Um dos trechos do hino de nossa padroeira, a Senhora Sant’Ana, entoado tantas vezes durante este mês em nossas celebrações e em sua saudosa romaria expressa o desejo, profundo e sincero, dos fiéis devotos da padroeira de Vargem Grande do Sul de que sejamos sempre agradecidos por tantos benefícios que temos recebido de Deus por seu intermédio.
Constantemente, tanto na história de nosso município quanto de nossa paróquia, a proteção e o auxílio de Sant’Ana foram notados e pedidos, pois, antes mesmo de suas criações a devoção pela avó de Jesus Cristo já havia sido plantada nestas terras pelas mãos dos primeiros tropeiros que passaram por aqui. Vargem nasceu sob a sombra da digníssima Ana, esposa de Joaquim.
Mas antes de olharmos para nossas raízes vargengrandenses, precisamos olhar para a própria vida de Sant’Ana e o que ela nos tem a ensinar para que sejamos cada vez mais um povo justo, decidido pelo bem e, no mais puro sentido da palavra, santo, pois, pertence a Deus.
Ana e Joaquim, eram um casal temente a Deus e generoso dentro de sua comunidade, porém, impossibilitados de gerar. Na cultura judaica, a esterilidade, como sabemos, era sinal de maldição. Eis uma dificuldade clara, mas ao mesmo tempo, uma oportunidade de tornar aquilo que tinham, a fé e a generosidade, uma força capaz de ir contra todo mal que os alcançava. E foi exatamente isto que os moveu, pois, provados na esperança, acolheram o dom de Deus de poderem gerar aquela que chamamos ‘aurora da salvação’, a Virgem Maria, do qual Jesus Cristo, Nosso Senhor, se encarnou e salvou o mundo. Ambos, Joaquim e Ana, são conhecidos por seus frutos: Maria e, consequentemente, Jesus.
Que exemplo são, portanto, para nós e que bom poder os ter por padroeiros, pois, se eles foram provados na dificuldade e venceram por sua fé e sua generosidade, também para nós hoje, como cidadãos deste município e paroquianos desta parcela do povo de Deus, podemos igualmente vencer as dificuldades que nos circundam pela mesma fé e generosidade, a exemplo e conforme o testemunho que nos deixaram os avós de Jesus.
Numa sociedade por vezes desigual, inconsciente, desumana, egoísta, onde o bem comum é desvalorizado e o bem pessoal assume a instância total, que eles nos ajudem a vencer estes males plantando o bem. Quando em nossa realidade local nos esquecermos do amor, da esperança, da fé, da justiça, da temperança, da prudência e da fortaleza, olhemos para a vida de Sant’Ana. Quando estivermos desesperados frente o mal e desanimados de fazer o bem, olhemos para Sant’Ana. Ela nunca volta para si o que nela depositamos, tudo ela confia a seu Neto e Senhor e por isso tudo nos é concedido.
E por tudo isso, somos felizes de nestes dias elevarmos louvores a Deus por meio dela, pois, sabemos que nunca param nela, sempre são direcionados para o Salvador e dele, mas por meio dela, recebemos graças e bençãos infinitas, da criação destas terras até hoje e para sempre, pois, ela olha por nós e deseja que nossa Vargem Grande do Sul, tão querida, seja sempre mais prospera, feliz, abundante e tenha constante sucesso em seus projetos, uma vez que está bem alicerçada na fé e na generosidade de um povo que acredita no bem que tem por origem e imagem a Deus.
Que a Senhora Sant’Ana interceda uma vez mais por nós.
Seminarista Lucas dos Santos Janucci