“Se a população não colaborar, comércio poderá fechar”

Medidas mais duras poderão ser tomadas para evitar aglomerações. Foto: Reportagem

Mesmo com a decretação de emergência no município nesta sexta-feira, dia 20, o prefeito Amarildo Duzi Moraes espera o desenrolar dos acontecimentos para tomar uma atitude mais drástica, como o fechamento do comércio em geral, deixando somente o essencial funcionando para combater a epidemia do coranavírus na cidade.
“A declaração de emergência é a primeira medida. A qualquer momento podemos editar novas normas com relação ao fechamento do comércio e outros serviços, se for necessário. Vai depender da colaboração dos comerciantes e da população”, disse o prefeito em entrevista ao jornal na sexta-feira.
O artigo 16 do decreto afirma que bares e restaurantes devem restringir ao máximo aglomerações, devendo as pessoas permanecerem no estabelecimento a uma distância de 1,5m umas das outras, ficando os responsáveis também sujeiros às penalidades previstas na lei em caso de descumprimeneto.
Também os clubes sociais, academias, centros de ginástica, centro de artes marciais e estabelecimentos de condicionamento físico devem restringir ao máximo suas atividades, em especial as atividades coletivas em ambientes fechados e qualquer outro tipo de evento ou reunião.
Segundo o decreto, fica suspenso a realização de feira livre no município até a liberação pelas autoridades competentes. Também fica recomendado ao comércio local, prestadores de serviços e indústrias a adoção de medidas preventivas evitando fluxo e aglomeração de pessoas.

Coronavírus afeta comércio e prestadores de serviço já mudam rotina

A epidemia de covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus, já provoca impacto na economia. Com a necessidade de restrição do convívio social e das pessoas se manterem em casa, muitos estabelecimentos estão adotando o home-office. Mas em muitos casos, essas atividades não são possíveis e não há outra medida, a não ser fechar as portas.
O presidente da Associação Comercial e Industrial (ACI), Marcelo Terra, ressaltou que o momento é de precaução e seguir as recomendações do Ministério da Saúde, para evitar a propagação da doença e preservar ao máximo as pessoas. No entanto, ele observa que há muita preocupação com as incertezas que a epidemia traz para o cenário econômico. Destacou que o poder público vem tomando medidas necessárias, mas ponderou que muitas das ações que foram propostas até o momento, apenas empurram o problema para frente e que seria preciso ações que realmente beneficiem as empresas de maneira imediata.
Com relação à ACI, Marcelo disse que foi reduzido o atendimento presencial, incentivando o uso de serviços por telefone e consultas por meios eletrônicos.
Enquanto isso, em toda a cidade, empresas e prestadores de serviços estão se adaptando à nova rotina. Na Gazeta de Vargem Grande, por exemplo, os colaboradores que podem trabalhar de casa, vão permanecer em suas residências. Já a Câmara reduziu a jornada de trabalho dos servidores e estabeleceu sistema de turnos para não haver prejuízo à prestação de serviços.

Clubes

O Tênis Clube suspendeu todas as aulas de modalidades esportivas e de dança por tempo indeterminado. A piscina e a sauna também foram fechados. Também foi reduzido o horário de funcionamento do clube.
Na Sociedade Beneficente Brasileira. o Acoustic Bar continuará aberto ao público, mas reduziu de 100 para 50 lugares a sua capacidade. Academias pela cidade também já suspenderam as atividades.

Bares e restaurantes

Alguns bares e restaurantes também adotaram medidas para o enfrentamento da epidemia. A Cachaçaria João e Maria suspendeu todas as suas atividades. O restaurante Varanda reduziu de 120 para 50 lugares seu atendimento, além de disponibilizar álcool em gel em vários pontos do restaurante e tem feito promoções para incentivar a entrega de pratos.
Supermercados já sentem impacto
Todos os estabelecimentos de Vargem Grande do Sul já começaram a sofrer o impacto do novo coronavírus, principalmente os supermercados da cidade, onde os itens já estão faltando devido à procura intensa por parte da população.

Ideal

O sócio proprietário do Supermercado Ideal, Mário Malagutti, acredita que essa situação seja generalizada. “O que está acontecendo agora, acredito que seja maior que das outras vezes que aconteceram algum tipo de crise, que as pessoas correm, principalmente para os supermercados para se abastecerem”, disse.
Mário observou que realmente está existindo essa corrida para abastecimento pensando na epidemia. Segundo ele, isso ocorre porque as pessoas não têm certeza de quanto tempo vai durar o problema.
O empresário disse que os itens mais procurados são os produtos básicos, como leite e, principalmente, produtos de limpeza, como álcool, papel higiênico e desinfetantes, o que acaba gerando dificuldade de reposição. “Sempre que acontece alguma coisa nesse sentido, quando a procura é muito grande, há a dificuldade de repor sim. Ainda que às vezes não tenha dificuldade em comprar, mas a própria logística e a produção nas empresas apresenta essa dificuldade de reposição”, pontuou.
Sobre as medidas preventivas tomadas para os funcionários, Mário explicou que todos estão sendo orientados conforme as recomendações dos órgãos oficiais públicos. “Estamos conversando com todos e ainda não estamos usando máscaras, mas acredito que o caminho será que todos trabalhem com máscara”, disse.
Segundo Mário, os funcionários que fazem parte dos grupos de risco foram afastados, como idosos ou as mulheres grávidas. “Já pedimos para que aguardem em casa, mas não estamos reduzindo equipe até por uma questão de que o atendimento precisa ser mais rápido, pois assim as pessoas não ficam muito tempo dentro da loja”, explicou.
Mário disse que todos estão atentos a qualquer nova situação e que reuniões com todos os sócios será feita para tomarem medidas em conjunto em todas as lojas da rede de Supermercados Ideal.

Estrela

Uma das proprietárias do Supermercado Estrela, a empresária Paula Ferri, observou que nessa semana houve um aumento gradativo na compra de mercadorias por parte de pessoas que estão preocupadas, achando que pode faltar produtos.
Ela contou que, sem dúvidas, o item mais procurado é o álcool gel. “Tanto é que recebemos ontem 10 caixas na parte da manhã e até na hora do almoço, já havia vendido as 10 caixas com 96 unidades. Pedimos de novo, mas não temos certeza se na próxima semana irão mandar ou não”, disse.
Paula comentou que algumas pessoas também acabam comprando mais leite, arroz, papel higiênico, mas sem a intensidade que é com o álcool gel. O álcool normal para limpeza de casa, lyzoform e outros produtos de limpeza, como desinfetantes que matam vírus também estão sendo bem procurados.
A empresária explicou que isso está acontecendo mais pelo medo de não saber o que vai acontecer, pois há quem acredite que vai faltar mercadoria. “Mas por enquanto, os fornecedores estão atendendo a gente normalmente, então não há necessidade de consumo excessivo, pois se não há falta de mercadorias, não precisam comprar demasiadamente”, ponderou.
Paula contou que já estão sendo adotadas ações de precaução para clientes e funcionários. “Para os funcionários já fizemos uma política de prevenção com tudo aquilo que a Organização Mundial da Saúde está pedindo e todos os setores estão munidos de álcool gel”, falou.
Ela explicou que nos setores onde as pessoas trabalham em grupos, como padaria, açougue e os frios, estão todos usando máscaras por ter contato direto com alimentos e por eles mesmos ficarem muito próximos sem respeitar o espaço de 1 m, que é o orientado.
“Então estão usando máscaras descartáveis e nesses setores, chamados de brancos, já trabalham com espuma antisséptica, mas mesmo antes da epidemia do corona já tínhamos essa medida de higienização dos setores”, disse.
A empresária pontuou que na entrada da loja e nos caixas, há álcool gel para os clientes e funcionários. “Há um comunicado para as pessoas que se quiserem podem pegar o álcool gel e papéis descartáveis para poder esterilizar onde seguram nos carrinhos e os carrinhos de bebês e as cestinhas. Isso não falta na empresa”, comentou.
Outra mudança, segundo ela, foi com a cesta de pães onde os próprios clientes poderiam retirar os produtos. Esse serviço foi cortado. “Retiramos por conta dos pegadores passarem na mão de todos os clientes, além do contato direto por conversarem em cima do pão. Hoje as pessoas pedem para as vendedoras da padaria, que estão com luvas descartáveis e cada uma tem o seu próprio pegador pessoal”, explicou.
Conforme informado por Paula, a empresa tem adotado todas as medidas para não proliferar o vírus, prevenir que os funcionários fiquem doentes e que os clientes se sintam mais seguros.
Paula ponderou que caso a epidemia piore, poderá ser adotadas outras medidas, como restringir um horário para idosos na loja, como a Austrália e alguns países da Europa estão fazendo.
Para Paula, o momento é de seguir as recomendações do Ministério da Saúde e dos governos, que estão pedindo para ficar em casa e só sair se necessário, não estocar mercadoria, pois, segundo ela, não tem necessidade nenhuma de fazer isso agora, além de usar álcool gel e lavar bem as mãos.
“Pedimos que não tragam crianças e nem idosos, que levem as compras para eles ou que os idosos comprem pelo WhatsApp, e que venha apenas um membro da família fazer compra, para evitar aglomerações e quanto mais pessoas juntas, mais a chance de propagar o vírus”, finalizou.

Cesta Básica

No Supermercado Cesta Básica, de acordo com um dos sócios, Gabriel Bertoloto Sati, as compras de uma maneira geral seguem normais, o que aumentou muito, segundo ele, foi a procura por álcool e álcool em gel.
Gabriel informou que as entregas dos fornecedores também continuam no mesmo ritmo, então o estoque continua com a reposição normal. “A única situação diferente em relação a isso foi que vários atacados e vendedores passaram a fazer pedido por telefone”, explicou.
Quanto à equipe, ele pontuou que já era rotineiro o uso de álcool na limpeza, seja dos caixas, dos equipamentos, dos materiais de mais manuseio. “Intensificamos essa prática e colocamos álcool em gel nos caixas, onde as atendentes fazem constante uso. Priorizamos também por desligar os aparelhos de ar condicionado do escritório e deixar todas as janelas abertas para maior ventilação”, disse. Por hora, segundo ele, manterão a equipe em mesmo número.

Serviço

As pessoas mais velhas, que não puderam ir aos supermercados por qualquer motivo de doença, deverão utilizar das vendas online destes estabelecimentos. Alguns já atendem por esta modalidade, como o Supermercado Estrela e o Supermercado Ideal.

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