Como em um país considerado celeiro do mundo, com um agronegócio sólido, próspero e que é o principal motor da economia nacional, há pessoas passando fome? Má distribuição de renda, modelo de monoculturas, inflação alta. O Brasil bem alimentado, que nunca viu um prato de comida vazio, desconhece a realidade de quem teve que substituir a carne vermelha pelo frango, o frango pelo ovo e agora tem que escolher quando vai comprar o ovo.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 1,73% em abril, valor 0,78 ponto percentual maior que a taxa de março (0,95%), segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no final de abril. Essa foi a maior variação mensal do indicador desde fevereiro de 2003 (quando chegou a 2,19%), além de ser a maior variação para um mês de abril desde 1995 (1,95%).
A inflação vai comendo o poder de compra do consumidor. Quem ganha pouco, sente muito. O salário vai sumindo e a cada ida ao mercado, menos se consegue trazer para casa. E se não é culpa do governo federal os indicadores terem chegado a esse patamar é sua obrigação criar políticas de combate eficientes. O que não se pode é deixar o povo passando necessidade.
Neste domingo, é celebrado o Dia das Mães e elas sabem muito bem como essa inflação tem feito as despensas e geladeiras mudarem, esvaziarem. Uma mãe pode suportar tudo, mas não a um filho passando fome. Em Vargem Grande do Sul, não há registros de pessoas que estão em situação de fome. Mas há muitas famílias que dependem de programas sociais, ajuda da prefeitura e de entidades e que sentem os efeitos práticos desse mal.
Assim, essas mães vão se desdobrando, procurando fontes de renda. Revender roupa, cosméticos, vender quitutes, fazer faxina, tudo o que for possível para juntar um dinheiro a mais, para fechar o mês. Na cozinha, economizam nos ingredientes, cuidam para que o gás não seja desperdiçado, tiram do próprio prato para que não falte no do filho.
Elas são guerreiras sim. Dão nó em pingo d’água. Mas isso não pode ser romantizado. Superar essas adversidades da miséria é um ato de bravura, mas não deveria ser tão comum. O ideal seria que todos tenham condições dignas de trabalho e de renda que possam garantir necessidades básicas de alimentação, saúde, lazer, educação. E isso não deveria ser utopia. Ainda mais no Brasil, maior produtor de alimentos do mundo.
A todas essas mães, que travam essa luta diária de sempre dar uma vida melhor e digna a seus filhos, nossas homenagens.