Escola Normal do Fleming marcou educação em Vargem

1ª turma de formandos da Escola Normal do Alexandre Fleming, que iniciou o curso no decorrer de 1966 e concluiu em 1968. Aparecem na foto, na primeira fileira: Beatriz Pereira Poggio Cortez, Ilza Miria da Cruz Melo e Regina Gambaroto; na segunda fileira: Regina Aparecida Médici Antunes, Consuelo, Silvia Bernadelli, Antônio Celso Aguilar Cortez, Marco, João Ranzani e Hildebrandinho Cossi; Na terceira fileira estão Silvia Canal, Marli Pereira, Cida Chiavegatti, Maria Luiza Morandin Gambaroto, Neusa Cely Zonta Aleixo e David Bedin; na quarta fileira: Paulo Roberto Ranzani, Cida Misurini e José Luiz Sartori; na quinta fileira estão Paulo Figueiredo e Regina Mazetto. Foto: Arquivo Pessoal
Alunos da primeira turma da Escola Normal do Fleming. Foto: Arquivo Pessoal

A instalação da Escola Normal do Colégio Alexandre Fleming exigiu muito empenho, mas rendeu excelentes frutos, pois formou notáveis professores que reverteram seus conhecimentos em prol da população vargengrandense, conforme informou Mario Poggio Junior, estudioso da história de Vargem Grande do Sul.
A Escola Normal, conforme o Centro de Referência em Educação (CRE) Mário Covas, da Secretaria de Estado da Educação, era o curso de formação dos professores. O termo “normal” remete aos primeiros estabelecimentos, na França, de formação de professores de ensino elementar, no fim do século XVII, para responder às necessidades de atendimento para com as crianças pobres.
A primeira Escola Normal em São Paulo foi criada em 1846, ainda no Império. A Escola Normal sofreu uma série de reformulações e adaptações, mas atravessou mais de um século como sendo o principal meio de formação de professores para os primeiros anos do ensino de crianças no Brasil. O modelo só foi substituído pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1971, quando foi criado o Magistério. Este modelo seguiu como curso de nível médio até recentemente, quando a exigência de formação superior para professores colocou fim aos Cursos de Magistério.

Vargem Grande do Sul
No dia 3 de janeiro de 1950, foi instituído por lei o curso ginasial na cidade, conforme reportagem publicada pela Gazeta de Vargem Grande em maio deste ano, de autoria da professora e diretora municipal de Cultura, Márcia Aparecida Ribeiro Iared.
Até aquele momento, a cidade não contava com esta fase do ensino, que atualmente corresponderia ao Ensino Fundamental. Lembrou Márcia que o governo do Estado de São Paulo, na época, tinha 50 ginásios para distribuir entre centenas de municípios. “A concorrência era grande. Vencer esta parada dependia de muito esforço e muito trabalho político junto ao Governo”, lembrou Márcia em sua reportagem.
Recordou a diretora da Cultura que naquela época, os jovens estudantes das cidades pequenas tinham praticamente três opções: parte dos que tinham condições financeiras ia para os conhecidos colégios internos, quase sempre caros e distantes, o que acabava tirando dos jovens a convivência com amigos e com os acontecimentos da cidade. Uma segunda parte viajava diariamente para cidades vizinhas que, maiores, já possuíam este nível de graduação. Mas a grande maioria parava de estudar no término daquela época chamada quarta série do grupo escolar.
Para que Vargem fosse uma das contempladas com o sonhado ginásio, Márcia contou que empreendedores da cidade se colocaram nesta luta que fora iniciada pelo prefeito Francisco Ribeiro Carril. “Entre eles se destacavam Nestor Bolonha, Gabriel Mesquita, Sebastião Navarro, o destacado professor Alcino Alves Rosa e o incansável Henrique de Brito Novaes que ‘montou praça’ na Secretaria da Educação e no Gabinete do então deputado estadual Mário Beni, ligado à cidade através de Nestor e Jaci Beni Bolonha, sua irmã. Outro deputado, Germinal Feijó, também fez parte desta conquista”, recordou.
Assim, quando Vargem foi oficialmente contemplada com a nova escola, o jornal A Imprensa estampou como manchete “Temos ginásio!”.
Lembrou Márcia que para a verdadeira força-tarefa criada para a construção do prédio e implantação do novo sistema, uma antiga pensão na rua XV de Novembro foi preparada para receber as primeiras turmas.
“A benção dos antigos professores e funcionários, dona Beatriz Corrêa Leite, seu Turi, dona Conceição, seu Achiles, dona Terezinha Fontão, seu Ismael, João Forlin. A eles se juntaram mais tarde, Guiomar Milan Sartori, Helena Lourenço Gomes na área de inglês, de São João da Boa Vista, professor Magela, de Casa Branca, na área de geografia. Muitos deles passaram todos os demais anos de suas vidas dedicados à história do então ‘Ginásio Estadual Mário Beni’”. Este foi o nome dado inicialmente ao ginásio da cidade.

Alexandre Fleming: do ginásio à Escola Normal

Pouco tempo após se firmar como uma das principais formadoras de jovens de Vargem Grande do Sul, a Escola Alexandre Fleming, que foi rebatizada em 1958 em homenagem ao famoso cientista britânico, já começava a planejar voos mais altos. Assim, deu-se início ao trabalho para que a escola também passasse a oferecer o curso de formação de professores, a conhecida Escola Normal, na época.
“Mediante pesquisa no site da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, notamos que a luta para a criação da Escola Normal em Vargem Grande do Sul foi muito árdua”, contou Mario Poggio Junior.
“A primeira tentativa foi por meio do Projeto de Lei nº 735/1961, de 11 de agosto de 1961, de autoria do deputado sanjoanense Miguel Jorge Nicolau, que teve parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em 25 de março de 1962 e foi aprovada em primeira discussão em 6 de junho daquele mesmo ano. Em seguida, recebeu parecer favorável da Comissão de Educação e Cultura (CEC), que teve como relator Costabile Romano, em 26 de abril de 1963 e parecer favorável da Comissão de Finanças em 8 de maio de 1963”, contou Mario. Porém, todo processo foi arquivado em 28 de agosto de 1963, por meio da Resolução 341/1963, que determinava o arquivamento das proposições de legislaturas anteriores, cuja tramitação não tivesse atingido a fase de votação em segunda discussão ou a votação em discussão única.
“Com o arquivamento do precioso projeto, que beneficiava nossa terra e atrasou a criação de nossa Escola Normal, coube ao deputado Aristides Troncoso Peres, apresentar o Projeto de Lei nº 78/1964, de 20 de março de 1964, que foi aprovado e gerou a Lei nº 8.447, de 3 de dezembro de 1964”, informou. “Assim, após o transcurso de mais de três anos da apresentação do Primeiro Projeto de Lei, a lei foi promulgada”, disse.
No entanto, os vargengrandenses ainda tiveram que esperar mais um pouco, pois somente no decorrer do ano de 1966 houve o início das aulas na Escola Normal do Alexandre Fleming. “De forma que os vargengrandenses, obrigados a estudar em Casa Branca, pediram transferência para nossa terra, puderam se dedicar mais ao curso e se formaram em 1968”, recordou.
“Adiretora era a competente professora Guiomar Milan Sartori Oricchio e que os mestres que atuaram no ensino da turma foram: Stela Pupo (matemática), Dona Terezinha e Dante Antônio Bragheto (português), Carolina Bernardes Chiamenti (ciências); Dona Nilza e Francisco Maldonado João o “Kiko Maldonado” (educação física), Edith (biologia), Clélia (sociologia), Beatriz Defácio Payão Corrêa Leite (desenho geométrico), Leda Siqueira do Amaral (psicologia), Bernadete (prática de ensino) e a pedagoga era Célia Maria Ranzani Avanzi”, contou Mario.
“Verificamos que a luta para instalação da Escola Normal em nossa terra foi árdua, com intervalo de aproximadamente cinco anos entre a apresentação da primeira proposta legislativa e seu início, mas que mostrou ser um excelente investimento pela qualidade dos Mestres que formou”, afirmou.

1ª turma de formandos da Escola Normal do Alexandre Fleming, que iniciou o curso no decorrer de 1966 e concluiu em 1968. Aparecem na foto, na primeira fileira: Beatriz Pereira Poggio Cortez, Ilza Miria da Cruz Melo e Regina Gambaroto; na segunda fileira: Regina Aparecida Médici Antunes, Consuelo, Silvia Bernadelli, Antônio Celso Aguilar Cortez, Marco, João Ranzani e Hildebrandinho Cossi; Na terceira fileira estão Silvia Canal, Marli Pereira, Cida Chiavegatti, Maria Luiza Morandin Gambaroto, Neusa Cely Zonta Aleixo e David Bedin; na quarta fileira: Paulo Roberto Ranzani, Cida Misurini e José Luiz Sartori; na quinta fileira estão Paulo Figueiredo e Regina Mazetto. Foto: Arquivo Pessoal

Primeira Turma
Conforme a pesquisa feita por Mario Poggio Junior, a primeira turma de formandos da Escola Normal do Alexandre Fleming, que iniciou o curso no decorrer de 1966 e concluiu em 1968, era composta por Beatriz Pereira Poggio Cortez, Ilza Miria da Cruz Melo, Regina Gambaroto, Regina Aparecida Médici Antunes, Consuelo, Silvia Bernadelli, Antônio Celso Aguilar Cortez, Marco, João Ranzani, Hildebrandinho Cossi, Silvia Canal, Marli Pereira, Cida Chiavegatti, Maria Luiza Morandin Gambaroto, Neusa Cely Zonta Aleixo, David Bedin, Paulo Roberto Ranzani, Cida Misurini, José Luiz Sartori, Paulo Figueiredo, Regina Mazetto, Silvia, Picida, Rosinha, Silvia do Koc, Carlinhos, Luís, Lúcia, Antônio José de Paula Braga e Maria Elisa Piconi.
Já a última turma foi a que se formou em 2002. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996 recomenda a formação de professores em nível superior. E uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) prevê que todos os professores da Educação Básica tenham formação específica de nível superior em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam até 2020. Assim, com a necessidade de formação em nível superior, o Magistério, de nível Médio, como formação de professores deixou de atender as necessidades das escolas e foi descontinuado em muitas unidades, assim como na Escola Alexandre Fleming.

1 COMENTÁRIO

  1. Eu fui da última turma em 2002. Ficamos muito tristes quando recebemos a notícia de que o magistério, em nossa cidade, acabaria. Aprendi muito lá. Tenho muito orgulho de ter feito parte desta última turma.

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