MARIA ROSA CAMPOS DE ANDRADE – Dezembro, 2020
Buscando um cartão para enviar a uma amiga pelo Natal, comecei a ler os dizeres que eles continham. O que mais me chamou a atenção diz o seguinte:
“Os sonhos de Natal fazem o espírito renascer, nos envolvendo com um laço de esperança e renovando a força e a coragem para buscarmos os nossos verdadeiros objetivos.”
Comprei-o, mas não tive coragem de enviá-lo.
Num ano de pandemia, minha amiga é viúva, mora sozinha, está isolada dos filhos por precaução da transmissão do vírus e cansada dos afazeres domésticos por ter liberado a ajudante que mora bem distante e depende de condução coletiva para chegar ao trabalho.
Seria ridículo falar em “sonhos de Natal”.
Então decidi dedicar a ela as palavras dessa crônica.
Para início de conversa vamos tentar ver o que é felicidade.
Acredito no conceito que li na biografia do Antônio Ermírio de Moraes, escrita por seu amigo Antônio Candido, que diz:
“Felicidade é ter alguém para amar, um trabalho a realizar e algo para esperar”.
É preciso encontrar sentido na decisão do cumprir “Fique em casa” e encaixá-la na busca da felicidade.
Quando distantes das outras pessoas, nosso gesto é de puro amor. Não confundir com egoísmo por não se contaminar.
Se todos os que podem permanecer em casa cumprissem sua parte, na certeza menos pessoas estariam sofrendo. Digo as dos hospitais e aquelas que perderam seus entes queridos.
Todo o trabalho extra que nos aguarda, inclusive de lavar com água e sabão as compras que chegam do supermercado, se incluem na premissa “do trabalho a realizar”.
Esse momento de expectativa com relação a vacina, que irá muito proteger o povo brasileiro, é sem dúvida o “algo a esperar”.
Assim nos conduzindo teremos um Natal condizente com Aquele que vem trazer ao mundo a mensagem do “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”.
Feliz Natal, feliz mesmo, desejo a todos.