Baixo preço da batata não cobre o custo

Trabalhadores na colheita da batata, em propriedade de São Roque da Fartura, na região de Vargem. Foto: Luís Leite

Esta semana, o mercado retraiu ainda mais e o produtor vargengrandense de batata está sentindo no bolso os efeitos da baixa procura pelo consumidor e do grande volume ofertado da batata de inverno que está no meio da safra na região de Vargem Grande do Sul. Segundo apurou o jornal Gazeta de Vargem Grande no fechamento desta edição, na tarde da sexta-feira, dia 19, o produtor estaria recebendo em média R$ 30,00 a saca de 25kg, o que, segundo alguns produtores, não pagaria os custos da produção.
O alto custo é um dos entraves que atormenta o produtor de batata este ano. Os preços dos insumos subiram muito em decorrência da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, chegando a dobrar de valor. Os preços dos adubos que custavam em média R$ 1.500,00 a tonelada no final do ano passado, passaram de R$ 7.000,00, sem falar no aumento exorbitante do preço do diesel, dos agroquímicos, o que inflacionou sobremaneira o custo da produção que utiliza ainda as sementes, tem de se fazer o preparo do solo, as irrigações, a dissecação aos 90 dias após o plantio e finalmente o custo da colheita.
Para o presidente Pedro Marão da Associação dos Bataticultores de Vargem Grande do Sul e Região (ABVGS), que concedeu uma entrevista na quinta-feira, dia 18, o preço pago naquele dia ao produtor estava entre R$ 35,00 a R$ 40,00, o que também não pagaria o quanto o agricultor gastou para plantar e colher um saco de batata.
Ele disse que já foi colhido mais de 50% da safra, que deve se estender até o final de outubro. Para ele, a oferta está afetando o preço negativamente, pois outras regiões também estão em época de colheita. “A produção melhorou um pouco, mas no começo estava baixa, prejudicando demais o investimento do produtor”, afirmou o presidente da ABVGS.
No site do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada Esalq-Cepea, os preços da batata tipo ágata especial (saca de 25kg), que no dia 12 de agosto estava a R$ 47,00, caiu para R$ 41,33 no dia 18. Já a ágata de primeira constava no beneficiador a R$ 30,00 no dia 12 de agosto, caindo para R$ 25,00 no dia 18 de agosto.
Segundo matéria publicada no site da Hortifruti/Cepea no mês de julho, “Em Vargem Grande do Sul, a produtividade média ficou entre 30 e 35 t/ha, abaixo do esperado. Uma das principais razões está associada à forte pressão de murcha de verticillium, doença que, de acordo com colaboradores do Hortifruti/Cepea, foi favorecida pelo clima mais quente durante a maior parte do ciclo. No Sudoeste Paulista (SP) a presença de pragas como a traça, larva-alfinete e vaquinha também prejudicou a qualidade, gerando uma redução de cerca de 10% na produtividade das áreas mais afetadas”.
Com o mercado retraído e os preços caindo, os produtores procuram segurar a colheita o tanto quanto podem para diminuir a oferta de batata no comércio. Também uma das explicações é que por ser meio de mês, o consumo diminui muito e acaba afetando o preço. Esse “cabo de guerra” acontece sempre e faz parte da vida do produtor, que acaba se acostumando com essa briga do mercado. Do início da safra até agora, segundo apurou o jornal, os preços mantiveram uma média que não aponta um prejuízo maior aos produtores. No início da safra o preço da saca de 25kg foi comercializado a R$ 55,00.

Colheita movimenta economia da cidade
A colheita da batata movimenta a economia de Vargem Grande do Sul, ocupando muita mão de obra, dando serviço a milhares de pessoas, não só os que colhem o produto, como também os que trabalham nas dezenas de máquinas que lavam batata e a ensacam para o mercado consumidor.
Tradicionalmente a região planta em torno de 10 mil hectares nas cidades que compreendem além de Vargem Grande do Sul, as vizinhas Casa Branca (maior área plantada), Santa Cruz das Palmeiras, Itobi, Mococa, Porto Ferreira, São João da Boa Vista, Aguaí e Mogi Guaçu. A média de produção é de 700 a 750 sacas de 50kg, sendo a espécie mais plantada a ágata.
Segundo apurou o jornal, a procura por trabalhadores é grande desde o início da safra em junho, se estendendo até o final de outubro deste ano. Também estaria faltando mão de obra, uma vez que se reduziu a vinda de trabalhadores de outros estados para trabalhar na região de Vargem.
Uma fonte pesquisada pelo jornal Gazeta de Vargem Grande informou que um catador médio de batata estaria ganhando por dia entre R$ 120,00 a R$ 150,00, injetando só neste setor, cerca de R$ 100 mil por dia na economia da cidade, fora os outros setores que a safra da batata acaba influenciando positivamente, gerando uma forte expansão da economia nesta época do ano.

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