Não é cedo demais para 2022

No meio do furacão da Covid-19, muitos políticos estão direcionando suas energias para além do trabalho incessante que deveria ser a busca para tirar o Brasil do colapso do sistema de saúde, do caos econômico e do descalabro social que o novo coronavírus mergulhou todo o país. De olho em outubro de 2022, esses políticos estão muito mais preocupados em já marcar posição em busca de votos do que no cuidado com a comunidade.
A começar pelo presidente Jair Bolsonaro, que desde que recebeu a faixa presidencial de Michel Temer, não pensa em outra coisa a não ser em sua reeleição. Jogou aliados na campanha para escanteio, se livrou de possíveis concorrentes e fica muito mais preocupado em manter a sua base de apoiadores cegos em efervescência do que efetivamente assumir o comando da nação.
Nesse tabuleiro, soma-se governadores que estão despontando como lideranças nacionais ao ocuparem o espaço deixado no leme pelo presidente. João Doria, governador de São Paulo, que assumiu para si a busca para trazer ao Brasil uma vacina contra a Covid-19, o prefeito de Belo Horizonte que tem chamado a atenção pela atuação frente à pandemia, do lado da esquerda o professor Guilherme Boulos, que conseguiu aumentar a sua base eleitoral na disputa pela prefeitura de São Paulo, enfim, são alguns dos nomes mais novos no meio político que se articulam buscando seu espaço em meio a medalhões como Ciro Gomes, Marina Silva, Fernando Haddad, que já possuem um considerável capital político.
Eis que nesta semana, depois de uma decisão completamente inesperada do ministro Fachin, do Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente Lula é presenteado com a devolução de seus direitos políticos e numa entrevista coletiva de mais de uma hora mostra que não perdeu a boa forma do palanque, esbanjou uma oratória muito mais cativante que o discurso da turma da quinta série de Bolsonaro e ainda se colocou com peça fundamental nesse jogo.
Prever o que acontecerá até outubro de 2022 é uma aposta muito arriscada. O antibolsonarismo será maior que o antipetismo? Haverá algum candidato que se apresentará como terceira via? Lula irá adotar um discurso mais palatável ao mercado? Bolsonaro irá deixar de lado a sua pauta de costumes? O eleitor vai engolir alguma dessas estratégias? Ainda é cedo para se tirar alguma conclusão.
No entanto, o eleitorado precisa começar a ficar atento à movimentação de seus candidatos, a perceber com quem estão se aliando, a ouvir com ouvidos mais críticos aos discursos de cada um. Isso sem falar nas ações e tomadas de decisão de cada um de seus candidatos a deputados estaduais e federais.
A pandemia da Covid-19 mostrou de maneira contundente que por mais que o povo brasileiro diga não gostar de política e estar cansado dos políticos, nunca foi tão necessário acompanhar de perto o que essa categoria tem feito pelo país. Na democracia, que muitos insistem em criticar e questionar, o voto é uma arma mais contundente do que o discurso na Internet. Portanto, é preciso usá-lo muito bem.

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