O Dia Internacional da Mulher será celebrado na próxima sexta-feira, dia 8. A data, criada no contexto de lutas femininas no mundo todo por melhores condições de vida e trabalho e pelo direito ao voto, é símbolo de conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres. A data foi instituída em 1911 para marcar o dia em homenagem às centenas de operárias que morreram queimadas por policiais em uma fábrica têxtil em Nova York (EUA), em 1857.
Sobretudo, apesar de todas as conquistas, a luta feminina continua até os dias atuais. Uma pesquisa realizada pelo Datafolha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), realizada no início de fevereiro desse ano e divulgada na terça-feira, dia 26, que ouviu 2.084 pessoas em 130 municípios brasileiros, indicou que 52% das mulheres que sofreram alguma agressão em 2018 ficaram caladas. Apenas 22% das vítimas de violência buscaram um órgão oficial, porém, 30% das mulheres ainda preferem falar com a família e amigos próximos para pedir ajuda. A pesquisa ainda mostrou que 16 milhões de mulheres brasileiras, um total de 27,4%, com mais de 16 anos foram vítimas de algum tipo de violência em 2018, 76% dos casos foram de mulheres na faixa de 16 a 34 anos. De 2017 para 2019, o número de mulheres agredidas por conhecidos aumentou de 61,2% para 76,4%, e em 42% das vezes, os crimes ocorrem em ambiente doméstico.
A mesma pesquisa realizada pelo Datafolha a pedido do FBSP alega que nos últimos 12 meses, 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no Brasil, enquanto 22 milhões, que equivale a 37,1% do total de brasileiras, passaram por algum tipo de assédio. Há 536 casos de violência contra mulher por hora no Brasil, 177 deles são espancamento. O número de mulheres assediadas fisicamente em transporte público totaliza quase 4 milhões no mundo. 37,1% das brasileiras relatam terem sido vítima de assédio no último ano, onde 7,8% foram assediadas fisicamente no transporte público. Vitimização também é maior entre mulheres pretas, com 28,4%, e pardas, com 27,5%, do que entre as brancas, com 24,7%. Apenas 8% dos municípios têm delegacia da mulher.
Estupros
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgados em 9 de agosto de 2018, constam que em 2017, o Brasil registrou uma média de 164 casos de estupros por dia, totalizando mais de 60 mil. Foi estimado que apenas 10% do total foram comunicados à policia, portanto, o total de casos pode passar de 500 mil por ano. O total registrado apresentou uma taxa de 23,9 estupros a cada 100 mil habitantes, alegando um aumento referente ao ano de 2016, onde o resultado foi de 26,7 casos por 100 mil pessoas. Em 2017, 192 mil mulheres registraram queixa por violência doméstica, com uma média de 530 mulheres por dia que acionaram a Lei Maria da Penha, ou seja, 22 mulheres por hora, caindo 1% em relação a 2016.
Um levantamento realizado pelo advogado Jefferson Nascimento no início de 2019 e atualizado até o dia 24 de janeiro informa que apenas nesse início de ano, 125 mulheres foram mortas ou feridas no país, somando apenas os dados noticiados ou classificados como feminicídio pela polícia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) coloca o Brasil no 5º lugar dos países que mais matam mulheres no mundo no contexto doméstico e familiar. Em 2017, das 4.539 mulheres assassinadas pelo menos 1.133 foram vítimas de feminicídios realizados em mais de 50% dos casos por armas, segundo o informado pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus).
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