
Primeira pessoa a ser vacinada em Vargem Grande do Sul, a médica Amanda Naldoni, que desde o início fez parte da equipe de atendimento aos pacientes de Covid-19 no Hospital de Caridade, falou à Gazeta de Vargem Grande sobre como a imunização trouxe efeitos positivos no combate à pandemia.
“O impacto da vacinação foi extremamente considerável, tanto na quantidade de internações quanto na evolução dos casos. Para se ter uma ideia, separei alguns números contidos nos boletins diários divulgados pela prefeitura. Em 4 de maio de 2021, com apenas 42 casos ativos na cidade, haviam 5 pacientes internados em nosso hospital e 7 em leitos de UTI na região”, recordou.
“Em 18 de junho, com 225 casos ativos na cidade, havia 25 pacientes internados em nosso hospital e 3 em leitos de UTI. Vale ressaltar que muitos destes 25 pacientes que aqui estavam precisavam de leito de UTI, porém não havia vaga nos hospitais de referência da região, tanto do SUS quanto de convênios e particulares. Nesse período a própria capacidade física do hospital para receber internações foi ultrapassada, e todos tivemos que nos desdobrar para cuidar de todos os doentes. Além disso, a faixa etária destes pacientes graves incluía jovens e adultos de 20, 30, 40, 50 anos. Muitas vidas inestimáveis se perderam neste período mesmo com todo nosso esforço”, lamentou.
“Já este ano, com o avanço da vacinação, em 20 de janeiro, havia inacreditáveis 668 casos ativos no município, porém apenas um internado em enfermaria e dois em leitos de UTI. Houve também mudança no padrão da idade, a maioria dos pacientes que precisaram de internação eram de idosos. Se pensarmos em proporção, caso as internações se mantivessem na mesma taxa do ano passado, com 688 casos haveria mais de 60 pacientes internados. Com toda certeza o sistema de saúde teria entrado em colapso absoluto”, ponderou.
“O impacto na mortalidade também é indiscutível, em junho do ano passado perdemos praticamente uma vida por dia para a Covid-19. Este ano também perdemos até agora 2 inestimáveis vidas para a doença, mas se não houvesse o avanço na vacinação com toda certeza mais famílias sofreriam com a perda de entes queridos”, afirmou a médica. “A maior importância da imunização contra a Covid-19 é a possibilidade de redução da gravidade da doença e de necessidade de internação, bem como a chance de óbito”, reforçou.
A médica também reiterou a necessidade de se manter a prevenção. “Vale alertar à população entretanto que, apesar de diminuir drasticamente a chance, ainda existe a possibilidade de vacinados evoluírem com a forma grave da doença e óbito. Isso reforça a necessidade de manutenção das medidas de isolamento e consciência da população para ajudar no controle da disseminação do vírus”, afirmou.
Perto do colapso
“A fase mais crítica da pandemia a meu ver foi em meados de junho do ano passado, nesse período perdemos muitas vidas e chegamos a beirar um colapso do sistema de saúde. Para manter a situação sob controle, tivemos que nos desdobrar para atender às demandas de todos os enfermos. Foi um período muito difícil que levou todos os envolvidos a um esgotamento físico e emocional”, recordou.
Desafios
“O principal desafio após o início da vacinação é combater a desinformação disseminada sobre a segurança das vacinas. Vacinação é uma técnica segura e aplicada há décadas, é importante que todos tenham consciência e façam sua parte, efeitos colaterais que são relatados são irrisórios perto da gravidade que a doença pode atingir em algumas pessoas”, destacou a médica.
“A vacinação é um dever que deve ser visto como coletivo e não uma escolha individual. Ao recusar a vacina você interfere na segurança e vida do próximo. Recusando-a, você mantém a circulação do vírus maior, levando o mesmo à população mais vulnerável e aumentando a chance de mutações. Vacine-se por você e por quem você ama”, pediu a médica Amanda Naldoni.