
O requerimento 14/22, de autoria do vereador Celso Itaroti Cancelieri Cerva (PTB) foi debatido na sessão da Câmara Municipal do dia 15 de fevereiro. Nele, o vereador traz que pacientes que precisam de transporte na área da saúde municipal o procuraram e relataram a grande espera para voltar à cidade, bem como, saída perigosa para pegar a van no ponto durante a madrugada.
Foi informado que a van sai de Vargem Grande do Sul às 3h45 da manhã, levando os pacientes que fazem tratamento na cidade de Campinas, na Unicamp. O atendimento dos pacientes é das 9h às 13h. “Acontece que o motorista sai do local às 12h e os pacientes que ainda não foram atendidos ficam para trás, tendo que vir na próxima vez que pega os pacientes que são atendidos no horário da tarde, onde acabam chegando às 19h em Vargem”, explicou o vereador.
De acordo com o requerimento, os pacientes reivindicam que a van espere o último paciente da manhã ser atendido para depois retornar para Vargem, pois muitos são idosos, mães e crianças e não têm condições de fazer refeição e lanche, ficando o dia todo sem comer. “Reivindicam ainda a possibilidade da van passar no endereço de cada paciente em razão do horário, pois tem muitos que não têm veículos próprios e nem mesmo acompanhantes para saírem de seus lares e irem até o ponto de lotação”, pontuou.
Diante do informado e visando melhorar o atendimento à população, Itaroti questionou por que motivo a van que leva os pacientes que são atendidos na parte da manhã na Unicamp não espera a última consulta para retornar para Vargem e se há possibilidade da van passar nas residências dos pacientes em razão do horário que a van sai, que é às 3h45.
O requerimento foi colocado em discussão e o vereador fez uso da palavra, ressaltando que está tendo uma reclamação muito grande nesse sentido. “Primeiro porque o cidadão sai às 3h45 e é atendido de manhã, mas alguns acabam atrasando e esse que atrasa, o pessoal não está esperando. Não sei qual é a determinação da diretora de saúde nesse sentido, mas imagino que se ele vem embora e larga aquele que chegou lá às 3h45, ele vai ficar à tarde para ir embora com o pessoal que foi depois do almoço”, disse.
“Acredito que isso está judiando muito das pessoas e o pessoal está reclamando porque às vezes não tem dinheiro para almoçar e tomar café, às vezes é pessoa de idade, às vezes é pessoa debilitada, às vezes está com criança, então acho que o justo seria aguardar esse pessoal de manhã e trazer embora, depois o pessoal da tarde que está indo a tarde, vem com o pessoal da tarde. E outra coisa, às 3h45 da manhã você sair de casa para se juntar ao pessoal, o risco que essa pessoa está correndo nesse horário é muito grande. Não precisa nem ser na casa, mas mais próximo”, completou.
O vereador Hélio Magalhães Pereira (DEM) pontuou que, de fato, é um horário muito perigoso para os cidadãos transitarem pelo município. “A bandidagem nesse horário está a todo vapor”, falou.
O vereador e presidente da Câmara Paulinho da Prefeitura (PSB), parabenizou Itaroti pelo requerimento e informou que também foi procurado por duas pessoas que estão com câncer na garganta, que fazem tratamento em Américo Brasiliense, moradoras do Jardim Primavera e Vila Polar. “Elas saem nesse horário mencionado, muitos não tem o que comer, não tem dinheiro. Mas o povo de Vargem é bom, às vezes tem uma condição melhor e leva bolacha ou fruta e acabam ajudando esses pacientes. É triste porque uma dessas pacientes me relatou que retorna a Vargem Grande do Sul por volta de 23h30, 0h, pois deixam eles na cidade e vão até Jaú, pegando eles na volta”, comentou.
Paulinho contou que também foi procurado por duas senhoras da Santana que precisam ir até o PPA de madrugada para pegar ônibus. “Não é justo uma pessoa de 87 anos fazer isso, mesmo acompanhada da filha de 60 anos. Como disse o Magalhães, é nesse horário que pega a bandidagem. Não precisa ser na casa, mas um ponto mais próximo”, disse.
O vereador ressaltou sobre o projeto do kit lanche apresentado pelo vereador Guilherme Nicolau (MDB), onde outros municípios também já se prontificaram a doar. “Se tem assistente social na saúde, que faça esse levantamento, tem tantos veículos novos, mas principalmente essas pessoas com câncer, sair de casa 3h e voltar 0h e com a situação financeira do Brasil inteiro, principalmente essas pessoas não têm o que comer”, comentou.
Ele pontuou que foi procurado e verificou no dia da sessão que há um pessoal fazendo hemodiálise em São João da Boa Vista e uma das vans não tinha ar. “A resposta que me deram é que outros pacientes que vão juntos não querem que ligue o ar condicionado, com esse calor, com essa situação, deveria-se pensar nesse pessoal também”, falou.
Itaroti lembrou que não sabe se continua, mas que em Caconde, na administração passada, existia o kit para entregar para as pessoas que iam para Unicamp ou qualquer lugar na área médica que voltaria fora de horário. “Acredito que se lá em Caconde fez, aqui deveria também”, disse.
A vereadora Danutta de Figueiredo Falcão Rosseto (PRB) também fez uso da palavra e pontuou que, na Casa de Leis, debate-se muito a questão da saúde. “E, com relação a esse requerimento, tratamos de uma parcela, de um grupo menor de pessoas, então por que não dar essa assistência de pelo menos tentar buscar cada um em casa? Não são tantas pessoas comparado a outros problemas que temos, como a falta de médicos”, comentou.
“Falei na última sessão: por que não resolver as coisas que são mais simples de serem resolvidas, como esse requerimento do vereador Celso? Já que outros problemas na saúde como a falta de médico são mais complexos por envolverem outras pessoas e não conseguem ser solucionados, por que não tentar já resolver este? Sobre o projeto do kit lanche do vereador Guilherme para essas pessoas que, em sua maioria, não têm condições de se alimentar nos lugares de exames e tratamentos”, questionou.
Kit Lanche
O vereador Guilherme, por sua vez, pontuou que uma coxinha na Unicamp é R$ 12,00 e que, quem geralmente vai viajar, principalmente criança, vai com acompanhante. “Eu acho que todos os vereadores já foram procurados por pessoas pedindo ajuda pra gente pra viajar, porque chega lá e alguém tem que ficar sem comer e a mãe não vai deixar a criança sem”, afirmou.
“Na época ficava R$ 3,50 barrinha de cereal, todinho e eu acho que uma fruta. Se abrir uma licitação grande, cai pra uns R$ 1,50 ou R$ 2,00. É muito pouco o custo pelo benefício que traz, se não quiser dar esse kit, então pede pra assistente social acompanhar isso, faz um cartão, faz alguma coisa, um vale, um convênio com algum restaurante popular lá perto, sei lá, mas tem que ajudar”, completou.
Reembolso
João Batista Cassimiro, o Parafuso (PSD) informou que há muitas pessoas que não sabem que podem retirar R$ 25,00 na Prefeitura para ele e, se for com companheiro, mais R$ 25,00 nessas viagens. “Tem muita gente que vai e não sabe. Você pega um papel na Promoção Social e tira R$ 25,00 na prefeitura, sendo mais R$ 25,00 para o acompanhante, e tem muita gente retirando”, disse.
Itaroti pontuou que se isso funcionar de fato, seria positivo. “Mas se for pegar na Promoção Social e atenderem como atende para pegar cesta básica, o tempo que demora para atender, aí tem que marcar 30 dias antes para ir. Se estiver fazendo, é bom para a população ver. Agora, antes de viajar, passa na Promoção e pega o valor. O problema de ir lá, é aquela história de fazer ficha para ver se tem ou não direito e no fim vai dançar de novo, porque o certo é dar para todo mundo”, comentou.
Parafuso ressaltou que o paciente deve passar no médico, pegar um papel que esteve lá, pegar a notinha e levar na Promoção, sendo reembolsado com R$ 25,00 para si e R$ 25,00 para o acompanhante. Itaroti, então, rebateu que a pessoa não tem dinheiro para comprar e ser reembolsada. “Vão me desculpar, mas não é a mesma coisa. Tem que dar o dinheiro para a pessoa ir e ela traz a nota, agora mandar pagar e reembolsar depois, quem tem dinheiro tudo bem”, disse.
Por fim, o vereador Parafuso comentou que, é melhor que tenha o reembolso dos R$ 25,00 para o paciente e mais R$ 25,00 para o acompanhante do que nada. Em seguida, o requerimento foi aprovado por todos os vereadores.