Certamente um dos eventos mais aguardados pelo público de Vargem Grande do Sul é a Festa das Nações, que depois de dois anos, volta a brilhar no palco da Praça da Matriz, nesta quinta-feira, dia 8.
O Departamento de Cultura e Turismo da prefeitura segue a todo vapor com os últimos preparativos para a 20ª edição da festa, que faz parte do calendário Cultural da cidade. Muito conhecida na região e famosa por trazer a cultura de diversos países através das danças, apresentações musicais e variedades de pratos típicos, a festa foi criada em 2001.
Na quinta-feira, dia 8 e sexta-feira, dia 9, a partir das 19h; no sábado, dia 10, o início será às 20h e no domingo, dia 11, como de costume será realizada no período da tarde com início 16h e as apresentações voltam à noite a partir das 20h.
Além do Grupo da Cultura o palco terá as apresentações das escolas Municipais, Estaduais e da rede particular, além dos Grupos e Academias, todos com ensaios adiantados e animação total.
São centenas de voluntários que se dedicam ao evento, que com muita preparação e entusiasmo leva aos espectadores o encanto das mais belas produções de dança e música, representando os países homenageados. As tradicionais barracas de pratos típicos de diversos países, ficarão por conta das entidades do município.
Nessa edição que celebra os 20 anos do evento, a Gazeta de Vargem Grande conversou com artistas voluntários, que são apaixonados pela Festa das Nações e fazem parte dessa história tão bonita.
A emoção de se apresentar
A cantora Diana Rodrigues, integrante do Grupo da Cultura, contou um pouco sobre sua experiência na Festa das Nações, onde participa desde 2003. Sua primeira apresentação foi o musical Havaí, na escadaria da igreja, lembrando do nervosismo, da inexperiência e da emoção de estar participando de algo tão importante. Diana contou que os principais desafios enfrentados na época era a falta de recursos, principalmente para se confeccionar os figurinos. Relata que hoje, há mais investimento por parte da prefeitura e ajuda de patrocinadores.
Diana sempre esteve envolvida com o grupo de cantores e recordou que a edição que mais a emocionou foi a de 2017, quando retornou aos palcos da Festa das Nações, pois havia ficado quatro anos fora. Ela conta que, com a emoção de estar de volta, na última apresentação daquele ano, chorou.
Para ela, a Festa das Nações em Vargem tem um papel fundamental de trazer cultura para a cidade: “Para que a população não viva somente de problemas, mas daquilo que é bom, de conhecer outros países através das nossas apresentações de música e de dança”. Destacou ainda a importância de a população ter fácil acesso à cultura. A cantora entende que hoje tudo é muito caro, e uma festa que proporciona um momento de prazer e alegria de graça a todos na cidade deve ser aproveitada.
Sobre o surgimento de novos talentos que vem se apresentando na Festa, a cantora avalia de forma positiva essas novas adesões. “Nós não somos eternos, quero participar de muitas edições ainda, mas é ótimo que tenha novos cantores, novos talentos. Que possamos descobrir isso, pessoas escondidas que possuem a vontade de fazer parte da história de nossa cidade. É prazeroso fazer parte dessa história, sinto muita alegria nisso, contou”.
Como legado, a cantora deixa o seu talento no palco, sua dedicação e todo seu envolvimento na Festa das Nações. Espera que as novas pessoas que irão se apresentar possa lembrar do seu brilho no olhar, da força e emoção que colocava em cada canção e se inspirar, buscando dar o seu melhor também. Ela aproveitou para convidar o público para prestigiar as apresentações. “Ficamos muito tempo longe por causa da pandemia e é um retorno em que todos estão esperando. É uma alegria poder trazer de volta este momento de descontração, de alegria e de leveza. Ficaremos muito feliz com a presença de todos”.
Da plateia para o palco
A primeira recordação que João Artur Tomaz tem da Festa das Nações, é a de espectador, vendo as apresentações no palco da Praça da Matriz. Hoje, ele é parte da nova geração de dançarinos do Grupo da Cultura. “Me lembro que eu estava sentado na plateia, vendo uma professora dançar, professora essa que era do magistério da dona Márcia Iared, e dançou muitos anos no Chá do Fleming, que deu início a Festa das Nações”, recordou.
O dançarino relata que os principais desafios enfrentados quando começou a fazer parte das apresentações eram com relação à estrutura da festa, principalmente no recrutamento dos artistas locais. Hoje, com o aumento da demanda de números inéditos, a logística que abriga todos os artistas, escolas e grupos se tornou um desafio ainda maior. Desde que começou a participar, ele comentou que o que mais o deixa emotivo é a amizade e a troca que há nos ensaios em prol de uma única coisa: “Levar brilho aos olhos de uma criança da plateia”, contou, lembrando que já foi uma criança presente na plateia e hoje, quer repetir esse feito nas crianças que estarão presentes no evento.
O envolvimento do artista sempre foi com a dança, mas como os outros voluntários, nunca se limitou a uma única tarefa. “Os artistas da Festas das Nações nunca estão destinados à apenas uma categoria, é camareiro, assistente de palco, costureiro, cabeleireiro, é isso que torna única essa festa”, comentou.
Para a cidade, ele vê a Festa das Nações como uma forma de enaltecer as raízes e homenagear a todos os imigrantes de Vargem. É fazer com que a população viaje o mundo sem sair do lugar, é tornar acessível e ver possibilidades, desde as crianças das escolas municipais até as crianças da APAE: “Um povo sem conhecimento de seu passado histórico, de sua origem e cultura é como uma árvore sem raízes”, comparou.
Sobre os novos participantes que vêm surgindo, acredita que é desta forma que as pessoas desabrocham seus talentos e fazem isso possível, tornando a Festa única, por meio de uma variedade de artistas que estavam escondidos.
Sobre deixar um legado para a Festa, o artista disse: “Não é só o meu legado, é o nosso como um todo, as associações que contribuem para gastronomia da Festa, aos voluntários, aos artistas, são longos meses de ensaios para chegar no resultado. O legado é a união e a sensação de trabalho cumprido, é conseguir inúmeras cadeiras de rodas, é fazer as crianças sorrirem, é o grupo da terceira idade ser possível. Nenhum palco se compara com o da Festa, porque a gente sempre quer aprimorar. Então o legado é se doar como um todo, e sair realizado”, finalizou.