Muitas vezes, uma notícia pode gerar um debate bem mais amplo do que apenas o fato divulgado. E isso é fundamental para o desenvolvimento de um senso crítico entre os leitores. Nessa semana, isso aconteceu na página da Gazeta de Vargem no Facebook. Uma postagem sobre um furto acabou apresentando uma situação muito mais complexa, que pode gerar um rico debate e até mesmo, incentivar um olhar mais humano para questões sociais de Vargem.
Se tratou do caso de um homem que foi pego pela Guarda Civil Municipal após tentar o que inicialmente se configurou como o furto de uma cadeira de rodas do Posto de Pronto Atendimento (PPA) Alfeu Rodrigues do Patrocínio. O inusitado da situação, a perplexidade de muitos ao constatar que nem cadeiras de rodas estão sendo poupadas pela criminalidade, começou a ganhar outros contornos quando um pouco da história dessa pessoa foi retratada.
Dependente de álcool, em crise de abstinência, vivendo em situação de rua, buscando internação em alguma instituição para tratamento, estava aguardando transporte para a Casa de Passagem, quando em um momento de confusão, talvez um surto, acabou saindo da unidade de saúde levando consigo a cadeira de rodas, que pensou que teria sido dada a ele.
A Guarda Civil Municipal, em cumprimento de sua obrigação, deteve o rapaz, que foi levado à Polícia Civil, onde teve sua prisão determinada. No dia seguinte após audiência de custódia, foi colocado em liberdade e segue com seu processo para internação.
Pode não ter sido esse o caso, mas muitos dos furtos ocorridos na cidade tem relação à dependência química. A Polícia Civil, a Polícia Militar, a Guarda Civil Municipal devem seguir com seu trabalho de oferecer segurança, de coibir e investigar crimes e prender seus autores. Mas esse trabalho seguirá como enxugar gelo, caso problema não seja atendido em Vargem Grande – e em todo país – de uma maneira mais ampla e humanista. Oferecer educação, saúde, esporte, emprego é muito mais eficiente a longo prazo para combater a criminalidade do que prender pessoas.