Pais e familiares dos atletas da Escolinha de Vargem Grande do Sul Associação Futuro Atleta (AFA) Futsal estão pedindo apoio à prefeitura para custeio do transporte para os jogos disputados fora da cidade. Na sexta-feira da última semana, no dia 5, a AFA publicou em suas redes sociais e em grupos para debater assuntos da cidade uma carta aberta, assinada pelos pais e familiares dos jogadores.
Na carta aberta, endereçada ao prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB), os pais informam que usaram todos os meios de comunicação oficiais para tentarem um diálogo com o Executivo e que, a cada semana imploraram aos vereadores que conhecem para que intercedessem pela Associação Futuro Atleta e não receberam nenhuma resposta positiva. Nas últimas sessões do Legislativo, o caso foi discutido entre os vereadores, que orientaram a AFA a se tornar uma entidade beneficente, para que pudesse pleitear o transporte.
Sem um auxílio concreto, os envolvidos com a escola pedem uma ajuda ao prefeito. “Então, viemos a público questionar o que falta para recebermos a sua atenção, o seu reconhecimento e o seu respeito. Assim como outros projetos sociais, ligados a outros esportes como o judô, recebem. Não estamos pedindo investimento, o que seria totalmente viável, já que a AFA atende gratuitamente mais de 30 crianças. Só estamos pedindo para utilizar veículos e quadras públicas”, disseram os familiares.
Indignação
A secretária da AFA, Yasmin Campos Moreira Souza, é irmã de um dos jogadores da Associação. À Gazeta de Vargem Grande, ela comentou que escreveu a carta, que foi aprovada pelos pais e familiares dos alunos em um grupo de mais de 30 participantes.
Ela falou sobre a formalização da Escolinha. Como informou, teve a reunião, comparecendo o Felipe, professor e presidente, e o Hugo, advogado da AFA, que acompanha os trâmites da Associação, sendo bem envolvido com a causa, uma vez que seu filho é um dos alunos e que a razão social da AFA é o nome do seu pai.
“Sabíamos desde o dia que fundamos a Escolinha que seria necessário formalização. Desde o dia que fundou, já corremos atrás de tudo que era necessário para ter CNPJ e tudo mais. Em outubro, conseguimos. Temos tudo registrado, o estatuto, o CNPJ, uma diretoria definida, tudo direitinho. E, por isso, não entendi o comentário do prefeito quando pediu para a gente formalizar a Escolinha, porque ela é completamente formalizada”, relatou.
Yasmin pontuou que o que motivou a escrita da carta foi a sua indignação e que quando falou com os pais, todos reagiram da mesma forma. “Fizemos dezenas de ofícios, reuniões, procuramos os vereadores, procuramos a Diretoria de Esporte e é sempre nos negado o transporte e a utilização das quadras. O Mateus está jogando na Liga Riopardense, que ele joga desde os sete anos e dá pra contar nos dedos de uma mão os jogos que conseguimos fazer aqui”, disse.
“Quando questionamos a Liga do porquê que não estávamos jogando em casa, foi dito que a quadra sempre estava ocupada, então quando é jogo na nossa casa, estamos tendo que jogar em quadra emprestada na Sociedade Esportiva Sanjoanense em São João da Boa Vista, porque a quadra daqui não está disponível. No dia do jogo, que foi um sábado, a quadra do Poli estava vazia, apenas com tatames do Taekwondo de um evento que seria no dia seguinte, então daria muito bem para ter feito jogo aqui”, completou.
Ela explicou, no entanto, que fazer jogo em outra cidade é um problema, já que a AFA não tem transporte e tem que arcar com lanche e refrigerante, além da responsabilidade de levar as crianças menores de idade dentro de carros. Na semana passada, Yasmin tentou fazer todo o trâmite da forma correta, foi ao gabinete, conversou com a Assessoria de Comunicação e protocolou o documento.
Como o documento foi protocolado em cima da hora, foi explicado para Yasmin que não dava certeza de um retorno pelo prazo curto, o que ela havia entendido. “Então eu já esperava que não viesse retorno por causa do tempo, mas na sexta-feira ela me ligou e disse que não poderia ceder o transporte, que o que foi combinado era que quando o time da prefeitura fosse jogar, poderíamos ir de carona, mas ceder um transporte para nós, não. E eu fiquei indignada porque os meninos estão levando o nome da cidade, nós só estamos tentando fazer uma coisa boa. Eles estão tendo a oportunidade que jogando pela prefeitura eles nunca tiveram”, disse.
A secretária informou que o prefeito falou sobre a AFA estar irregular e ressaltou que a argumentação está inconsistente, uma vez que a prefeitura fornece quadra e dá o direito da Escolinha usar o bar para arrecadar dinheiro para a Associação quando há jogo, mas não pode fornecer o transporte por irregularidade. “Primeiro que não estamos irregulares, mas aí estamos irregulares para o transporte, mas para o bar está regular? É essa a nossa indignação”, completou.
Dificuldades
Ela disse que hoje a AFA atende mais de 50 crianças e muitas delas são de baixa renda, não tendo condição de levar o próprio lanche. “Nós conseguimos o lanche, o uniforme, tudo que a Escolinha precisava através de empresas parceiras. Precisávamos da prefeitura apenas na questão do ônibus. Há alguns meses levamos as crianças em uma oportunidade super legal com o time da Magnus em Sorocaba, que é o time do Falcão e foi uma experiência única para eles e não conseguimos o apoio da prefeitura. Nós vendemos pizza para conseguir arrecadar R$ 3.300,00 para pagar o ônibus”, relembrou. Yasmin contou há muita procura para outras categorias e devido à necessidade de transportar os atletas, não é possível atender a demanda.
A Escolinha
Ao jornal, o presidente e fundador da AFA, Felipe Carossi, pontuou que a AFA Futsal tem o nome registrado em homenagem ao ex-prefeito Huber Brás Cossi e aos seus familiares, inclusive a seu filho, o advogado Hugo Cossi, que é um dos apoiadores da Associação.
Ele contou que a AFA foi uma ideia sua, mas é formada por pais e familiares das crianças, sendo ele o presidente e professor voluntário da Escolinha. Hoje em dia, a Associação Futuro Atleta atende todas as crianças que tiverem interesse a partir de 7 anos, independente se elas estiverem no nível para competição ou não.
A AFA, conforme informou, tem registro em cartório, CNPJ e inscrição na prefeitura. Este ano, a Escolinha disputou diversos campeonatos, como a Liga Riopardense de Futsal na categoria sub 14 e sub 16, ainda em curso, e a Liga Sanjoanense de Futsal no 1º semestre nas categorias sub 12, 14 e 16, sendo campeã na sub 14 e vice na sub 12.
A Escolinha disputou também o Campeonato de Águas da Prata adulto, onde o time foi majoritariamente formado pelos atletas da sub 16, com o objetivo de prepará-los para um futuro campeonato adulto, como a Taça EPTV, ficando como vice do campeonato. Os atletas ainda jogam a Liga Sanjoanense de Futsal do segundo semestre, que teve início no último sábado, dia 5, nas categorias sub 12, 14 e 16.
Felipe informou que a AFA já chegou a fazer três viagens por semana em carros próprios ou alugando van com ajuda. “Atualmente estamos fazendo de quatro a seis viagens por mês. No último mês fomos para Santa Rita do Passa Quatro, Tambaú, Tapiratiba e duas vezes para São João da Boa Vista”, disse.
O presidente falou sobre o desempenho dos atletas. “Atualmente um dos atletas foi aprovado em uma peneira do Esporte Clube Guaçuano, em Mogi Guaçu, e está treinando lá durante a semana. Fizemos amistoso contra a equipe do Magnus Futsal, tradicional equipe do ex-atleta Falcão, que serviu como experiência e também tivemos alguns atletas se destacando”, contou.
“No momento estamos na fase de classificação da Liga Riopardense, mas estamos bem colocados e devemos classificar nas duas categorias. Recentemente recebi um convite de um clube do Rio Grande do Sul, AGE (Guaporé), para trabalhar no futsal profissional e na base, não sendo viabilizado devido alguns fatores financeiros, por exemplo”, completou.
O professor voluntário ainda enfatizou que a AFA vive da união dos pais e familiares. “Não cobramos nada das crianças, fizemos festa do Dia das Crianças com contribuição dos pais e familiares, os pagamentos dos campeonatos saem de doações e às vezes conseguimos fazer a lanchonete no Poli novo em dia de jogo para arrecadar algo”, finalizou.
Prefeitura
O jornal também contatou a Prefeitura Municipal para saber por qual motivo o pedido da equipe não é atendido, o que seria necessário para resolver isso e quais os critérios que times, equipes e atletas precisam apresentar para conseguir esse auxílio.
Conforme o explicado pela prefeitura, a Escolinha trata-se de entidade privada sem qualquer vínculo com a Administração Pública ou com seus projetos de interesse social. “Pedidos idênticos a esse de equipes privadas, de diversas modalidades esportivas ocorrem toda semana, assim sendo, não há como realizar o transporte dos alunos pertencentes às ‘escolinhas’ privadas, pois isso desvirtuaria a própria finalidade do bem público. Os responsáveis pela equipe precisam desenvolver um projeto social para poderem pleitear o benefício do transporte.