O voto em 2022

No dia de 2 outubro de 2022, mais de 30 mil eleitores vargengrandenses, assim como mais de 145 milhões de eleitores brasileiros irão às urnas para eleger seus deputados federais e estaduais, governadores, senadores e o próximo presidente da república. E para isso, usarão as velhas e conhecidas urnas eletrônicas. Depois de muita energia gasta na discussão da Proposta de Emenda Constitucional que pretendia criar o voto impresso auditável, o projeto foi rejeitado pela Câmara dos Deputados na quarta-feira, dia 11.
Esse sistema era defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, que há muito tempo questiona, sem nunca ter apresentado prova nenhuma, a lisura do processo eleitoral no Brasil. Um assunto, que como a grande maioria dos que envolve o Bolsonarismo, desperta mais irracionalidade do que sensatez.
Para esta edição, a Gazeta de Vargem Grande ouviu uma série de pessoas envolvidas com o processo eleitoral na cidade, como membros do Judiciário, advogados e políticos. Ouviu ainda a equipe do Cartório Eleitoral, que detalhou as medidas de segurança envolvendo as urnas eletrônicas e a transmissão de dados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nada disso será suficiente para os defensores da ideia de que o sistema é passível de fraude e já teria sido maculado, mesmo que até hoje nenhum caso tenha sido provado e nenhuma pessoa tenha sido julgada e condenada. A crença na teoria da conspiração, que no imaginário dos militantes bolsonaristas envolve desde os ministros do Supremo Tribunal Federal, o presidente do TSE, os partidos de esquerda e a imprensa, é forte demais. Tanto que estas poucas linhas já terão sido suficientes para que os seguidores do presidente abandonem a leitura deste texto e corram para as redes sociais para vociferarem contra o jornal.
O que o presidente queria, ele conseguiu: manter a sua base acesa, em convulsão, pregando violência contra as instituições e contra quem pensa diferente. Mais do que o voto impresso em si, o presidente labuta para colocar em suspeição o processo eleitoral como um todo. Como seu ídolo Donald Trump fez nas eleições em que saiu derrotado nos Estados Unidos – onde em sua maioria, o voto é em papel – o importante é sempre manter em dúvida a legitimidade do processo em si, o que garante junto aos seus apoiadores, a sensação de que o que ocorrerá, independentemente do resultado final, será uma tremenda injustiça.
Felizmente, essa discussão toda já foi superada pela maioria do Congresso, que manteve o voto eletrônico para as eleições de 2022. O que não quer dizer que o sistema não deva ser sempre melhorado, testado e sempre ser colocado sob análise, justamente para se evitar fraudes.
Quem sabe agora, o presidente possa focar sua energia no que efetivamente é necessário, como as reformas para garantir o crescimento sustentável do país, o controle da inflação, o combate do desemprego que atinge 15 milhões de pessoas, a expansão da vacina contra a Covid-19 que vai proteger a saúde e a vida do brasileiro e garantir a retomada segura das atividades econômicas. Afinal, ele precisa se sair bem para conquistar o voto eletrônico dos brasileiros se quiser se reeleger.

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