Dia 2: Dia Mundial da Conscientização do Autismo

André Hayato Canato Inayama. Foto: Arquivo Pessoal

No dia 2 de abril é comemorado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. A data busca conscientizar as pessoas a respeito do autismo, um transtorno do desenvolvimento do cérebro que afeta cerca de 70 milhões no mundo todo.
A data foi instituída em dezembro de 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU), com o intuito de alertar as pessoas e governantes sobre o tema, ajudando desta forma, esclarecer a todos e a derrubar preconceitos.
No Brasil, o Dia Mundial do Autismo no Brasil costuma ser celebrado com palestras e eventos públicos, visando conscientizar e informar as pessoas sobre o que é o autismo e como lidar com ele.

O autismo

Na página da Internet www.entendendoautismo.com.br vários artigos abordam o tema e buscam oferecer informações às pessoas a entender um pouco mais sobre o autismo.
Desde 1980 o autismo, ou como é caracterizado atualmente Transtornos do Espetro Autista (TEA), tem sido descrito no Manual de Transtornos Mentais (ou DSM) que possui expressiva importância nos parâmetros clínicos dos diagnósticos de transtornos neuropsiquiátricos em todo o mundo.
O autismo é descrito em geral como sendo um distúrbio de desenvolvimento que leva a severos comprometimentos de comunicação social e comportamentos restritivos e repetitivos que tipicamente se iniciam nos primeiros anos de vida. “Comparando a uma criança com desenvolvimento típico, normal, o autismo é uma condição que severamente compromete a capacidade de se comunicar com os outros, de perceber acontecimentos compartilhados, de expressar o que sente ou pensa nas mais diversas situações, de utilizar as palavras de acordo com o contexto e estas características atrapalham gravemente o desenvolvimento global da criança. Se não bastasse, a presença de “manias”, posturas ou atos repetitivos, rituais e interesses restritivos independente do público ou local em que a criança portadora esteja desarticula e fragmenta ainda mais a evolução de suas habilidades sociais e adaptativas nos desafios que o ambiente imprevisivelmente apresenta”, conforme traz o texto de um dos artigos do site.
Muitas crianças autistas têm distúrbios sensitivos e perceptivos visuais, auditivos e de sensibilidade na pele, levando elas a uma elevada sensibilidade para barulhos, luzes, ruídos específicos, agrupamento de pessoas e para determinadas cores e formas de ambiente. O autista, por outro lado, pode ter baixa percepção para a face humana, interpretação global das funções dos brinquedos e também ignorar momentos de controle social, como regras e rotinas dos lugares onde visita.

Mães falam sobre o dia a dia com um filho autista

Em Vargem Grande do Sul existem várias pessoas com autismo e a Gazeta de Vargem Grande conversou com duas mães para saber um pouco mais sobre seus filhos e quais as dificuldades e preconceitos enfrentados por suas famílias.

Ronaldo

Ronaldo da Silva, de 22 anos, é filho de Rosa e Rubeval e irmão de Rafael e Rosiane. Rosa relatou à Gazeta que a maior dificuldade que a família tem é quando o Ronaldo fica doente, pois ele não sabe expressar o que está sentindo, onde dói e assim, fica difícil descobrirem o que está acontecendo. Fora isso, ela comentou que a rotina é tranquila, porque o Ronaldo é um menino muito carinhoso e feliz.
Ela também relatou que o filho não bebe e não come bolachas e pães sozinho, se alimenta sem ajuda, mas é preciso deixar os alimentos preparados e picados. Ao ser questionada sobre como é ter um autista na família, Rosa comentou que Ronaldo é um “presente de Deus” e que a família o ama como ele é.

André

André Hayato Canato Inayama, de 6 anos, é filho de Cristiane e Marcos e irmão de Beatriz. Sua mãe contou à Gazeta que no início, quando receberam o diagnóstico, André tinha dois anos e a maior dificuldade da família foi encontrar terapias e acompanhamento médico, tanto pelo convênio quanto pelo SUS. Também a inclusão na escola regular pois há a boa vontade de alguns profissionais, porém ela avalia que não existe preparo para receber a criança autista, muitas vezes por falta de conhecimento.
Ela relatou que hoje o André faz terapia e acompanhamento médico pelo SUS e está estudando na APAE, que é totalmente preparada para recebê-lo e dar uma educação adequada para o seu desenvolvimento e a família tem uma ajuda parcial do SUS com a medicação.
Ao ser questionada sobre como é ter um autista na família, Cristiane comentou que é “como andar em uma montanha russa”, pois uma hora o filho está feliz, na seguinte está nervoso e ao mesmo tempo ele transmite um amor puro, alegria que os contagia e de repente entra em crises por não saber lidar com as frustrações. Ele ainda não fala. Ela comentou que às vezes para a família é estressante, eles não têm descanso, pois André é uma criança hiperativa, tem ansiedade e durante anos ele não dormia a noite toda e tiveram que entrar com medicação controlada.
Ela comentou que André tem seletividade alimentar e começou a usar talheres cerca de um ano atrás, pois ele tinha a necessidade de colocar a mão na comida para sentir sua textura e temperatura. Ele ainda usa fraldas e estão tentando o desfralde. Cristiane ainda comentou que é difícil para a família ter vida social, pois não é em todos os lugares que André se sente bem.
Ao perguntar se já sofreram algum tipo de preconceito, Cristiane ponderou: “não digo que seja preconceito, mas por falta de conhecimento as pessoas não entendem e ficam nos olhando. Ás vezes, até com olhar crítico quando estamos em lugares públicos e ele entra em crise nervosa, pois não consegue esperar muito tempo para ser atendido e tem o direito de ser atendido com prioridade, mas nem sempre esse direito é respeitado, algumas vezes já precisei brigar para que meu filho tivesse prioridade no atendimento”, disse.

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