O preconceito com a idade

Pirâmide que mostra a faixa etária da população de Vargem, mostra que a cidade está envelhecendo. Fonte: Fundação Seade

Durante essa semana, muita gente tomou conhecimento sobre etarismo, a discriminação de pessoas por conta da sua idade, e também velhofobia, a discriminação de pessoas mais velhas. Os termos foram bastante debatidos por conta do caso de três jovens universitárias de uma faculdade de Bauru, que fizeram comentários maldosos sobre uma colega do curso de biomedicina que segundo elas, estaria muito velha para frequentar um curso superior. A colega supostamente idosa tem 45 anos de idade e pela primeira vez na vida tinha conseguido condições financeiras de cursar uma faculdade.
Não se pode alegar que essas jovens apenas fizeram uma brincadeira de mau gosto. Elas evidenciaram o desprezo que sentem por pessoas que já não possuem o que elas ainda têm, a juventude. Nesse sentido, ainda falta maturidade, vivência, justamente para entender que em pouco tempo, se a natureza correr como deve, elas chegarão a essa mesma idade.
Essas jovens precisam sim ser confrontadas com o peso de sua atitude. Destilar preconceito gera consequências. Essas palavras ferem pessoas, acionam gatilhos emocionais, causam danos profundos nas vítimas e evidenciam a pobreza de espírito e o caráter maldoso de quem as profere.
Palavras como as proferidas pelas jovens de Bauru podem aprofundar sentimentos de invalidez, piorar ansiedade e casos depressivos. Além disso, os idosos são vítimas constantes de violência. Em 2022, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania revelou que no primeiro semestre foram registradas mais de 35 mil denúncias de violações de direitos humanos contra pessoas idosas.
Dados muito preocupantes visto que o Brasil é um país que está envelhecendo rapidamente. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a proporção de idosos, que em 2010 era de 7,3%, pode chegar a 40,3% em 2100. Enquanto o percentual de jovens com menos de 15 anos pode cair de 24,7% para 9%.
Em Vargem Grande do Sul já é possível ver que a pirâmide etária da população já não está mais tão em formato de pirâmide assim. Ou seja, a maior parte da população não está na base, entre os mais jovens, mas entre os adultos. No caso, de Vargem, de acordo com a Fundação Seade, 42,2% da população em 2022, está na faixa dos 30 a 59 anos. Dessa forma, a parcela de idosos só tende a aumentar com o tempo.
E no final das contas, esse público não possui o tradicional estilo de “aposentado”, termo pejorativamente usado pelas jovens bauruenses. A pesquisa Tsunami 60+5 evidenciou que 62% dos brasileiros com mais de 55 anos disseram estar com boa saúde física e mental, ter rotina intensa fora de casa, circulam pela cidade, saem para trabalhar, se divertir, namorar, cuidar da saúde, resolver seus problemas etc.
É preciso que a sociedade, que valoriza tanto o jovem, compreenda que a vida tem muito a oferecer ainda depois dos 40 anos. Que as pessoas podem ser mais interessantes e produtivas quando mais experientes. E que toda a comunidade ganha quando essa experiência é bem empregada. “A juventude é uma coisa maravilhosa. Que pena desperdiçá-la com jovens”, disse o dramaturgo e jornalista irlandês George Bernard Shaw.

1 COMENTÁRIO

  1. GVG335 – Jornal “Gazeta de Vargem Grande”, edição de 07/04/2007
    EXEMPLO A SER SEGUIDO

    Atualmente os noticiários geralmente trazem duas notícias ruins, o aquecimento global e a deficiência na educação em nosso país.
    A notícia é importante para nos conscientizarmos dos riscos que corremos no presente e no futuro, especialmente para não assistirmos a tudo de braços cruzados.
    Em nossa terra começamos a vislumbrar algumas ações positivas, como as adotadas pelo Colégio Alexandre Fleming, que está trabalhando com diversas oficinas, inclusive a de reciclagem, mas nos choca o fato de até hoje não termos notícia de uma política implantada, ao menos uma indicação, para a coleta seletiva do lixo, medida que nos parece simples e barata.
    Agora, gostaríamos de recordar de uma vargengrandense que foi um exemplo nestes dois campos: ecologia e educação, a saudosa Senhora Maria Bignardi.
    No tocante ao estudo, a Professora Beatriz Pereira Poggio Cortez nos relatou que a Senhora Maria Bignardi foi sua aluna em 1972, no “Curso Madureza”, ministrado no SESC, localizado na Rua Dr. Vila Nova, na Capital Paulista.
    Concluiu o curso ginasial (hoje integrado ao primeiro grau), fez o curso colegial (segundo grau) também pelo “sistema madureza” e, com sua vontade férrea, cursou Faculdade de Biblioteconomia em Mococa.
    Verdadeiro exemplo de dedicação!
    Mas não parou por aí, foi uma batalhadora em favor da ecologia.
    Com seu trabalho voluntário, fundou o CONDEMA – Conselho de Defesa do Meio Ambiente, importante órgão de proteção da natureza, que foi “equivocadamente” desativado durante anos.
    Para finalizar, esperamos que o seu exemplo de vida seja seguido por muitos vargengrandenses, para que se empenhem nos estudos e na defesa do meio ambiente.

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