Contaminação pela Covid pode ultrapassar a do ano passado

Populares publicaram nas redes sociais pedindo solução para fila em gripário

O número de pessoas contaminadas pela Covid-19 em Vargem Grande do Sul nesta semana aumentou assustadoramente e pode ultrapassar os piores picos da pandemia do ano passado, quando na 24ª semana de junho de 2021, foram realizados 263 novos diagnósticos de pacientes na cidade. “O quadro é bem pior do que as que ocorreram em 2020 e 2021. Só não estamos tendo quadros graves e tantas mortes, devido às vacinas”, afirmou a farmacêutica bioquímica Fátima Quessada, sócia-proprietária do laboratório Labor Center.
Para a diretora de Saúde, Maria Helena Zan, o sistema de Saúde está sobrecarregado e pior do que no ano passado, não conseguindo dar o melhor atendimento a todo mundo. O mesmo fala o provedor do Hospital de Caridade, Jair Gabricho, para quem a procura por atendimento no pronto socorro do hospital atualmente é muito alta. “Com certeza os números hoje são bem maiores, inclusive em relação ao pior período do ano passado, que foi entre os meses de maio até julho”, avaliou.

Farmacêutica Marcela Schmidt relata aumento da procura de testes rápidos. Foto: Reportagem

Outra profissional da área a atestar o aumento explosivo da contaminação em Vargem, é a farmacêutica Marcela Schmidt Santiago, que trabalha na Drogaria Nova Central (RedeMultigrogas), autorizada a fazer testes rápidos para o diagnóstico da Covid-19. Atualmente estão sendo feitos cerca de 50 testes por dia, sendo que 50% estão dando resultados positivos para Covid nos últimos dias. “Está aumentando muito, todo mundo que foi viajar, está testando positivo”, afirmou a farmacêutica.

Letalidade é bem menor
Apesar de toda a preocupação com o aumento drástico das contaminações, no entanto as pessoas não estão ficando tão doentes como no ano passado. Falando ao jornal Gazeta de Vargem Grande, a diretora de Saúde Maria Helena Zan afirmou que apenas uma pessoa está internada no hospital montado pelo governo do Estado em Casa Branca, para onde são encaminhadas as pessoas da cidade e região para tratamento da Covid-19. Ela está em estado grave, intubada.
O provedor Jair Gabricho também afirmou que por ter as pessoas já tomado as vacinas, os casos estão mais brandos. Das pessoas encaminhadas ao pronto socorro do hospital para fazer o segundo tratamento, muitos estão com a Covid-19 e também há os que estão com a gripe, influenza H3N2. “Ainda não são casos muito graves”, disse o provedor.
“Os sintomas parecem com uma gripe forte, com dores no corpo, coriza, febre e tosse e ao contrário dos casos anteriores, ela não ataca tanto os pulmões”, assim descreveu a farmacêutica bioquímica Fátima Quessada, os pacientes que procuram o laboratório Labor Center, para a realização dos testes contra a Covid-19. Já a farmacêutica Marcela Schmidt, disse que as pessoas que vão à Drogaria Nova Central em busca dos testes queixam-se de vômitos, dor de estômago, dores lombares (costas). “Os sintomas estão bem mais leves, graça às vacinas”, afirmou.

Rede de saúde está sobrecarregada
Embora até agora os quadros das pessoas sejam mais brandos, o serviço de saúde do município está nos limites. “Nós já estamos tendo problemas em encontrar testes e até mesmo alguns tipos de medicamentos e o pior, nós não temos estrutura física e nem de pessoas para dar conta de uma demanda tão forte. Faltam médicos, funcionários e estamos vivenciando um momento bastante crítico. Com certeza o pior momento em termos de Covid-19”, asseverou o provedor Jair Gabricho.
Maria Helena Zan afirmou que todo mundo está indo ao Posto de Pronto Atendimento-PPA e ao Gripário e a situação sobrecarrega o sistema, fazendo as pessoas esperarem para serem atendidos, devido ao grande número de doentes a serem atendidos.
“Não é só em Vargem, não é só na rede pública. Nos hospitais particulares as filas estão dobrando esquinas, os pacientes estão tendo de esperar quatro, seis horas para serem atendidos. Não há lugar para as pessoas sentarem”, afirmou a diretora de Saúde Maria Helena Zan.

Nova variante Ômicron
Embora não tenha sido confirmada ainda a nova variante Ômicron em Vargem Grande do Sul, tudo leva a crer que dado o alto índice de contaminação que está ocorrendo não só em Vargem como também na região, no Brasil e no mundo, ela já esteja presente no município.
A farmacêutica Marcela Schmidt assim acredita. Os testes feitos onde ela trabalha já vem com o detector das novas variantes Delta e Ômicron. Explicou que os sintomas da Covid-19 do ano passado, as pessoas queixavam-se mais de problemas respiratório, com tosse, falta de ar, perda do paladar e agora esses sintomas não se apresentam tão fortes nas pessoas que são positivadas com a Covid-19.
Os novos sintomas como dores no corpo, dor de estômago, parecendo uma gripe forte, podem estar relacionados com a Ômicron, segundo a profissional. “Principalmente as dores nas costas”, afirmou. A bioquímica e farmacêutica Fátima Quessada também falou que tudo leva a crer que seja a nova cepa, a Ômicron, que estaria por trás de tantas contaminações. “Mas não podemos afirmar, pois não temos dados concretos ainda”, disse. O Labor Center está fazendo em torno de 60 testes dias e cerca de 50% a 60% estão dando positivo para a Covid-19.
O provedor Jair também não sabe afirmar se é a nova cepa Ômicron que estaria por detrás de tantas contaminações. No entanto, faz um paralelo entre as antigas cepas da Covid-19 que atingiram a cidade no ano passado e a Ômicron, que pelo seu grau e poder de contaminação, se propagando mais rápido, sendo mais branda que a anterior e não tão letal, igual aos sintomas atuais dos doentes de Covid-19.

Apelo
Das pessoas entrevistadas pela Gazeta de Vargem Grande, todas fazem um apelo para que as pessoas continuem usando máscaras, usando o álcool gel e não se aglomerando. “O que nos protege é álcool gel, lavar as mãos. O uso de máscaras é essencial”, disse Fátima Quessada.
“A gente pede neste momento que as pessoas se conscientizem neste grave momento que o vírus está aí, ativo, que mesmo as pessoas que tomaram a vacina não estão livres e as regras de ouro como o uso de máscaras, o distanciamento social, isolamento e a vacinação, pois tem muitas pessoas que não voltaram para tomar as doses da vacina e isso prejudica não só ele, como terceiros”, afirmou Jair Gabricho.
Maria Helena Zan, diretora de Saúde, pede que somente as pessoas que estão se sentindo mal, procurem o Gripário ou o PPA. “Quem não está bem, tem de ir imediatamente”, falou. “Mudamos o Gripário para um local mais amplo, colocamos mais dois médicos, está todo mundo trabalhando no limite, tem profissionais afastados por Covid-19, então pedimos a compreensão e colaboração de todos os vargengrandenses para superarmos este momento gravíssimo”, pediu a diretora.
Se os sintomas forem leves, ela pede para as pessoas não procurarem a rede de saúde para não sobrecarregar a mesma e deixar para as pessoas que realmente estão com a saúde debilitada. Ela acredita que o pico das contaminações, deve ocorrer na semana que vem, devido às confraternizações do Natal e Ano Novo.
Ela também citou a eficiência das vacinas, que muitas pessoas não tomaram a segunda e a terceira dose e que isso prejudica muito, pois as vacinas vão perdendo eficiência com o passar do tempo. Também faz um apelo para que as pessoas não se aglomerem, usem máscaras e tomem todos os cuidados para evitar a contaminação que agora é muito mais rápida.

Evolução da Covid-19 em Vargem nos últimos dias

As aglomerações entre familiares e amigos na celebração das festas de final de ano, como o Natal e a Passagem de Ano, causaram uma alta considerável nos casos de Covid-19 em Vargem Grande do Sul.
No dia 24, véspera de Natal, de acordo com o boletim divulgado pela Prefeitura Municipal, haviam 3.858 casos positivos na cidade. Na quinta-feira, dia 6, o número saltou para 4.068, um acréscimo de 213 casos novos.
A reportagem da Gazeta de Vargem Grande analisou os boletins divulgados neste período. Na véspera de Natal, dia 24, havia 8 casos ativos da doença e 10 monitorados. Na ocasião, não havia ninguém aguardando resultado e nem internado. A situação permaneceu a mesma até domingo, dia 26.
Contudo, na segunda-feira, dia 27, já foi possível notar as consequências das celebrações natalinas. Na data, o boletim constou 19 ativos, 23 pessoas aguardando resultado e outras 22 sendo monitoradas. Conforme o divulgado pelo prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB), 104 pessoas haviam passado pelo gripário, sendo 43 delas notificadas.
No dia seguinte, dia 28, o boletim registrou 26 pessoas com a doença e outras 29 monitoradas. Na data, 69 pessoas passaram pelo gripário e 29 foram notificadas.
No dia 29, 28 pessoas estavam com o vírus ativo, três aguardavam o resultado do exame e outras 33 estavam sendo monitoradas. De acordo com o divulgado, das 102 pessoas que passaram no gripário, 24 foram notificadas.
No dia 30, o boletim registrou 28 pessoas com a doença, oito aguardando resultado e outras 37 monitoradas. Na ocasião, passaram pelo gripário 89 pessoas, sendo 8 notificadas.
Na véspera de Ano Novo, dia 31, de acordo com o boletim, havia 35 casos ativos, oito aguardando resultado e 37 pessoas sendo monitoradas. No dia, passaram pelo gripário 78 pessoas, sendo que 44 foram notificadas.
No Dia de Ano, dia 1º, e no domingo, dia 2, devido ao final de semana, o número de pessoas com o vírus ativo, aguardando resultado e sendo monitoradas permaneceu o mesmo. Contudo, de acordo com o prefeito, no sábado, dia 1º, 51 pessoas foram ao gripário e 15 delas foram notificadas. Já no domingo, dia 2, 92 pessoas passaram pelo local e 26 foram notificadas.
Na segunda-feira, dia 3, o boletim registrou uma alta expressiva. Na data, 74 casos estavam ativos, 18 pessoas aguardavam o resultado do exame e outras 62 eram monitoradas. Infelizmente, na ocasião, havia uma pessoa com o vírus na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e uma intubada na enfermaria. O prefeito informou que 116 pessoas passaram em atendimento pelo gripário, sendo 45 notificadas.
Na terça-feira, dia 4, a alta foi ainda mais drástica, uma vez que o boletim registrou 123 pessoas com o vírus ativo, 26 pessoas aguardando resultado, 74 sendo monitorados e uma pessoa com a doença intubada na enfermaria. Na data, segundo o prefeito, 113 pessoas passaram no gripário e 40 foram notificadas.
No dia seguinte, quarta-feira, dia 5, houve uma pequena queda nos casos ativos e no número de pessoas que aguardavam o resultado do exame: 117 e 18, respectivamente. Porém, 131 pessoas passaram pelo gripário e 67 foram notificadas. Uma pessoa positivada estava internada na UTI.
Na quinta-feira, dia 6, o número voltou a subir: 132 casos ativos, 26 pessoas aguardando o resultado do exame e 89 munícipes monitorados. Um confirmado com a doença seguia na UTI. Na data, 96 pessoas passaram pelo gripário e destas, 68 foram notificadas.
O aumento dos casos está acontecendo em todo o país e diversas cidades, inclusive da região, cancelaram eventos com aglomeração que aconteceriam nos próximos meses, como o Carnaval, eventos esportivos e feiras.

Banco fechado
Durante a semana, houve várias publicações na rede social Facebook sobre o fechamento repentino do Bradesco por alguns dias. Conforme o discutido nas postagens, o fechamento do banco ocorreu devido a uma alta de casos de Covid-19 no local.
Munícipes informaram que o banco fechou para uma severa desinfecção para tentar frear o número de casos e preservar a saúde dos trabalhadores e da população que frequenta o local.
A Gazeta de Vargem Grande tentou contatar o Bradesco para saber se as informações compartilhadas na rede social procedem e qual o estado de saúde dos infectados. No entanto, até o fechamento desta edição, não obteve retorno.
O jornal também tomou conhecimento que várias empresas e indústrias estão com funcionários afastados devido à contaminação pela Covid-19.

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