A Estrada Boiadeira ou Francana, que se dirigia até as minas de Goiás, descoberta pelo bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, era composta por mais de 30 paradas e povoados que serviam de pouso aos tropeiros. Dentro da Província de São Paulo, ela tinha cerca de 500 quilômetros partindo da Capital seguindo rumo ao norte.
A estrada passava pela Serra da Mantiqueira, pelos municípios onde hoje são Jundiaí, Mococa, Casa Branca e Franca, até Uberaba (MG). Segundo o livro A História da Câmara Municipal de Vargem Grande do Sul, uma pesquisa feita por Zezé Miranda, dentro da região de Mogi Guaçu, a estrada possuía ramificações que seguiam para Minas Gerais. À direita de Aguaí, a Estrada Boiadeira passava por Lagoa Branca com ramificação para a Sesmaria de Vargem Grande, pertencente ao sargento-mor José Garcia Leal.
Após alguns anos, a sesmaria foi partilhada e o final desse processo deu origem a Vargem Grande do Sul.
Na época, a cidade era formada de poucas casas de pau-a-pique e havia apenas a Casa de Negócios de Bernardo Garcia e a Escola Particular regida por Joaquim Mariano Parreira, considerado o primeiro professor da cidade. Da fazenda Várzea Grande surgiu uma subdivisão de mais de 60 sítios. Uma destas áreas, era uma povoação chamada Bairro da Porteira, cujo nome têm origem numa histórica porteira que abria caminho para Casa Branca e para a fazenda Lagoa Formosa. Em 26 de setembro de 1874 houve a divisão definitiva e são doadas as terras que formarão o povoado de Sant’Ana de Vargem Grande.
Fundadores
A última divisão da fazenda resultou ao todo em 65 propriedades e, entre os herdeiros, três doaram terrenos para a formação do povoado: Antônio Rodrigues do Prado, José Moreira e dona Maria Antônia Eufrazina Alves da Cunha, que são considerados fundadores de Vargem Grande do Sul, junto com o coronel Francisco Mariano Parreira e os irmãos José e Salvador Garcia Leal. Suas doações, no valor de trezentos mil reis, configuram patrimônio pago a Sant’Ana.
O processo de divisão e doação de terras foi concluído em 26 de setembro de 1874, data marcada com a celebração de uma missa às margens do Córrego Sant’Ana, em casa de João Carneiro, conhecido como João Boiadeiro. O celebrante, padre José Valeriano, de São João da Boa Vista, teve seu nome dado à rua onde foi rezada a primeira missa na cidade.
Capela
Em 1874, Mariano Parreira consegue licença para construir a primeira capela no povoado, erguida no alto de uma colina, onde havia um cruzeiro e o encontro dos caminhos que levavam a São Sebastião da Grama, a Casa Branca, a São João da Boa Vista e o caminho para a Vila Polar e Itobi. Era o centro geográfico da atual Praça Capitão João Pinto Fontão.
Na comissão de construção da capela de Sant’Ana estavam Ildefonso Garcia Leal, José Gregório de Carvalho, Francisco José da Costa, João Batista Figueiredo e outros. A capela, voltada para o lado da atual Matriz, media apenas 6,6 metros por 4,4 metros.
Em 1886 foi solicitada à Assembleia Provisória que a Capela de Sant’Ana do Rio Verde seja elevada à condição de Freguesia. Em 1888, é criado o Distrito Policial de Sant’Ana de Vargem Grande, quando são ampliados os limites do povoado.
De acordo com o que Denise Canal escreveu em seu livro “Paróquia de Sant’Ana: 120 anos de amor e fé”, em 1893, Cel. Mariano Parreira consegue a autorização para erguer a Igreja Matriz. Ela foi concluída no ano seguinte, medindo 20 metros por 13 metros, erguida junto à antiga capela em terreno doado pela família Leal. Dona Maria Cândida, esposa do Cel. Mariano Parreira, doou a imagem de Sant’Ana ao novo templo.
Em 1907, esta igreja é demolida para a construção de uma ainda maior. A nova Matriz foi inaugurada em 1915. Até que em 1957, o templo estava pequeno para a população da cidade e foi necessária uma nova obra, que foi concluída em 1979, com a inauguração da atual Igreja matriz de Sant’Ana.