Primeiros dias de fase vermelha impactaram comerciantes e prestadores de serviços

A jornalista Duda Oliveira, com a filha Maria Flor e o companheiro Gabriel

Fotos: Arquivo Pessoal

Com a entrada de todo o Estado na fase vermelha do Plano São Paulo, no sábado, dia 6, os comerciantes e prestadores de serviço foram diretamente afetados em Vargem Grande do Sul. Durante a semana, o governo endureceu ainda mais as restrições. Em Vargem, decreto assinado pelo prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB) detalhou as regulamentações sobre as atividades na cidade durante a fase do plano de enfrentamento à Covid-19, a qual todos os municípios do Estado estão submetidos.
A Gazeta de Vargem Grande contatou alguns profissionais para saber como foram para eles os primeiros dias de restrição para o comércio e prestadores de serviços.

Academias

Camila Fernandes, da Vip Trainer e Gisele Sati, da Cia do Corpo comentaram sobre a fase vermelha

Junto com os bares, as academias da cidade foram uma das únicas coisas que efetivamente tiveram que fechar, uma vez que a categoria está entre os estabelecimentos em que o atendimento presencial foi suspenso.
Camila Fernandes, proprietária da Vip Trainer contou o que está fazendo para enfrentar, novamente, esse período. “Mais uma vez de portas fechadas, estamos oferecendo os nossos serviços online, mas é triste demais. São poucos os alunos que aderem e automaticamente alguns já suspendem seus planos”, disse.
A professora e empresária relatou que, ao sair nas ruas, se depara com lojas abertas, pessoas transitando e movimento de carros e lamentou a falta de imunização para os profissionais da sua área de atuação. “Ou seja, as coisas só mudam radicalmente para a gente. Os profissionais de Educação Física tinham como direito tomar a vacina no rol de profissionais da saúde, já que assim somos, e não foi o que aconteceu aqui em Vargem”, comentou.
Para ela, é frustrante ver tudo acontecendo novamente. “Logo quando estávamos conseguindo nos reerguer. Não estou me abstendo da preocupação do avanço do contágio, mas acredito que se trabalharmos seguindo os protocolos, estaremos todos em segurança”, completou.
Gisele Sati, proprietária da Academia Cia do Corpo, afirmou que ficar de portas fechadas também não está sendo fácil. Ela pontuou que, na fase mais crítica da pandemia, um ano depois, o enredo se repetiu, fazendo com que fique mais uma vez com as portas fechadas. Gisele reforçou que, por se tratar de uma crise global, eles sabem que muitos foram impactados, mas, poucos setores sofreram tanto com a pandemia quanto o mercado fitness. “Academias fechadas, quadro de funcionários, planos congelados, incertezas sobre o retorno obrigam a lutarmos dia a dia para o reconhecimento e inclusão da nossa classe”, lamentou.
Ela comentou que, apesar de terem objetivo de promover a saúde das pessoas, estão de mãos atadas. “Infelizmente nós, professores de educação física, não estamos sendo valorizados diante do último decreto. Acredito eu, que nesse momento todos lutamos para um mesmo objetivo, que sejamos reconhecidos como serviço essencial, já que todos sabemos dos benefícios da atividade física e mental para os praticantes”, pontuou.
“Não sabemos quanto tempo a crise vai durar, nem quanto tempo levará para voltarmos ao normal, acredito que mais do que nunca, é o momento de unirmos força e juntos ganharmos essa guerra. Vai dar tudo certo”, finalizou.
A Gazeta também conversou com Márcia Cavalheiro, da SBB, que explicou a posição da entidade. “A posição do clube SBB é sempre agir de acordo com o decreto do nosso governador e do nosso prefeito municipal. E também porque acreditamos que é a melhor forma de combater esse vírus, porque já que não tem a vacina para todo mundo e foi comprovado que o isolamento dá uma parada nele, somos a favor”, informou.
De acordo com Márcia, foi conversado com os alunos, alguns pegaram equipamentos emprestados para seguirem se exercitando e os professores estão em contato com eles. “Orientamos os alunos, emprestamos material para eles trabalharem em casa, o nosso professor todo dia manda um vídeo no grupo com exercícios, porque afinal, atividade física é fundamental para se manter a saúde”, disse. “Estamos torcendo para isso tudo passar logo, para a vacina conseguir chegar a todos e conseguirmos vencer esse vírus”, afirmou.

Horários e clientes reduzidos

Regiane é cabeleireira

O atendimento em salões de beleza, como manicure, cabeleireira e barbearias, também tiveram que ser suspensos. Regiane Contini, proprietária do salão Espaço Beleza, explicou como está fazendo para trabalhar em meio a fase vermelha. “Estou atendendo nos horários permitidos pela prefeitura, sempre com horário agendado e no máximo duas clientes por vez”.
“Também estou seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), utilizando máscara, higienizando as mãos e instrumentos de trabalho a cada alteração de cliente, disponibilizo álcool em gel para as clientes e mantenho o ambiente ventilado”, completou. Após um ano trabalhando dessa maneira, a cabeleireira contou que pôde observar uma redução na procura. “Comparado com anos anteriores houve uma queda significativa no movimento do salão. Entendo que com a pandemia as pessoas deixaram de consumir produtos e serviços da área da beleza da forma que faziam habitualmente para priorizar outras necessidades”, pontuou.
Além disso, ela comentou que outro fator para essa queda é a redução dos eventos sociais, que gera um efeito em cascata para os profissionais envolvidos, incluindo sua profissão. Para Regiane, a restrição é importante, mas ainda assim afetará os comerciantes. “Entendo que o lockdown é importante para reduzir a pressão sobre o sistema de saúde, porém penso que isto afetará ainda mais os comerciantes de Vargem Grande do Sul, que sofrerão os efeitos colaterais desta medida. Não há uma decisão simples e fácil”, falou.
“O importante é que cada um faça sua parte, tomando as medidas necessárias para conter esta pandemia e rezar para a saúde de todos que estão enfrentando esta doença”, finalizou.

Trabalhando com bebê em casa

A jornalista Duda Oliveira, com a filha Maria Flor e o companheiro Gabriel

Quando a pandemia começou, em março do ano passado, a jornalista Duda Oliveira, de 22 anos, estava com três meses de gestação, então passou a gravidez toda apenas com seu companheiro, uma vez que ainda havia pouquíssimas informações sobre o impacto da doença em gestantes e em recém nascidos.
Após um parto difícil, Duda ainda enfrentou um puerpério nada fácil, porque não pôde ter rede de apoio, justamente por seguir as medidas de restrição. Seus pais auxiliaram alguns dias, mas como trabalham atendendo ao público, o casal decidiu não arriscar. Maria Flor nasceu em outubro e recentemente completou cinco meses. Segundo a jornalista, ela não conhece praticamente ninguém, a não ser de longe, uma vez que pouquíssimas pessoas chegaram perto dela e a maioria da família só a conhece por foto.
Eduarda explicou que, conforme a Maria Flor cresce, mais as situações vão se sobrepondo. “As demandas dela aumentam, assim como as descobertas. Já já ela vai ter a demanda de conhecer e interagir com outras pessoas que não sejam apenas eu e o pai dela, principalmente outras crianças e não vai ter como”, relatou.
“Sinto que toda a interação dela com o mundo vai ficar comprometida e vamos ter que trabalhar muito depois para conseguir inserir ela na sociedade, com outras crianças, outros adultos, outros ambientes. Quanto a mim, já é rotineiro tudo o que está acontecendo, embora não seja fácil. Mães já viviam em isolamento antes da pandemia, então acaba que não há tanta diferença para mim, como adulta, mas vejo que no longo prazo, o reflexo disso tudo para minha filha e outras crianças pode ser devastador”, completou.
Ela contou o que adotou de rotina durante a pandemia. De acordo com a jornalista, hoje apenas seu companheiro trabalha fora. Duda disse que buscou adaptar tudo para trabalhar em casa e, quando fosse sair para os ensaios fotográficos que faz, criou o hábito de marcar apenas ao ar livre. “As máscaras dos modelos são retiradas apenas durante as fotos e cada um vai no seu carro. Além disso, a maioria das compras são feitas pelo meu companheiro, eu quase não saio e quando saio, tento não levar a Maria Flor”, disse.
Caso precise sair com ela, Duda contou que busco levar ela sempre no sling, assim suas mãos ficam livres para pegar o que precisa pegar e para lavar as mãos ou passar álcool em gel sem tocar na Maria. “Todos os pagamentos de contas são feitos apenas online, só saímos para ir à farmácia ou mercado quando precisa. Não saímos para o mercado para comprar apenas um item, por exemplo. Sempre esperamos acabar vários itens para ter apenas uma ida ao mercado. Ao sair do mercado, passamos álcool e ao chegar em casa lavamos as mãos após guardar todas as compras”, finalizou.

Investindo no online

Thaynara tem uma loja de roupas

Thaynara Expósito, proprietária da TK Store, junto a Karina Arrigoni, comentou que no ponto de vista das duas, deveria haver restrições de modo geral. “Não adianta fechar parte do comércio sim, parte não, sendo que os maiores pontos de aglomeração continuam abertos normalmente. A prevenção vai da consciência de cada um”, disse.
Na loja, conforme o informado, as comerciantes estão trabalhando com atendimento interno por redes sociais da loja, como WhatsApp e Instagram. “Também estamos com horários reduzidos. Está bastante complicado, pois atendimento online não é a mesma coisa que o físico. Isso dificulta bem as coisas e diminui as vendas”, explicou.
Passado um ano, ela contou como foi para ambas conviver com a quarentena e com a pandemia. “Foi e está sendo bem difícil e acho que isso em um geral. Tanto na vida profissional quanto particular. Em relação ao comércio, houve uma queda bem significante. Além disso, a redução no faturamento com certeza foi uma grande consequência dessa pandemia”, disse. “Quanto ao corte de funcionários pra nós aqui não houve, pois somos nós duas apenas, mas com certeza houve muito desemprego com tudo isso que veio acontecendo”, finalizou.

Se adaptando às restrições

José Henrique é agrônomo

O engenheiro agrônomo José Henrique Peixoto, de 21 anos, trabalha com agricultura, serviço considerado essencial. Ele contou que no dia a dia, por continuar trabalhando, a fase vermelha não o afetou em tantas coisas. “Impactou mais na parte de alimentação, muitas vezes eu não estou na região de Vargem para almoçar em casa e tudo mais e almoço muito em restaurante. Então, com essa fase vermelha, os restaurantes estão fechados e isso complicou um pouco mais”, explicou.
Assim, ele precisou adotar outras medidas, como levar comida para a roça para não precisar almoçar em restaurantes.
José comentou o que adotou de rotina durante a pandemia. “Um só sai de casa para fazer as coisas, o que no caso sou eu. Eu que vou ao mercado, eu que pago algumas contas presenciais, o que dá para pagar pelo aplicativo do banco e tudo mais, eu pago”, disse.
“Em casa, eu que estou indo para a rua, zelando mais pela saúde dos meus familiares, da minha mãe, para ela não sair tanto de casa”, completou.

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