Formação em viticultura ganha espaço com expansão de vinícolas da região

Já são nove turmas formadas no curso superior. Foto: Arquivo Pessoal

Instituto Federal, em São Roque, tem curso especializado para o setor e inscrições estão abertas até dia 18

A região de Vargem Grande do Sul vem desenvolvendo vinícolas de qualidade, produzindo vinhos consagrados no mercado dos finos, como as vinícolas Gaspari, em Espírito Santo do Pinhal, e a Casa Verrone, em Itobi. A região demonstra potencial para um maior desenvolvimento desta cultura e tem atraído turistas, amantes da bebida e abrindo um bom segmento de investimento.

Com essa crescente no mercado, há perspectivas para quem cursa faculdade de Viticultura e Enologia, atualmente oferecida no campus São Roque do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), que conta com um excelente curso com 40 vagas, conforme informou o Prof. Dr. José Hamilton Maturano Cipolla, vargengrandense e que faz parte do corpo docente do Instituto Federal de São Roque.

O profissional de Tecnologia em Viticultura e Enologia planeja, implanta, executa e avalia os processos de produção, desde a escolha das cepas de uva ao produto final. As inscrições para o ano letivo de 2022 estão abertas até o dia 18 e os interessados podem se inscrever pelo link https://processoseletivo.ifsp.edu.br/

A Gazeta de Vargem Grande foi informada que vários dos formados em São Roque, cidade próxima a São Paulo, passaram a ter uma carreira internacional, sendo uma oportunidade pouco conhecida pelos jovens. 

O jornal procurou o fundador do curso, Fábio Laner Lenk, que é tecnólogo em Viticultura e Enologia, doutor em Agronomia e professor do IFSP para saber mais sobre esta formação. Conforme explicou, o processo do curso teve início ainda em 2010, mas a primeira turma foi aberta em 2013, completando nove anos de turmas ininterruptas. 

“A motivação para a criação do curso é porque São Roque é uma das poucas regiões do Brasil com característica e com histórico cultural e econômico envolvendo a produção de vinhos. Ela é conhecida como a terra do vinho paulista, houve uma época áurea, entre a década de 50 e 60, época de maior setor produtivo”, disse.

“Depois, justamente talvez por falta de apoio do Poder Público e uma série de outras situações como urbanização, pragas e doenças que ocorreram na região, especulação imobiliária, sucessão familiar e acho que até a falta de escolas, de cursos de capacitação para ser dada a continuidade dessa sucessão familiar. Esses foram alguns pontos que São Roque se viu em declínio na quantidade de empresas”, completou. 

Contudo, Fábio pontuou que hoje, a região produz mais vinho do que produzia antigamente. “Hoje as 15 vinícolas que existem na região produzem uma maior quantidade de volume do que as 120 que existiam antigamente. Então nesse intuito de preservação e revitalização do setor produtivo do vinho na cidade veio de encontro com a expansão das escolas técnicas federais. E com a instalação em 2008 do campus do Instituto Federal aqui na cidade, uma das partes do planejamento, do plano diretor da instalação dessa unidade, desse campus, foi a criação do curso superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia”, contou.

A formação

O curso de nível superior, com duração de três anos, é dividido em seis semestres, onde o aluno aprende desde a parte de campo até a de comercialização do produto. “Então passa na produção da uva, o processamento desta matéria prima, que pode ser transformada em suco, vinho, qualquer outro derivado, bebidas destiladas ou até mesmo vinagre, uva passa, doce ou geleia de uva. E posteriormente a parte de análise de laboratório, comercialização e serviço do vinho, como servir os vinhos nas ocasiões, que são o trabalho do sommelier”, explicou.

O ingresso dos alunos todos os anos é por meio da prova do Enem, sendo uma entrada por ano e 40 vagas anuais. Com a graduação, Fábio explicou que o profissional fica habilitado a ter a responsabilidade técnica pela produção do vinho. “Desde 2007 tem a lei que regulamentou a profissão Enólogo, então a partir do ano de 2007, a única pessoa que tem a responsabilidade técnica, por assinar, se responsabilizar pelo produto vinho e pela vinícola, é o enólogo, que é o tecnólogo em viticultura e enologia”, disse.

O especialista comentou que, iguais ao curso de São Roque, há mais outras cinco escolas no país, totalizando apenas seis locais que ofertam essa graduação. “Uma no Nordeste, na cidade Petrolina, a nossa no Sudeste, em São Roque, uma em Santa Catarina, no sítio Urupema e as outras três no Rio Grande do Sul, sendo na Serra Gaúcha, na Campanha Gaúcha e na cidade de Pelotas”, informou.

Mercado

Fábio destacou a necessidade de capacitação de profissionais para a área. “A importância hoje do curso é que está vindo de encontro justamente a uma crescente constante da produção de vinhos no estado de São Paulo e Minas Gerais, que vem puxando isso como toda a região Sudeste e parte da região Centro Oeste também, então acabamos sendo um dos polos mais próximos dessas novas regiões que estão sendo puxadas principalmente pela tecnologia dos vinhos de inverno”, comentou. 

Fábio ressaltou que com esse conceito, é visível e notório a grande quantidade de vinícolas que vêm sendo implementadas, principalmente de vinhedos no momento e, posteriormente, com as vinícolas. 

“E vemos isso com uma tendência muito alta, principalmente agora após esse ano de pandemia, em que o vinho foi eleito a bebida da pandemia, onde as pessoas tiveram mais tempo pra ficar em casa e realmente se adquiriu o hábito de incluí-lo nas refeições. Nós tivemos um aumento muito grande de consumo, principalmente do produto nacional, que também foi favorecido pela questão de dificuldade de logística dos produtos importados e também pela taxa de câmbio, então essa diferença muito grande fez o consumidor conhecer mais o produto nacional”, disse. 

“E nisso, a título de comparação com os produtos importados, ele viu que o produto nacional tinha uma excelente qualidade e um ótimo custo benefício. Então, de encontro a isso, vemos que o Brasil tem um potencial enorme de comercialização de vinhos, de consumo de vinhos, basta fazer aquele comparativo, pois a média per capita de consumo hoje está em 2,5 litros, enquanto nossos vizinhos, por exemplo, a Argentina tem uma média de 25 a 30 litros per capita, então temos um potencial de crescimento muito grande”, finalizou. 

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