Donizeti Cachola: da contabilidade para a produção de café gourmet

O contador Donizeti Cachola além do cultivo do café, também comercializa sua marca própria
O contador Donizeti Cachola além do cultivo do café, também comercializa sua marca própria

A maioria das pessoas que conhece Donizeti Cachola, 66 anos, formado em Ciências Contábeis e há mais de 40 anos à frente do Escritório Contábil D. Cachola, localizado na Rua Dr. Moacir Troncoso Peres, não sabe que por detrás daquele profissional que vive preocupado no seu dia a dia com a contabilidade das empresas que presta serviço, pulsa também um agricultor que desde 1991, labuta com a sua pequena lavoura de café, situada no Vale da Grama.
Quando adquiriu o Sítio São Luiz, de 19 hectares, em São Sebastião da Grama, cuja localização dista uns 4 km do trevo da cidade vizinha, a propriedade tinha cerca de 9.000 pés de café da espécie arábica. O sítio está a uma altitude de 1.200 m e chamou a atenção de Donizete por produzir uma bebida de boa qualidade, como são conhecidos os cafés gramenses.
O produtor começou a despertar o gosto pelo plantio de café, quando em 1999 houve uma forte geada e o preço do produto teve uma grande alta, o que o levou a se interessar mais ainda, tendo em vista a viabilidade econômica do seu novo empreendimento. Foi plantando mais café aos poucos e hoje tem cerca de 40 mil pés, todos da espécie arábica e nas variedades Catuaí, Mundo Novo, Icatu.
No ano de boa produção, pois o café um ano produz bem e no outro a produção cai, ele chega a colher em média 1.500 sacas de café em coco. Do total destas sacas, a maior parte é vendida para atacadistas e um pouco é destinado à produção própria, sendo torrado, moído e comercializado nos mercados de algumas cidades.
Esta produção e comercialização com sua marca, começou há cerca de quatro anos, incentivado também pela filha Natália Cachola Perroni, formada em biologia marinha, que hoje vive na Itália, mas que quando no Brasil, ajudou o pai a se lançar no mercado de café gourmet empacotado, moído ou em grão. Ela continua contribuindo, ajudando a pensar no site da marca, que é cafegourmet.agr.br e no marketing dos produtos.
A torra é terceirizada em Espírito Santo do Pinhal e na sua propriedade é armazenado o café tanto o empacotado em grão, como o moído, e conforme a demanda, vai sendo distribuído no mercado. O café leva o nome de Sabor da Torra, e a outra marca é o Coffee!. O produto é o mesmo, mas por questões de comercialização, são produzidas as duas marcas, explicou Donizete.
Na embalagem consta como sendo uma bebida especial, de fragrância e aroma destacado, com uma acidez moderada. Seus grãos são cuidadosamente selecionados nas regiões que produzem os melhores cafés, e resultam em uma bebida de sabor doce.
O produtor fala da dificuldade de entrar e conquistar o mercado, que é muito competitivo, com muitas marcas e produtores fortes, que investem muito em marketing. Também por ser um produto diferenciado, tipo exportação, o preço do café gourmet não é tão popular como muitas marcas de café.
Atualmente, o café empacotado tem sido comercializado em Porto Alegre, Jundiaí, São Paulo e pode ser encontrado também em Vargem, junto ao Donizeti. O empacotamento e comercialização ainda está em fase de desenvolvimento e seu crescimento vai depender da reação do mercado, explicou o produtor.
O sítio São Luiz é equipado com um lavador mecânico, secador e terreiro de seca. Donizeti explica que a preparação pós colheita, o manejo do produto, tem uma influência muito grande na qualidade do café. Hoje, a saca de 60 kg do café limpo arábica de boa qualidade, está na faixa de R$ 1.100,00 e o preço do café em coco, saca de 44,5 kg em torno de R$ 380,00.
Confirmou que o preço do café este ano está muito bom, com tendência de subir, principalmente por causa das fortes geadas que acometeram as lavouras cafeeiras. Mas, apesar das fortes geadas que aconteceram nos últimos dias na região, sua plantação não foi atingida por estar a uma alta altitude. Explicou que este ano foi de colheita mais baixa, mas para o ano que vem sua produção deve aumentar e ele está confiando que a tendência é que os preços permaneçam bons para o ano que vem.
Um dos mais antigos contadores do município, Donizeti se diz feliz com sua atividade agrícola. Poder observar a floração do café que acontece entre setembro, outubro e novembro e poder participar da colheita que se inicia em maio, lhe traz grande prazer. “Vem agregar mais valor à atividade principal que exerço, que é o escritório de contabilidade e me traz muita satisfação pessoal por estar na roça envolvido com a plantação”, afirmou.

Em seu sítio, Donizeti chega a produzir cerca de 1.500 sacas de café em coco. Fotos: Gazeta
O Sabor da Torra está entrando no competitivo mercado de cafés gourmets

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