“O gostosão da bala Chita”

Tadeu Fernando Ligabue
Na última sessão de Câmara, o presidente Celso Itaroti (PTB), chamou o vereador Fernando Corretor (Republicanos) de “O gostosão da bala Chita”, numa discussão sobre a aprovação ou não de um projeto que pedia o fim do recesso parlamentar do Legislativo vargengrandense que ocorre em julho. Itaroti era favorável ao fim das férias de meio do ano dos vereadores e Fernando Corretor contra, dizendo que Itaroti queria fazer política com sua atitude.
Ao ser interrompido na sua fala por Fernando, Itaroti disse para o vereador “não vir gritando e dando uma de ‘gostosão da bala chita’ que o senhor não é não”. As discussões prosseguiram com Fernando dizendo para Itaroti que “aqui o senhor não vai pisar em ninguém”, sendo que o presidente da Câmara retrucou que quando um burro fala o outro murcha a orelha.
O jornal Gazeta de Vargem Grande publicou a matéria que teve boa repercussão entre seus leitores, principalmente na rede social, onde alcançou mais de 8.700 pessoas, com 42 comentários e quatro compartilhamentos, com uns internautas se posicionando a favor, outros contra e também criticando a atuação dos vereadores municipais.
Afinal, o que quis dizer Itaroti ao chamar Fernando de “gostosão da bala Chita”, nestes tempos em que se discute tanto na internet o choque das gerações, o que é brega, vergonhoso, ultrapassado, pois se existe algo tão demodê, é ser chamado de gostosão da bala Chita. Embora Itaroti tenha nascido um pouco antes da geração baby boomers, lá pelo final da década de 50 e Fernando seja um legítimo representante da geração millenials, nascido em 1980, portanto, depois que a bala Chita tenha feito seu maior sucesso, que foi na década de 70, a frase nos oferece uma boa discussão.
É provável que por ser tão fora de moda, nem o próprio vereador Fernando deve ter entendido o que Itaroti quis dizer quando o chamou de “gostosão da bala Chita”. Com a facilidade que o Google permite nos dias atuais, basta clicar as palavras ‘bala Chita’, para sermos levados há um passado cheio de boas lembranças, quando íamos no cinema do sr. Arrigo Nardini, o Cine Rio Branco, na Praça da Matriz, para assistirmos a um filme com os bolsos lotados das famosas balas sabor abacaxi, compradas no Mini Bar.
O nome foi inspirado na macaca Chita, dos filmes de Tarzan, que tinha como o ‘Rei da Selva’ o ator Johnny Weissmuller e sua parceira Maureen O´Sullivan, mais a traquina macaca Chita. O primeiro sabor da bala era o de abacaxi, tempos depois vieram outros como o de uva, de menta.
Bem, descrito a bala e a origem do seu nome, vamos tentar explicar o significado de “gostosão” no contexto em que foi dito. Macho alfa e hetero que se preza, é lógico que Itaroti não quis chamar o vereador do “Republicanos” de gostoso, num sentido de homem bonito, belo. Nada contra se assim o tivesse feito, mas não foi esse o sentido que Itaroti quis empregar ao chamara Fernando de gostosão.
Quando pronunciou a palavra no momento da discussão, certamente quis Itaroti se referir a Fernando Corretor como aquele que se acha o tal, o bam bam bam, o chefe do pedaço. Não à toa que Fernando disputava com ele quem pisava em quem, dizendo a Itaroti “aqui o senhor não vai pisar em mim não”, quer dizer, eu também tenho meus direitos, também mando no pedaço.
Na verdade, ambos, Itaroti e Fernando Corretor têm o mesmo comportamento, o mesmo sangue quente, o mesmo jeito de lidar com algumas questões, meio que no grito, estilo mandão, mais agressivo, ainda mais quando estão no poder. Estilão “Bolsonaro”, vamos dizer assim.
Mas, no fundo, acho que Itaroti se sentiu um pouco ameaçado pela atitude de Fernando ao questioná-lo, ao contradizê-lo, contrariá-lo, pois na verdade só existe lugar para o único e verdadeiro “gostosão da bala Chita” na Câmara Municipal de Vargem Grande do Sul, ele, Celso Itaroti.

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