outro que cria e não é criado.
Esse outro é chamado de Pai, cujo o maior atributo é a misericórdia. Esse Pai nos enviou o Filho, que nasceu pobre na manjedoura para enriquecer nossa pobreza.
Para nós cristãos isso é um mistério, Deus que se fez humano.
Quando olhamos a vida de Jesus da manjedoura à cruz, vendo o reflexo da nossa vida marcada por tantas cruzes.
Mesmo em meio às cruzes a melodia divina continua sendo executada.
Deus canta, mesmo quando nós não o escutamos.
Deus canta em meio a nossas angústias, como também canta em meio às nossas festas.
A festa do Natal nos lembra que somos peregrinos, estamos sempre a caminho, mas não caminhamos sozinhos, tem uma Presença misteriosa que caminha conosco.
Lembro-me aqui de um pensamento de Santo Agostinho:
“Canta, mas caminha; cantando, alivia a fadiga, mas não te dês à preguiça; canta e caminha. (…) Tu, se progrides, caminhas. Mas progride no bem, progride na verdadeira fé, progride na vida santa. Canta e caminha”.
Se Deus continua cantando em nossos ouvidos mesmo quando não o escutamos, então o Natal é o tempo da melodia de Deus.
Abramos nossos ouvidos para ouvir, nossos lábios para cantar, nossos corações para amar.

Pe. Luis Fernando Silva
Natural de Vargem Grande do Sul, atualmente é padre em Mogi Guaçu e assessora o bispo diocesano como Coordenador Diocesano de Pastoral. Professor de Metafísica e Eclesiologia no INTEFISA de Mococa. Graduado em Filosofia pelo Instituto Coração de Maria, bacharel em Teologia pela PUC- Campinas, especialista em acompanhamento espiritual pela UNISAL e mestrando em teologia sistemática pela PUC- PR

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