Primeira audiência sobre homicídio de Gláucio foi realizada

O advogado Murillo Andrade representou a família de Gláucio. Foto: Reportagem

A primeira audiência na Justiça do processo sobre o crime que resultou no assassinato do bancário e cinegrafista vargengrandense Gláucio Donizetti da Costa, em 30 de julho de 2018, foi realizada na última segunda-feira, dia 14. A audiência aconteceu no Fórum de Vargem Grande do Sul.

Na ocasião, foram ouvidos os depoimentos das testemunhas de acusação e também do autor do crime, Jhonatan de Araújo Miranda, que foi acusado pelo latrocínio – roubo seguido de morte – de Gláucio. Entre as testemunhas de acusação estavam o taxista que levou Jhonatan para a rodoviária, a mulher que chamou o táxi para o acusado, um representante da Polícia Civil, um da empresa de monitoramento de segurança da casa de Gláucio e um sobrinho da vítima.

Participaram da audiência, o juiz Christian Robson Teixeira, o promotor Leonardo Meizikas, o advogado de defesa Maurício Rosa Júnior e o advogado assistente de acusação, Murillo Andrade.

As testemunhas de defesa serão ouvidas por carta precatória, ou seja, em outra cidade, em audiência a ser determinada e marcada pela Justiça.

À Gazeta de Vargem Grande, o advogado assistente de acusação, Murillo Andrade, comentou o caso. “Em análise do processo, toda a investigação e todo o relatório feito pela Polícia Civil foi espetacular, agiram de forma muito rápida a identificar o criminoso. O próprio Ministério Público em seu papel, ao fazer a denúncia, descreveu minuciosamente às circunstâncias dos fatos, como ocorreram, a motivação do crime, e pedindo a condenação de Jhonatan no crime de latrocínio”, observou Murillo.

O advogado ainda falou sobre a pena e os detalhes do crime. “Diante dessa gravidade, claro que a acusação vai buscar a condenação máxima desse criminoso, porque foi um crime bárbaro e premeditado elaborado por Jhonatan. Após a morte de Gláucio, ele limpa toda a cena do crime, ele subtrai bens de Gláucio, faz uma limpa nos materiais eletrônicos de forma premeditada, para encobrir o próprio crime ele subtrai um aparelho chamado DVR, que fazia gravações das câmeras internas e externas da casa de Gláucio. Ele limpa toda a cena do crime, limpa todo o sangue e modifica a cena do crime para ficar impune”, disse Murillo.

“Logo após o assassinato, ele foge em direção a sua cidade, que é Tatuí, e no meio do caminho ele começa a postar fotos na internet e em conversas com amigos, via WhatsApp, mostra que estava muito feliz, debochando e fazendo cara de sarcasmo nas fotografias, dizendo que havia adquirido o tão sonhado aparelho de tecnologia, que eram as máquinas. Então, é um rapaz com uma índole criminosa muito acentuada, apesar da pouca idade. Vamos pedir o que é dentro da lei, então no caso de latrocínio, a pena máxima de 30 anos”, contou o advogado.

Processo

O advogado ainda falou sobre a condução do processo. “Essa primeira audiência é uma audiência de instrução, onde é ouvido as testemunhas, o próprio réu, e após terá a audiência para ouvir as testemunhas de defesa, que será em outra cidade por uma questão processual”, explicou Murillo. “Esse é o momento do contraditório, aonde os dois lados do processo, o Ministério Público e a defesa, se confrontam e apresentam suas alegações, suas teses de defesa, confrontando as provas. Por uma questão processual, as testemunhas de defesa serão ouvidas em outra cidade. Como a cidade é muito longe, não há obrigatoriedade de trazê-los aqui, então o juiz da cidade os ouve lá”, falou.

A primeira fase do processo foi a de investigação da Polícia Civil. “Teve a fase de investigação, que foi aquela primeira fase elaborada pela Polícia Civil, e agora vem a parte de instrução processual, que é o julgamento em si, essa fase que estamos. Após isso, será aberta a fase de apresentação das alegações finais, onde a acusação vai fazer suas ponderações e o pedido de condenação, e posteriormente, a defesa fará em suas alegações finais os motivos que entender que são necessários para a defesa de Jhonatan”, explicou. “Depois irá à sentença, onde o juiz irá sentenciar o rapaz. Essa sentença pode ser condenatória, que é o que desejamos e almejamos, e há possibilidade, pois não sei qual a tese da defesa, mas também existe possibilidade dentro do Direito a questão da absolvição, o que eu acho muito pouco provável nesse caso”, disse.

O advogado ainda contou como a família está lidando com a perda de Gláucio. “É um caso de repercussão muito grande para a cidade de Vargem Grande do Sul. Esse não é um crime comum, é um crime que chocou e ainda choca toda a sociedade vargengrandense. A família vem acompanhando o caso com muita dor e sofrimento, porém muito confiante na Justiça Paulista, daqui de Vargem Grande do Sul”, finalizou.

Defesa

No dia da audiência, a Gazeta combinou com o advogado de defesa, Maurício Rosa Júnior, que se prontificou a responder por escrito as perguntas da reportagem. No entanto, até o encerramento desta edição, apesar da insistência do jornal, o advogado não enviou as respostas, conforme o combinado.

Jhonatan

Durante a audiência, em seu depoimento, Jhonatan alegou que veio à cidade para trabalhar com Gláucio na Romaria dos Cavaleiros de Sant’Ana. O rapaz disse que pediu para ir embora várias vezes, mas que Gláucio insistia em sua permanência abusava sexualmente dele e prometia presentes e ajuda financeira a Jhonatan, que buscava sua independência econômica.

De acordo com seu depoimento, na noite do crime, Jhonatan foi para a cama mais cedo e levou uma maçã e uma faca para comer a fruta antes de dormir. Jhonatan contou que acordou com Gláucio em cima dele e que, para se defender, pegou a faca e desferiu um golpe para trás, acertando, sem intenção conforme ressaltou, o pescoço da vítima.

No depoimento, a justificativa de Jhonatan para os objetos que levou da casa do bancário aposentado em várias malas, é que Gláucio os prometia de presente a ele, após as vezes que teria abusado do rapaz.

Para o advogado Murillo Andrade, a versão é desprovida de veracidade. “Primeiramente, em nenhum momento, conforme prova nos autos, Jhonatan foi impedido de retornar para sua cidade ou mesmo ficou em cárcere privado. Frisa-se: uma mentira. Todo momento em que esteve em Vargem Grande do Sul, o assassino estava portando celular, inclusive mantendo contato com familiares. Em nenhum momento, em hipótese alguma, Jhonatan pediu socorro a qualquer familiar ou amigos. Por outro lado, quando estava trabalhando na Romaria, não solicitou auxílio de nenhum popular ou mesmo de autoridade policial, alegando ser vítima de violência ou de estar sendo mantido forçosamente na casa de Gláucio”, disse.

“Os argumentos levantados pelo criminoso demonstra sua frieza, pelo fato de após alegar ser vítima de atos libidinosos, quando ele tira a vida de Gláucio, ao invés de buscar as autoridades policiais para relatar as violências sofridas, altera a cena do crime, oculta o cadáver e subtrai bens da vítima. Apesar da pouca idade, Jhonatan é um criminoso frio e calculista”, contou.

“Em relação ao fato da maçã, temos que lembrar que a serpente enganou Adão e Eva com este fruto, mas dessa vez, a Justiça de Vargem Grande do Sul não será ludibriada. Jhonatan construiu esta narrativa como forma de defesa, porém, amis uma vez fala veracidade, pois o assassino levou a faca para o quarto com a intenção clara e objetiva de tirar a vida de Gláucio”, ressaltou.

Por fim, Murillo ponderou que conforme o apurado pela perícia morte não ocorreu da forma narrada por Jhonatan, que seria em cima da cama. “Não foram encontrados nenhum vestígio de sangue na cama. Toda dinâmica apurada pela perícia e pela percepção deste advogado, Gláucio foi golpeado pelas costas, sendo o primeiro golpe na artéria carótida, um segundo golpe de faca no ombro direito e um terceiro golpe no antebraço direito. Conforme doutrina, golpes na região dos braços ou mesmo nas mãos são consideradas lesões de defesa, observa-se que Gláucio ainda tentou se defender”, disse.

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