Pediatra ressalta importância da vacina contra Covid-19 para crianças

Dra. Fernanda Cracini Morandin Bombini reforçou a eficácia da vacina e a importância de imunizar as crianças contra a Covid-19. Foto: Arquivo Pessoal

A vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19 começou em todo país nesta semana. Em Vargem Grande do Sul, as doses começaram a ser aplicadas logo na segunda-feira, dia 17, para meninos e meninas com comorbidades. Nos dias sequentes, a imunização passou a ser feita por faixa etária.
A vacina voltada para o público infantil tem dosagem e composição diferentes daquela utilizada para os maiores de 12 anos. A formulação da vacina para crianças será aplicada em duas doses de 0,2 ml (equivalente a 10 microgramas), com pelo menos 56 dias de intervalo entre as doses. Para evitar confusões, o imunizante leva uma tampa laranja, diferente da versão para adultos, que tem um fecho azul.
Segundo a página do Governo Federal na Internet, a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a imunização de crianças, veio após uma análise técnica criteriosa de dados e estudos clínicos conduzidos pelo laboratório Pfizer. Segundo a equipe técnica da Agência, as informações avaliadas indicam que a vacina é segura e eficaz para o público infantil.
Para os meninos e meninas que completarem 12 anos entre a primeira e segunda dose, a recomendação da Anvisa é continuar com a dose pediátrica da Pfizer.
Em Vargem, muitos pais estavam ansiosos para que seus filhos fossem logo imunizados e compareceram aos pontos de vacinação instalados pelo Departamento Municipal de Saúde.

Crianças são vacinadas em Vargem contra a Covid-19. Foto: Prefeitura

Pediatra explica importância da vacina


No entanto, há ainda quem tenha questionamentos com relação à vacina. Para sanar as dúvidas mais comuns, a médica Fernanda Coracini Morandin Bombini, pediatra e alergista e imunologista, usou suas redes sociais para falar sobre a importância de imunizar as crianças e sobre a segurança da vacina.
Dra. Fernanda lembrou que desde o início da pandemia, dados apontam que mais de 2.625 crianças já perderam a vida devido à infecção pela Covid-19. “Pode parecer um número baixo, mas percebendo que são mais de 2.625 famílias que vivem o luto da perda de uma criança, mais 2.625 pais que chegam em casa e não encontram mais seus filhos, mais de 2.625 mães que dormem e quando acordam sabem que não vão poder ver mais seus filhos”, lamentou.
“No entanto, temos agora uma vacina cuja eficácia e segurança foi comprovada pelos órgãos de saúde. A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Sociedade Brasileiras Pediatria (SBP) e Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) decidiram tornar público seu parecer, são favoráveis a autorização da Anvisa e confirmam que os benefícios da vacinação superam quaisquer riscos potenciais aos pequenos”, destacou a especialista.
A especialista lembrou ainda que há um dado importante, que foi a experiência na vida real, que é a aplicação de doses nos Estados Unidos em mais de 5 milhões de crianças, onde a vacina se mostrou extremamente segura, observando que eventos adversos graves acontecem, mas são raríssimos.
Fernanda destacou que em caso de dúvidas ou receio de que a criança tenha algum problema de saúde pré-existente, é importante que os pais conversem com o médico que faz o acompanhamento do seu filho para sanar qualquer questionamento. A pediatra também observou que a vacinação não é obrigatória, ficando sob a decisão de cada pai.
Por fim, Dra. Fernanda destacou que é importante que pais e responsáveis fiquem atento às notícias falsas que têm circulado com relação à vacina e procurarem sempre checar informações em fontes confiáveis.

Tecnologia
Fernanda ainda divulgou em suas redes sociais um vídeo da médica Ariana Campos Yang, doutora em Ciências pela USP, coordenadora dos ambulatórios de Alergia Alimentar, Esofagite eosinofílica e Dermatite Atópica do Serviço de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas da USP e médica assistente do Serviço de Alergia e Imunologia da Unicamp.
Na postagem, a especialista informa sobre a tecnologia envolvida no imunizante. “Embora as preocupações com efeitos a longo prazo sejam legítimas, é preciso ter cuidado com a campanha antivacina, que semeia confusão. A tecnologia “nova”, não é tão nova assim: as pesquisas com vacinas de mRNA evoluem há décadas, e foram estudadas anteriormente para influenza, zika e raiva”, observou.
Mesmo com a rapidez no desenvolvimento, nenhuma etapa de testagem foi pulada, e os resultados foram avaliados por muita gente competente e séria ao redor do mundo, conforme ressaltou a Dra. Ariana. “A eficácia observada em crianças foi de 90%. No Brasil estima-se vacinar 20 milhões de crianças, portanto 2 milhões delas continuariam suscetíveis à doença. Vacinar é reduzir risco e não anular risco. Dados do CDC após 8,7 milhões de doses em crianças de 5 a 11 anos, apontam que efeitos colaterais graves são raríssimos e nenhuma morte foi registrada”, concluiu.

Marco Aurélio Sáfadi
Em recente entrevista à CNN Brasil, o infectologista e presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, Marco Aurélio Sáfadi, falou sobre a importância de vacinar crianças contra a Covid-19.
“Uma dúvida muito comum é se o risco de ser hospitalizado é maior em crianças com comorbidades, sim o risco é maior e o cuidado deve ser extremo, mas segundo estudos realizados durante a pandemia, 70% das crianças hospitalizadas no Brasil eram menores de 12 anos e eram saudáveis antes de contraírem a doença. Por isso a vacina nesses grupos etários é essencial”, reforçou.
As formas mais graves da Covid nessa faixa etária ocorrem mais em crianças pequenas do que nas mais velhas, uma complicação particular do covid 19 nesse grupo é a chamada Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica, uma condição rara, mas que tem sucedido a infecção pela Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. De acordo com o médico, essa complicação aparece cerca de um mês após a criança ser infectada e não precisa necessariamente ser um quadro grave, muitas vezes ela é sucedida de um quadro leve e pouco sintomático.

Secretaria descarta reação à vacina em Lençóis Paulista

Governo de São Paulo já incluiu a Coronavac na campanha de imunização. Foto: Arquivo Pessoal

O Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo disse, nesta quinta-feira, dia 20, que a vacina contra Covid-19 não causou parada cardíaca em criança de 10 anos, em Lençóis Paulista.
Segundo o informado, a investigação foi feita por mais de dez especialistas e verificou que a criança possuía uma doença congênita rara que era desconhecida pela família e que teria desencadeado o quadro clínico. “Não existe relação causal entre a vacinação e o quadro clínico apresentado”, afirmou o órgão em nota.
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo reforçou ainda a importância da vacinação e reafirmou que todos os imunizantes aprovados pela Anvisa são seguros e eficazes. Já a Pfizer, fabricante do imunizante contra a Covid, informou que assim que teve conhecimento do caso, foi submetido um relato de potencial evento adverso para a área de farmacovigilância, conforme procedimento da empresa.
A companhia informou, no entanto, que já distribuiu mais de 2.6 bilhões de doses da vacina em 166 países e não há alertas de segurança grave relacionado ao imunizante.

O caso
Uma criança apresentou alterações em batimentos cardíacos em Lençóis Paulista. Segundo relatos dos pais, a criança chegou a desmaiar 12 horas após a aplicação da vacina. Ela foi levada à rede de saúde particular para atendimento, em Botucatu, onde permanece estável e sob observação, de acordo com a família.
A Prefeitura de Lençóis Paulista suspendeu a campanha de vacinação de crianças por sete dias no município a partir do dia 19. O Comitê de Enfrentamento à Covid-19 de Lençóis Paulista ainda ressaltou que “não existe dúvida sobre a importância da vacinação infantil” e que o prazo foi dado para acompanhar e monitorar as 46 crianças lençoenses vacinadas até o momento.

Coronavac aprovada para crianças

A Anvisa aprovou o uso emergencial da CoronaVac em crianças de seis a 17 anos nesta quinta-feira, dia 20. A vacina contra Covid-19 do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac já é usada no país em pessoas acima de 18 anos. A aprovação ocorreu em reunião extraordinária pública da Diretoria Colegiada da Anvisa e ocorre após um novo pedido de uso emergencial feito pelo Butantan em 15 de dezembro.
Os cinco diretores da agência votaram positivamente. Houve um veto ao uso em pessoas com baixa imunidade. Crianças e adolescentes com baixa imunidade têm como alternativa a vacina da Pfizer, que foi aprovada sem restrição de público a partir dos cinco anos.
A diretora da Anvisa Meiruze Sousa Freitas, em seu voto, lembrou que as vacinas de vírus inativado, como a CoronaVac, continuam sendo importantes para prevenir hospitalizações e mortes por Covid-19. “Aprovar o uso de mais uma vacina pediátrica é ampliar o direito do acesso ao imunobiológico que tem a finalidade de proteger a saúde, em especial em um momento em que há aumento da disseminação da variante ômicron, e a livre vontade da grande maioria dos pais para vacinar os seus filhos”, assinalou ela.

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