Vargengrandenses relatam dificuldades para acessar auxílios do governo

Autônoma ficou surpresa ao ver que teve auxílio negado por se tratar de política eleita; ela recorreu e conseguiu solucionar o caso. Foto: Reprodução Arquivo Pessoal

Uma série de pacotes econômicos foram anunciados pelo governo federal para auxiliar a população e também as empresas durante a pandemia de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Mas moradores de todo país, inclusive de Vargem Grande do Sul, têm relatado uma série de dificuldades em acessar esses benefícios. Os problemas vão desde cadastro negado até o furto de dinheiro depositado pelo governo.
Segundo dados da própria Caixa Econômica Federal, 1,9 milhões de pessoas estavam com o pedido de auxílio emergencial de R$ 600,00 ainda em análise. Desde 7 de abril, quando começou o cadastramento para o auxílio emergencial, a Caixa recebeu 108,9 milhões de pedidos. Desse total, 107,7 milhões foram processados, dos quais 65,2 milhões foram considerados elegíveis para receberem o benefício e 42,5 milhões tiveram o pedido rejeitado.
Uma vargengrandense que penou para conseguir o benefício emergencial, cujo prazo para solicitação foi encerrado no dia 2 de julho, foi a autônoma Luana Buzato. Ela explicou à Gazeta de Vargem Grande que fez seu cadastro e seu pedido estava em análise, até que recebeu a informação que seu Auxílio Emergencial não tinha sido aprovado e o motivo era que ela seria uma cidadã política eleita, o que não corresponde à realidade.
Assim, ela procurou a Caixa Econômica Federal e foi orientada a abrir um chamado na ouvidoria do Ministério da Cidadania questionando o ocorrido.
Na segunda-feira, enviou um e-mail ao Dataprev, anexando documentos e reportagens jornalísticas que mostravam que ela não ocupa nenhuma cadeira em cargo eletivo e recebeu como resposta que o caso estava em análise e a resposta seria dada até 30 de julho. Chegou a enviar e-mail até para a presidência da república para expor a situação.
Na quinta-feira, a reportagem da Gazeta entrou em contato novamente com Luana, para saber como estava a situação. Assim que ela checou seu cadastro foi informada que o benefício tinha sido finalmente aprovado e agora ela aguarda o depósito das parcelas, pois ainda não havia recebido nenhuma.

Empresas
Outros dois casos ouvidos pela reportagem tem em comum o furto do dinheiro depositado. A empresa onde um vendedor trabalha aderiu ao Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e Renda (Auxílio BEm), uma compensação que o governo federal paga para quem trabalha com carteira assinada, mas teve o salário reduzido ou o contrato de emprego suspenso por conta da pandemia. O valor é calculado com base no seguro-desemprego a que o trabalhador teria direito se fosse demitido.
Ele comentou que teve o valor depositado em uma conta poupança eletrônica aberta pela Caixa exclusivamente para o pagamento desse benefício, mas quando foi sacar, foi informado que o dinheiro já havia sido resgatado. Ao entrar em contato com a agência da Caixa em Vargem, ficou sabendo que haviam sacado o benefício em uma agência do Distrito Federal.
Inconformado, abriu um chamado na Caixa e questionou o ocorrido. Dias depois, teve o benefício pago novamente. O governo teve que arcar com este prejuízo.
O mesmo ocorreu com uma doméstica. Ela contou que seguiu todas as orientações e foi informada que o valor havia sido depositado no dia 30 de maio. Ela estava consultando a sua poupança, pois nem ela, nem seus empregadores sabiam que o banco iria abrir uma conta nova para a movimentação desse benefício. Por isso, foi à Caixa no dia 5 de junho para saber o motivo da demora do dinheiro não aparecer na sua poupança. Ela foi informada sobre esta nova conta, mas em seguida o atendente explicou que o valor depositado já havia sido sacado. Surpresa, ela negou que qualquer membro de sua família havia retirado o dinheiro. Ao consultar as movimentações, descobriu-se que o benefício havia sido sacado em Guará, um município do Distrito Federal.
Ela fez a contestação e até esta semana, seu pedido está em análise. As parcelas seguintes também vão ficar bloqueadas até sanar o problema. Enquanto isso, tem sido auxiliada pelos empregadores.

Caixa
A Gazeta de Vargem Grande entrou em contato com a Superintendência Regional da Caixa Econômica Federal, em Piracicaba, para saber o que tem sido feito com relação a problemas como estes.
No caso do BEm sacado por criminosos, a Caixa informou que atua de forma conjunta com os órgãos de segurança pública para mitigar riscos de fraudes e garantir um nível adequado de segurança nos pagamentos.
Ressaltou ainda que eventuais contestações de saques podem ser formalizadas pelo beneficiário diretamente em qualquer agência da Caixa. Para os casos em que houver comprovação de saque fraudulento, o beneficiário será devidamente ressarcido.
Já com relação ao problema do auxílio emergencial, a Caixa respondeu que realiza os pagamentos de acordo com a informação de elegibilidade dos cidadãos recebidas da Dataprev e da disponibilização dos recursos financeiros pelo Ministério da Cidadania. O banco não participa ou interfere no processo de avaliação dos critérios de elegibilidade.
“Nesse contexto, recomendamos que o questionamento seja direcionado ao Ministério da Cidadania”, explicou.

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