Eleita nova diretoria do Hospital de Caridade

Novo provedor diz que quer tornar entidade uma “empresa lucrativa”

Como já havia sido noticiado pelo jornal, foi eleito no dia 19 de dezembro, a nova diretoria do Hospital de Caridade, tendo como provedor o industrial e ex-proprietário da Bombas Thebe, Wagner Vilela Cipolla. Ele assume no lugar do empresário Wilson Secco, que dirige a entidade desde fevereiro deste ano, até o dia 31 de dezembro, quando deve passar o cargo.
Wagner assume tendo como vice-provedor o agropecuarista Carlos Alberto de Oliveira Filho e na entrevista que concedeu ao jornal Gazeta de Vargem Grande, afirmou que assume o hospital com um déficit apurado em mais de R$ 3.200.000,00 e que a previsão para 2018 era que este deficit aumentaria para R$ 6.900.000,00.
Apesar dos números negativos, o empresário tem em mente que neste um ano que vai ficar à frente do nosocômio, em torná-lo uma entidade lucrativa. Junto também assume como secretário o industrial José Carlos Buscariolli e como tesoureiro o contador Denilson Fonseca Fracari. O Conselho Deliberativo será presidido por Cássio Abrahão Dutra e o Conselho Fiscal a Aparecido Giácomo Ranzani.
O jornal também ouviu o atual provedor Wilson Secco e este afirmou que assumiu um mandato provisório e que a principal causa do deficit do hospital é com relação ao pagamento do SUS, que não reajusta a tabela desde 2008 e cujo valor pago por uma diária com cinco refeições, serviço de enfermagem, limpeza e troca de roupas, é de R$ 9,42. Hoje, 72% dos atendimentos no hospital, são de pacientes provenientes do SUS.
Sobre a questão da dívida, Wilson disse que quando assumiu, a dívida consolidada era de aproximadamente R$ 1.300.000,00 – até então o hospital fora administrado tendo como provedor o empresário Luciano Carril – e que a previsão para 2017, era de um deficit de R$ 1.500.000,00, sendo que nestes valores não incluíam R$ 300.000,00 para pagamento de férias vencidas e cerca de R$ 400.000,00 para eventuais condenações de ações em andamento.
Veja a entrevista dada pela atual provedor Wilson Secco e também pelo novo provedor Wagner Cipolla.

ELEIÇÃO DA MESA ADMINISTRATIVA, CONSELHO DELIBERATIVO E CONSELHO FISCAL, REALIZADA EM 19-12-2017.
Mesa Administrativa para complemento do mandato referente ao período de 01/01/2018 a 31/12/2018:
Provedor – Wagner Vilela Cipolla
Vice-Provedor – Carlos Alberto de Oliveira Filho
Secretário – José Carlos Buscariolli
Tesoureiro – Denilson Fonseca Fracari
Mesários – Ângelo Longuini Neto
Lucas Aparecido Ferreira
Murilo Bignardi Halla

Conselho Deliberativo de 01/01/2018 a 31/12/2019:

Presidente – Cássio Abrahão Dutra
Vice-Presidente – Wilson Roberto Secco
1º Secretário – Luís Carlos Martins
2º Secretário – Jair Sposito Gabricho
Conselheiros – Márcio Milan de Oliveira
Miguel Ângelo Arantes Perroni
Reneu Zamora
Suplentes – Alexandre Morandin Ranzani
Cristiano Ribeiro
Daniel Orlando Cachola
Dionísio Anselmo Cachola
Luís Fernando Franchi Nones
Walter Josué Gomes Ruy

Conselho Fiscal de 01/01/2018 a 31/12/2019:

Presidente – Aparecido Giácomo Ranzani
Conselheiros – Antônio Paulo de Jesus Ribeiro
Aparecido Antônio Nones

WILSON SECCO fala sobre sua gestão

WILSON SECCO fala sobre sua gestão. Foto: Arquivo Pessoal

Gazeta: Por quanto tempo o senhor permaneceu como provedor do Hospital de Caridade?
Wilson: Fui eleito presidente do Conselho para o biênio 2016/17 e por falta de quem assumisse a Mesa e evitar qualquer solução improvisada, aceitei a Provedoria em 01/02/2017, para um mandato provisório de seis meses, que acabou se estendendo até o dia 31/12/2017.

Gazeta: Nesse período, quais foram as principais dificuldades?
Wilson: As financeiras sem sombra de dúvidas, causadas principalmente pelo fato dos atendimentos do nosso Hospital serem de 72% de pacientes do SUS e o governo, responsável pelo pagamento, não reajusta a sua tabela para procedimentos e internações desde 2008, gerando assim um enorme deficit para a entidade. Para se ter uma ideia desta defasagem, como exemplo cito a diária de internação que engloba serviço de enfermagem, limpeza do quarto, troca de roupas de cama e cinco refeições, sendo o Hospital remunerado pelo SUS no valor irrisório de R$ 9,42.

Gazeta: Como está a situação financeira do Hospital de Caridade agora? E como estava quando você assumiu?
Wilson: Quando assumimos, a dívida (corrente) consolidada era de aproximadamente R$ 1.300.000,00 e a previsão orçamentária para 2017 apresentava um déficit de R$ 1.500.000,00. Estes valores não incluíam R$ 300.000,00 para pagamento de férias vencidas e cerca de R$ 400.000,00 para eventuais condenações de ações em andamento.
No decorrer deste ano, com muito esforço, implantamos algumas medidas e com a colaboração dos envolvidos conseguimos equilibrar as despesas e receitas deixando a dívida praticamente estável até o mês de outubro. Em novembro, devido principalmente a intercorrências no plano de saúde, este valor já subiu e em dezembro, com todas as despesas de final de ano, a contragosto projetamos mais um incremento.
Gostaria de registrar e destacar, que nos tempos atuais, qualquer entidade filantrópica não sobrevive sem ajuda externa.
Felizmente, neste ano criou-se a Associação Setembro, que além da perspectiva de importante ajuda financeira para 2018, já é vitoriosa, pois conseguiu o mérito de sensibilizar e mobilizar a população de forma a enxergar o Hospital, como de fundamental importância para a saúde no município, sendo a única entidade que beneficia toda a população.
Independente de tudo isto, depois de um tempo à frente da entidade, posso garantir que vamos precisar de muito empenho e apoio dos políticos e administradores públicos, para que nosso hospital no mínimo continue no mesmo patamar que se encontra, ou seja, melhor do que a grande maioria das Santas Casas da região e por que não dizer, do Brasil.

Gazeta: Qual seu conselho para o futuro provedor?
Wilson: O Wagner é extremamente capacitado para assumir este cargo e tenho certeza que está preparado. Então, ao invés de conselho fica aqui o meu desejo que ele tenha muito sucesso e conte comigo no que precisar.
Aproveito a oportunidade para agradecer todo o grupo que fez parte desta administração, funcionários, médicos, enfermeiros e todos os que me acompanharam, Mesa e Conselho, nesta difícil jornada, que Deus recompense a todos.

Wagner Cipolla comenta seus planos para a entidade

Wagner Cipolla comenta seus planos para a entidade. Foto: Arquivo Pessoal

Gazeta: Quais suas expectativas para seu período como provedor?
Wagner: Minhas expectativas durante o cargo de provedor do Hospital de Vargem Grande é que este possa ser um Hospital modelo para a cidade e região, passando a ser admirado por todos que necessitem ou não de cuidados médicos.
Além disso, tenho em mente que este Hospital passe a ser uma entidade lucrativa.

Gazeta: Quais serão suas primeiras iniciativas junto ao Hospital de Caridade?
Wagner: Primeiramente, é necessário o pagamento de todas as contas que estão em atraso. Dívidas diversas, como férias de funcionários, honorários de médicos e dívidas com os fornecedores dos produtos utilizados pelo Hospital.

Gazeta: Será realizada alguma espécie de auditoria ou levantamento sobre a situação financeira ou dos processos administrativos do hospital?
Wagner: Sim. Antes mesmo de repassar qualquer ajuda ao hospital, nossa equipe custeada pela Cooperbatata realizou uma auditoria para verificação do deficit real do Hospital de Caridade de Vargem Grande do Sul.
Com muito pesar, o deficit apurado ultrapassa o valor de R$ 3.200.000,00. Para o ano de 2018, a previsão de que este deficit aumentaria para R$ 6.900.000,00.
Contudo, buscando soluções, em uma reunião com o prefeito desta cidade, Amarildo, o mesmo nos garantiu inicialmente uma ajuda de R$ 1.200.000,00 para o ano de 2018.
Visto que esta verba prometida ainda não seja suficiente para que solucione o deficit financeiro do Hospital, este prometeu novas reuniões, a partir de janeiro, buscando outras alternativas para complementação destas verbas.
O objetivo da auditoria realizada nunca foi com o intuito de identificar os responsáveis pelo Hospital se encontrar em tamanho prejuízo, pois infelizmente sabemos a grande dependência do repasse com o Sistema Único de Saúde (SUS) bem com os da prefeitura, mas sim buscar um novo caminho para solucionar os problemas que foram encontrados.
Infelizmente, constatamos que se o Hospital continuar neste caminho de dependência e pouca ajuda, “o cenário mais próximo que acontecerá será o encerramento de suas atividades, por não ser capaz de honrar com seus compromissos”.
Vale ressaltar que no relatório da auditoria não foi apontada qualquer irregularidade que desabone as administrações anteriores.

Gazeta: Qual será a participação da Associação Setembro nessa nova fase do Hospital de Caridade?
Wagner: A Associação Setembro teve como propósito inicial, a criação de um grupo de pessoas íntegras, sem nenhuma participação política e com único objetivo de ajudar o Hospital e todas as entidades filantrópicas da cidade de Vargem Grande do Sul.
Após a notícia que o Wilson não teria mais interesse em continuar no cargo de provedor do Hospital de Caridade de Vargem Grande do Sul, a Associação Setembro me convidou a assumir tal cargo, onde se prontificaram em ajudar o que fosse necessário para esta missão, o qual aceitei prontamente.
Atualmente, a Associação Setembro tem como objetivo providenciar junto a sociedade, e principalmente junto aos políticos, recursos necessários para o Hospital e outras entidades desta cidade.

Gazeta: Já foi realizado contato com os dirigentes do Corpo Clínico? Como será essa relação entre provedoria e médicos?
Wagner: Neste primeiro momento temos que entender melhor o que se passa dentro do Hospital, por este motivo, não houve ainda contato com os dirigentes do Corpo Clínico, o que será realizado posteriormente. Porém, a maioria dos médicos que trabalham no Hospital me conhecem e sabem da minha integridade e conduta junto a Thebe Bombas Hidráulicas, empresa esta que sempre a administrei com a parceria de todos, pois trabalho em equipe é a única maneira de se obter ótimos resultados em menor espaço de tempo.

Gazeta: Como o senhor vê o Hospital de Caridade hoje?
Wagner: Em minha opinião, o Hospital de Caridade é muito bem equipado, porém, há muito trabalho a ser realizado para se tornar uma empresa organizada, com seus centros de custos definidos, folha de pagamentos integradas no sistema, etc.
E a partir disto começar a preparar o Hospital de Caridade para se tornar uma “Empresa Lucrativa”.

Gazeta: Como gostaria de entregá-lo ao próximo provedor?
Wagner: Gostaria de repassar meu cargo com todos meus objetivos ditos acima cumpridos. O Hospital de Caridade de Vargem Grande tem grande potencial para se tornar um “Hospital Referência” no interior de São Paulo, com as contas totalmente equilibradas e que não necessite de uma mão forte e muito tempo de dedicação do próximo provedor pois, sabemos que a maioria destas pessoas precisam dedicar mais tempo em seus negócios particulares.

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