Com salários defasados, trabalhadores do Samu se mobilizam por reajuste

Reunião no dia 17, contou com diretoria do Conderg e trabalhadores

Há anos sem aumento real de salário, sem reajuste do vale-alimentação e sem folgas, trabalhadores do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que é administrado pelo Consórcio de Desenvolvimento da Região de Governo de São João da Boa Vista (Conderg), presidido por Amarildo Duzi Moraes (PSDB), prefeito de Vargem, iniciaram uma mobilização para reivindicar uma série de demandas da categoria. Ouvidos pela Gazeta de Vargem Grande, alguns trabalhadores do Samu, que não pararam e trabalharam intensamente durante a Pandemia da Covid-19, afirmaram estar desmotivados e se sentindo desvalorizados. Em algumas sedes – o que não acontece em Vargem, segundo o apurado pelo jornal – apontaram a falta de insumos para trabalhar.
Para expor a situação, representantes dos trabalhadores do Samu já se reuniram com prefeitos de cidades integrantes do Conderg, como São José do Rio Pardo, Mococa, São João da Boa Vista, e iriam na quinta-feira em Tambaú. O objetivo é visitar chefes do Executivo de 10 municípios atendidos pelo Samu. Em Vargem, eles informaram que não foram recebidos pelo prefeito Amarido e que irão procurar a Câmara.

Demandas
Em entrevista à Gazeta de Vargem Grande, um funcionário que atua no Samu de São João da Boa Vista, detalhou quais são as reivindicações da categoria. Conforme explicou, os trabalhadores pedem aumento salarial, uma vez que estão há seis anos sem aumento real e que o último reajuste foi de apenas 2% em 2019, o que não recompõe nem as perdas com a inflação do período.
Outra demanda é com relação às folgas. “Os funcionários do Samu tinham direito a folga, mas elas foram tiradas em 2017”, explicou. “A volta das folgas é crucial. Todas as unidades que o Conderg administra, como o Hospital de Divinolândia, o Hospital de Aguaí e agora vai passar o Hospital de Tambaú, todos têm folga, por que o Samu não?” questionou.
Os trabalhadores também pedem aumento no ticket alimentação, que atualmente é de R$ 130,00. “Em algumas cidades dá para comprar um botijão de gás. Em outras, mal compra o básico da cesta básica”, avaliou.
Ele ainda apontou a questão da falta de alguns Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como uniformes. “Por exemplo, em Santa Cruz das Palmeiras, onde um condutor contou que em breve vai ter que trabalhar com camiseta e calça dele mesmo, porque não tem mais onde costurar seu uniforme”, relatou. Em Vargem, a Gazeta apurou que também há tempos os trabalhadores não recebem novos uniformes e botas.
Há ainda a reivindicação com relação a um auxílio para combustível. Como o Samu é regional, muitos trabalhadores não residem na cidade onde atuam e precisam se deslocar entre os municípios, sem receber nenhum auxílio para isso, ao contrário dos trabalhadores de Hospital de Divinolândia, onde o funcionário informou que existe esse benefício. “A R$ 7,00 o litro da gasolina em algumas cidades, daqui a pouco o funcionário vai ter que pagar para trabalhar”, exemplificou.
Por fim, eles pedem que as prefeituras regularizem a situação de algumas sedes onde há falta de insumos, desde medicamentos até papel higiênico, copo descartável, etc.
Os trabalhadores estão fazendo essas reuniões com os prefeitos e vereadores e buscam também conscientizar a população sobre a defasagem salarial e carga de trabalho, para que os moradores entendam como anda a situação dos funcionários. Em último caso, se não houver avanço na pauta de reivindicações, o movimento pode até adotar medidas mais contundentes. Até em último caso, um movimento de greve, mas ainda estamos em estudo. Existe a possibilidade de parar o serviço, uma greve, mas é um assunto muito mais burocrático, que seria nossa última opção”, observou.

Reunião
Na manhã da quarta-feira, dia 17, houve uma reunião entre os trabalhadores doc e do Hospital de Divinolândia com o presidente do Conderg, o prefeito e diretores do consórcio. Na ocasião, foram expostas as reivindicações dos trabalhadores e solicitada à direção um posicionamento sobre as demandas.
Conforme o apurado pela Gazeta de Vargem Grande, Amarildo se mostrou sensível às solicitações dos trabalhadores e afirmou que irá estudar junto aos demais prefeitos que fazem parte do consórcio alternativas para sanar a situação.
No entanto, ponderou que para ser possível reajustar o salário dos trabalhadores, será necessário que os municípios que fazem parte do consórcio aumentem o valor per capta que repassam ao Conderg, que hoje está em R$ 1,47 por habitante. Segundo informou aos presentes, esse valor teria que ser aumentado para R$ 1,80, mas que para isso, precisaria da concordância de todos os prefeitos integrantes.
Já o trabalhador ouvido pela Gazeta, avalia que para se chegar a um dissídio mais condizente com a pauta dos trabalhadores, esse aumento deveria ser entre R$ 2,00 a 2,20.

Conderg
Procurado pela Gazeta, o prefeito Amarildo comentou que no dia 17 recebeu na sede do Conderg, um pouco mais de 50 colaboradores do Hospital Regional de Divinolândia, do Centro Oftalmológico, do Solar das Magnólias e SAMU, representando os cerca de 900 colaboradores do Consórcio atualmente. “Foi uma reunião muito proveitosa, realizada em altíssimo nível, onde ouvimos as justas reivindicações dos colaboradores”, afirmou Amarildo, que preside o Conderg.
“Ao assumirmos o consórcio em 2017, o mesmo tinha uma dívida superior a R$ 15 milhões, além de empréstimos para pagar o 13º salário dos colaboradores, portanto, em uma situação gravíssima em termos de gestão, inclusive em alguns anos os colaboradores não tiveram sequer a reposição da inflação”, recordou. “No ano de 2020 e 2021 não houve reposição por força da Emenda Constitucional 173 que proibiu reajustes aos servidores públicos”, explicou Amarildo.
“Vamos levar as reivindicações ao Conselho de Prefeitos (as), visto que para concessão de reajuste e ou outros benefícios às prefeituras precisam necessariamente de incremento do repasse ao Consórcio, pois este não tem recurso próprio, dependendo das questões orçamentárias dos municípios”, disse o presidente do Conderg.
“Apesar dos avanços que conseguimos na gestão do Consórcio a situação ainda é delicada, mas precisamos encontrar alternativas para atender pelo menos algumas das reivindicações feitas, isto por questão de justiça. O assunto será tratado pelo colegiado na próxima reunião de prefeitos (as)”, garantiu.

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