Naquele domingo de janeiro de 1950, a manchete do semanário “A Imprensa”, trazia a grande nova em letras garrafais:
“Temos ginásio!”
Foi uma enorme conquista!
O Estado tinha 50 ginásios para distribuir entre centenas de municípios. A concorrência era grande. Vencer esta parada dependia de muito esforço e muito trabalho político junto ao Governo.
Até então, os jovens dos pequenos municípios estavam divididos em três categorias: uma parte dos que tinham condições iam para os lendários colégios internos, quase sempre caros e distantes, que acabava tirando dos jovens a convivência com amigos e com os acontecimentos da cidade. Um outro grupo pequeno ia diariamente para cidades vizinhas que, maiores, já possuíam este equipamento. Mas a grande maioria parava de estudar no término daquela época chamada quarta série do grupo escolar.
Foi com muita luta e com horas e horas passadas nas salas grandes de espera dos gabinetes em São Paulo, que coube a Vargem esta grande distinção que com certeza provocou na cidade a grande responsabilidade de fazer jus a este suado presente.
Empreendedores da cidade se colocaram nesta luta já iniciada há algum tempo, pelo prefeito Francisco Ribeiro Carril. Entre eles se destacavam Nestor Bolonha, Gabriel Mesquita, Sebastião Navarro, o destacado professor Alcino Alves Rosa e o incansável Henrique de Brito Novaes que “montou praça” na Secretaria da Educação e no Gabinete do então deputado estadual Mário Beni, ligado à cidade através de Nestor e Jaci Beni Bolonha, sua irmã. Outro deputado, Germinal Feijó, também fez parte desta conquista.
Em 3 de janeiro, daquele ano pela lei nº 607, o “Ginásio Estadual” foi criado em nossa cidade.
E agora, o tempo era curto. Foi então que duas grandes mestras, Jaci Beni Bolonha e Darci Troncoso Peres, num trabalho incansável, não só visitavam casas para convencer pais e jovens de todas as idades a prosseguir seus estudos, como preparavam os alunos interessados para os exames de admissão.
Começava assim, a história daquele que seria o maior centro de efervescência cultural e de ricas vivências da juventude vargengrandense.
Na Rua XV de Novembro, em frente ao inesquecível fotógrafo Virgílio Forlin, uma antiga pensão foi a sede preparada para receber as primeiras turmas.
A benção dos antigos professores e funcionários, dona Beatriz Corrêa Leite, seu Turi, dona Conceição, seu Achiles, dona Terezinha Fontão, seu Ismael, João Forlin. A eles se juntaram mais tarde, Guiomar Milan Sartori, Helena Lourenço Gomes na área de inglês, de São João da Boa Vista, professor Magela, de Casa Branca, na área de geografia. Muitos deles passaram todos os demais anos de suas vidas dedicados à história do então “Ginásio Estadual Mário Beni”.
A cidade toma outra atmosfera. Logo começam os desfiles, a histórica fanfarra, o grêmio e em 1952 já acontece com grande festa, a primeira formatura com a presença do paraninfo Deputado Mário Beni.
Os salões do então centro sócio cultural o Clube Vargengrandense, se engalanou para o grande dia. Começava aí, a sequência de muitas e muitas formaturas que colocavam nossos jovens com mais facilidade no mercado de trabalho, além daqueles que partiram para a universidade, se transformando em grandes destaques da ciência, do direito, da educação, da engenharia, do comércio, entre outros que ajudaram no engrandecimento de nossa cidade, do nosso estado e de outras plagas.
Em 1958, com novo nome do grande cientista “Alexandre Fleming”, inventor da Penicilina, os alunos ajudando a carregar nos braços livros e cadeiras, foram transferidos para o tradicional e belo prédio novo na Praça Cap. Francisco Ribeiro da Costa, onde até hoje ele, altivo e ampliado, guarda o testemunho de tantas histórias culturais, esportivas, educativas e sociais que faziam fervilhar os ânimos e talentos de uma juventude, cujo o contato e vivência presencial em grupos era absurdamente mais importante do que hoje, “Era da Tecnologia”, onde computadores e celulares impedem a vivência da plenitude de possibilidades dos nossos jovens.
2020, Alexandre Fleming, 70 anos!
Ativem as memórias aqueles que têm histórias pra contar.
Por Márcia Ribeiro Iared