Após 34 anos sem casos no Brasil, poliomielite volta a preocupar

Em outubro de 2022, Vargem participou da Campanha de Multivacinação contra a Poliomielite. Foto: Prefeitura Municipal

Desde 2016, última vez em que o país superou a marca de 90% de cobertura vacinal do público-alvo, os índices de vacinação contra a poliomielite, causadora da paralisia infantil, têm apresentado baixas e um caso registrado no Peru, há 500 quilômetros da fronteira com o Amazonas e o Acre alerta para uma possível volta da doença no país, após 34 anos sem casos.


Com o caso confirmado, sendo uma criança de um ano e quatro meses que não havia sido imunizada no Peru, o Rotary Club Internacional, que desde 1985 abraçou a luta contra a doença a fim de erradicar a poliomielite, também alerta a população brasileira sobre a baixa cobertura vacinal contra a doença.


Segundo o Ministério da Saúde, no ano passado, a cobertura vacinal para a doença no Brasil ficou em 77,16%, muito abaixo da taxa de 95% recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para impedir a circulação do vírus. A meta do Programa Nacional de Imunizações (PNI) é vacinar entre 90% e 95% das crianças menores de 5 anos de idade.


Apesar do último caso de pólio ter sido registrado no país em 1989, outros países ainda não erradicaram a doença, o que pode fazer o vírus voltar a circular por aqui.
Na última semana, o Ministério da Saúde passou a discutir a substituição da vacina oral contra a poliomielite por uma versão mais aprimorada do imunizante, que será injetável. Atualmente, duas doses de reforço contra a doença são oferecidas em gotas para crianças menores de um ano.


A vacina oral está no calendário de vacinação do Brasil desde a década de 1960. Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas conforme esquema de vacinação de rotina e na campanha nacional anual.


Segundo o Ministério da Saúde, desde 2016, o esquema vacinal contra a poliomielite passou a ser de três doses da vacina injetável – VIP (2,4 e 6 meses) e mais duas doses de reforço com a vacina oral bivalente – VOP (gotinha).


Um estudo do Comitê Regional de Certificação de Erradicação da Polio 2022, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), aponta o Brasil como segundo país das Américas com maior risco de volta da poliomielite, atrás apenas do Haiti. O caso recente da doença confirmado em Loreto, no Peru, que há 32 anos estava livre da doença, aumentou a vigilância nas fronteiras brasileiras.

A doença
A poliomielite é uma doença contagiosa aguda, causada por um vírus que vive no intestino e pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas infectadas. Não existe tratamento específico para a doença, sendo que a única forma de prevenção é a vacinação.


Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), a grande maioria das infecções não produz sintomas, mas de cinco a dez em cada 100 pessoas infectadas com esse vírus podem apresentar sintomas semelhantes aos da gripe. Em um a 200 casos, o vírus destrói partes do sistema nervoso, causando paralisia permanente nas pernas ou braços. Não há cura. Os principais efeitos da doença são ausência ou diminuição de força muscular no membro afetado e dores nas articulações.


Embora muito raro, o vírus pode atacar as partes do cérebro que ajudam a respirar, o que pode levar à morte. A Opas alerta que há 30 anos, a pólio paralisou cerca de mil crianças por dia em 125 países em todo o mundo, incluindo países das Américas.

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