Danos irreversíveis

Durante a semana, apesar de ainda ser Inverno, Vargem Grande do Sul registrou temperatura máxima de 34,1º na última quinta-feira, dia 19. A umidade relativa do ar ficou muitas vezes abaixo de 30%, que é quando é emitido o alerta de atenção pelo Instituto Nacional de Meteorologia (InMet) e na quinta-feira, chegou a 18,6%. Quando a umidade relativa do ar varia entre 20% e 12% é emitido alerta de perigo, pelos riscos de incêndios florestais e à saúde, como ressecamento da pele, desconforto nos olhos, boca e nariz.
A Defesa Civil e a Guarda Civil de Vargem Grande do Sul estão tendo muito trabalho para combater focos de incêndio. Na quarta-feira, por exemplo, na estrada entre Vargem e São João, houve grande área queimada próximo ao Free Motel e também perto do bairro do Pedregulho.
Dados emitidos pela Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA) e o Sistema Nacional de Meteorologia, sobre a situação da estiagem para a região, a mais severa dos últimos anos, e a escassez dos recursos hídricos, mostram que a seca será longa e com pouca perspectiva de chuva. Apesar de ser uma característica do inverno no Sudeste, esse agravamento já é uma mostra do impacto devastador da ação humana na Terra.
Na semana passada, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou que o aquecimento global está evoluindo mais rapidamente do que se previa e que por volta de 2030, poderá alcançar o limite da temperatura média do planeta subir 1,5ºC, o que era previsto para acontecer em 2040.
De acordo com os cientistas, a Terra já alcançou +1,1 ºC e as consequências são visíveis em vários países, como nos incêndios que arrasam os Estados Unidos, a Grécia e a Turquia, chuvas que inundam a Alemanha ou a China, termômetros beirando os 50 ºC no Canadá. Mesmo limitando o aquecimento a +1,5 ºC, ondas de calor, inundações e outros eventos extremos aumentarão em sua magnitude, frequência, localização ou época do ano em que ocorrem, advertiram os especialistas climáticos das Nações Unidas (IPCC), conforme reportagem da Agência Brasil, do Governo Federal.
O relatório indica que algumas das consequências desse aumento de temperatura já são considerados irreversíveis, como o degelo dos polos, que fará com que o nível dos oceanos continue aumentando durante séculos ou milênios. O mar, que já subiu 20 cm desde 1900, ainda poderia aumentar mais meio metro até 2100, mesmo que o aquecimento seja mantido a +2 ºC.
São mais de 7,6 bilhões de pessoas morando neste mesmo planeta, distribuídas em mais de 190 países, cada um com suas particularidades, vivendo suas calamidades, muitos em guerra, outros sob ditaduras, alguns vendo a democracia ser fragilizada a ponto de quase romper. Pode parecer utópico, mas se acordos ambientais firmados no passado não forem cumpridos, se o consumo desenfreado e o acúmulo de capital, não forem minimizados, não haverá mais condições de se habitar esse planeta.
Isso está acontecendo cada vez mais rápido. Cada morador de Vargem já pode sentir estes efeitos, ao buscar o horizonte e só ver fumaça. Ao passear pela barragem e ver o nível do espelho de água diminuindo. Ao sofrer uma geada que destruiu plantações e dias depois não aguentar o calor. Talvez, nas eleições de outubro do ano que vem, seja pertinente escolher candidatos não apenas pela sua ideologia de partido, mas também pelo que defende na educação, saúde e meio ambiente. Para que ninguém mais queira passar uma boiada sobre essa terra já tão arrasada.

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