O desenvolvimento de uma bacia leiteira se faz de um conjunto de fatores e tão importante quanto retirar o leite da vaca, é sua armazenagem e também o escoamento da produção. Antigamente, eram famosos os caminhões de leite carregados com latões, que iam de propriedade em propriedade recolhendo o leite produzido pelos pequenos, médios e grandes produtores.
Um trabalho exaustivo, sem fins de semana, enfrentando chuva, lama, caminhões atolados, até que com o asfaltamento e aprimoramento de muitas estradas, a situação ficou um pouco melhor. Denilson Donizete Sati, 50 anos, foi um destes trabalhadores que durante muitos anos enfrentou este desafio de colocar o leite da fazenda nos laticínios. Juntamente com o irmão Emílio, trabalhou no comércio de compra e venda de leite por 15 anos, comprando dos produtores de Vargem e fornecendo ao Laticínio São Miguel (Queijos Roni) em São Sebastião da Grama.
A vida na lida com o leite vem desde a época do pai, Antônio Carlos Sati, o conhecido Toninho Sati, que há mais de 30 anos produziu leite em várias fazendas, em cidades como Divinolândia, Santa Rita do Passa Quatro, Caconde (Barrania) e depois em Vargem Grande do Sul, na Fazenda Ribeirão Preto. Toninho foi um dos bons produtores de leite do município e foi ele também que iniciou a linha de leite que depois os irmãos assumiram.
Denilson lembra muito bem do auge da bacia leiteira de Vargem, na década de 90, citando grandes produtores como João Amaral, Tota, Lelo Gomes, dentre outros que vendiam para a Danone. “Nós trabalhávamos mais com os pequenos e médios produtores, retirando leite de uns 45 retiros. Os pequenos que produziam de 50 a 100 litros, a maioria parou”, afirmou Denilson à reportagem da Gazeta de Vargem Grande.
Eles também foram produtores de leite, chegando a produzir de 400 a 500 litros por dia, mas em 2020 pararam com o retiro. “Na época, o custo era maior que a receita e também a mão de obra ficou cada vez mais escassa”, comentou.
O comércio e o transporte de leite também foi um bom negócio, chegando no auge em 2015. Nesta ocasião, os irmãos possuíam três caminhões e compravam e vendiam cerca de 8.000 litros por dia. Depois, a situação complicou muito segundo ele. A pandemia do coronavírus também ajudou a piorar o comércio que exerciam e com a mudança que ocorreu na diretoria do laticínio para quem vendiam o leite, levou os irmãos a pararem com as atividades.
Hoje, Denilson trabalha com gado de corte, cria e recria. Ele acredita que a bacia leiteira de Vargem dificilmente voltará à pujança que teve no passado. Cita que um dos grandes problemas é a mão de obra especializada. “Difícil achar quem trabalha todos os dias, inclusive aos sábados, domingos e feriados. É muito trabalhoso, só mesmo com a família tocando, o pequeno produtor consegue sobreviver”, afirmou.